O Leigo na Igreja

A palavra "leigo" precisa ser bem entendida para não gerar confusão. Entre nós, ela possui diversos sentidos, inclusive o ...


A palavra "leigo" precisa ser bem entendida para não gerar confusão. Entre nós, ela possui diversos sentidos, inclusive o sentido de desconhecimento. Isso fica claro quando alguém afirma: "Sou leigo nesse assunto". Ao dizer isso, a pessoa está afirmando que nada entende daquilo está sendo dito. Não é nesse sentido que quero falar do leigo. Leigo é todo aquele ou aquela que recebeu o batismo, mas não pertence à hierarquia da Igreja.

Após o Concílio Vaticano II, em 1963, os leigos ganharam um novo  reconhecimento na Igreja. Em outros documentos a Igreja afirmou que os leigos devem ser protagonistas da evangelização e fermentar, com a presença cristã, as diversas realidades do mundo. 

Vale lembrar que nosso primeiro compromisso com Cristo começa no batismo. Todo aquele que recebe o batismo deve se esforçar para adotar para si as mesmas medidas de Cristo. Talvez, por causa do hábito secular de apenas dizer amém, muitos leigos, ainda não descobriram o seu lugar na Igreja. Outros, estão em  processo de descoberta e ainda dão muitas mancadas. Mas, existem aqueles que têm consciência de sua vocação e a assumem diante da Igreja. Particularmente, penso, que os leigos, e isso vale também para os padres, devem se esforçar em três aspectos. Sem eles, não conseguimos uma ação evangelizadora que atenda às necessidades da Igreja. O leigo deve ter espiritualidade, formação e organização.


O leigo sem espiritualidade corre o risco de querer transformar a ação evangelizadora em militância política. Refletir sobre a política e atuar nela é tarefa própria do leigo. Mas, o cristão sabe que o "Reino de Deus não é desse mundo". Embora muito difícil, é possível atuar de forma cristã no mundo da política sem necessariamente querer transformar toda a Igreja num grande partido político. A organização das massas e a mobilização coletiva pode ser apenas uma estratégia para eleger um ou outro "salvador da pátria". 

A espiritualidade, por outro lado, corre o risco de ser alienante e desencarnada de todas as realidades temporais. Essa é uma tentação continuada. Nossa dificuldade talvez, seja de encontrar um equilíbrio entre a contemplação e a "militância" própria de todos os cristãos.

Outro aspecto necessário para a boa atuação do leigo é a formação. Nesse sentido, todos precisamos de "dar razões para a nossa esperança".  Contando apenas com boa vontade não se vai muito longe. O leigo não pode ser "Maria vai com as outras". Ele precisa saber o porquê de suas ações e de sua crença. A catequese infantil, embora necessária, não basta para responder aos grandes questionamentos atuais. Perguntas de adultos se respondem com respostas de adultos.  De nada adianta uma pessoa ter três cursos superiores e ter parado na catequese infantil. Esse tipo de leigo ajuda pouco a Igreja.

Certamente, você já ouviu dizer que "uma andorinha não faz verão". Mas, tem muitos leigos que querem fazer tudo sozinhos e isolados. Os Conselhos de Pastorais, os Conselhos de Leigos são muito importantes para se efetuar uma ação planejada na Igreja. Não adianta muito o leigo ter espiritualidade  e formação mas não ser capaz de trabalhar em equipe ou querer fazer tudo sozinho. A força da evangelização está na capacidade de planejamento e execução de um projeto. Com improvisos não se vai a lugar nenhum e o Espírito Santo não costuma dispensar o nosso esforço.


Os caminhos acima parecem difíceis, mas na verdade, são interdependentes.  Um acaba levando ao outro. Quem quer alimentar uma espiritualidade acaba se aprofundando na fé. Esse aprofundamento leva a pessoa ao engajamento pastoral. Mas, a ausência de um desses aspectos leva a pessoa a uma ação estropiada e míope. Os três aspectos se entrecruzam e se completam. Em qual deles você precisa crescer mais? Pense nisso!

Imagem de Pete Linforth por Pixabay 

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