Música de Maysa

Imagem de  tookapic  por  Pixabay   É provável que muita gente não consiga ouvir sequer uma música da Cantora Maysa. O “estilo fossa...

Imagem de tookapic por Pixabay 
É provável que muita gente não consiga ouvir sequer uma música da Cantora Maysa. O “estilo fossa” carregado de tristeza é intragável para muitos. É claro, que esse estilo pode cansar nossos ouvidos. Mas, não podemos negar a condição humana. Essas duas palavrinhas “condição humana” exigem um manual de filosofia, teologia psicologia e outras “gias” para serem explicadas.

Vivemos num tempo de “música comercial”. Elas ocupam boa parte dos programas de televisão e entulham os aparelhinhos da juventude. Sem querer assumir a defesa da música de fossa ou da bossa, pretendo dizer apenas, que elas estão aí e vão continuar. Falam do amor e da dor; da poesia e agonia que marcam as vidas de todos nós. A tristeza, melancolia e outros ingredientes compõem a mistura que forma o ser humano. 

O  fado português cantou, antes mesmo de Maysa, a dor da condição humana. Na música “Tudo isso é fado” temos uma definição poética do que ele seja. Como se pode perceber, a dor, e a tristeza estão lá. Há um quê de melancolia e saudade nesse estilo musical. Mas, como é bonito...

Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia
Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lime
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Ainda que não admitamos, somos humanos e como tais, padecemos com a certeza da mortalidade. A morte é um golpe na nossa pretensão de eternidade. Além da ideia da morte temos que conviver com a ideia da velhice e da enfermidade e outros fantasmas que nos assombram. Os encontros e desencontros da vida amorosa também servem de inspiração para muitos cantores. Dizem que quem canta seus males espantam. Mas, em certos casos, isso não parece ser verdade. Alguns (Maysa... Amália Rodrigues...) cantaram até morrer e nunca conseguiram exorcizar a tristeza. Na música “Bom dia Tristeza”, de Vinícius de Morais e Adoniran Barbosa, a dor humana foi bem retratada por Maysa:

Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Na poesia “Calabar”, de Jorge de Lima, mais uma vez aparece o tema da tristeza como algo que faz parte da condição humana. O texto fala que é impossível ser humano sem ser triste:

...E  essa tristeza Calabar,
e essa alegria danada, que se sente
subindo, balançando a alma da gente.
Calabar, tu não sentiste
essa alegria gostosa de ser triste!?”

A tristeza de que falo aqui não é aquela que nos ataca com a depressão. E algo com a qual convivemos quase a vida toda. Temos que tomar cuidado com ela se não nos engole. Em Minas Gerais eu percebo um pouco essa tristeza. Ela está presente nos anjinhos barrocos, em parte das músicas, ou da cultura. Às vezes, chego a dizer que mineiro, além de ter um pé de couve no quintal tem que ter alguns minutos de tristeza por dia. Mas, tudo isso é brincadeira. A tristeza é uma companhia perigosa e temos que medir o espaço que ela ocupa em nossas vidas. Melhor seria mesmo mandar a tristeza embora conforme a música de Caetano Veloso, “Desde que o samba é samba”:

A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora...

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