Vem Espírito Santo!

 

Para quem não tem fé, a Igreja não passa de uma organização humana, uma espécie de ONG (Organização não governamental), ou um simples grupo que defende certos interesses, nem sempre conhecidos. Mas, para quem tem fé o conceito de Igreja é bem diferente. Ela nasceu da vontade de Cristo, o Filho de Deus que, vindo ao mundo, numa missão divina, desejou que tal missão sobrevivesse à sua morte.

Habitando entre nós, Jesus nos revelou a vontade de Deus e nos ensinou a cumprir essa vontade. Ensinou-nos que Deus é amor, um amor tão puro e grande que jamais experimentamos.  Para provar-nos esse amor entregou sua vida na cruz. Quem dá a própria vida não tem mais nada para oferecer pois, já ofereceu tudo o que tinha! Voltando ao Pai, Jesus quis deixar, na terra, o grupo que ele constituiu para continuar a sua missão. Por isso, deixou a igreja formada pelos apóstolos e coordenada por Pedro. Mas, esse grupo não iria conseguir fazer a vontade de Deus sem a ajuda de Deus mesmo. Por isso, nos enviou e envia sempre o seu Espírito Santo. Vejamos como isso aconteceu no Evangelho de São João (Jo 19, -23) e também nos Atos dos Apóstolos (At 2, 1-11). No relato de João percebemos que, após a morte de Jesus, o grupo estava amedrontado pois, estava reunido à portas fechadas. Quem tranca portas e janelas, certamente, tem medo do que lhe possa acontecer. O medo dos apóstolos era justificado, afinal, eles haviam presenciado a brutalidade do calvário. Se mataram o chefe poderiam matá-los também. Deus, entretanto, não abandona a Igreja. Por isso, enviou-lhes o Espírito Santo:

“De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Então, apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (At 2, 2-5).

Após essa forte experiência de Deus os apóstolos trocaram o medo pela coragem e a tristeza pela alegria.  Puseram-se a falar uma linguagem compreensiva a todos pois todos entendiam e ainda entendem a linguagem do amor. Foi assim que o Espírito os recriou para a missão.

Gostaria de comentar ainda um ponto que aparece no Evangelho de João. Jesus ressuscitado, aparece aos seus, confia-lhes o Espírito Santo e dá lhes uma nobre missão: Perdoar os pecados! Essa foi uma bênção, uma riqueza que a Igreja recebeu do próprio Cristo. É uma pena, que alguns não ligam muito para esse sacramento que Cristo deu à sua Igreja. Por meio do perdão podemos renascer para a comunhão e a vida na graça. O Sacramento da Confissão é chamado Sacramento da cura, pois a falta de perdão também pode adoecer uma pessoa. Quem perdoa é sempre Deus mas ele quis fazer isso, por meio da igreja:

“Como o Pai me enviou também eu vos envio. E depois de ter dito isto soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20, 21 -23).

O poder de perdoar os pecados, em nome de Jesus constitui uma das maiores riquezas da Igreja. Num mundo marcado por ódios e vinganças a Igreja é chamada para viver o amor e distribuir o perdão. Nessa rica empreitada, o Espírito Santo é o grande pedagogo da Igreja. Ele nos ensina e orienta; anima e ilumina. Por isso, ainda hoje, somos convidados a nos alegrarmos como os apóstolos após Pentecostes. Eles trocaram o medo pela coragem e a tristeza pela alegria. Oxalá possamos fazer o mesmo!

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay