Mensagem de Natal

Chegaram os rituais de final do ano e Serginho, que trabalha comigo nas rádios, me sugeriu que escrevesse, ou melhor, que gravasse ...


Chegaram os rituais de final do ano e Serginho, que trabalha comigo nas rádios, me sugeriu que escrevesse, ou melhor, que gravasse uma mensagem de Natal para os ouvintes. Mas, como escrever, sobre um tema tão batido sem se tornar repetitivo? Isso é uma tarefa quase impossível. Na tentativa de atender à sugestão de Serginho valer-me-ei, da memória de textos que já li sobre o assunto. Um deles é de Santo Afonso Maria de Ligório, um santo apaixonado pela infância de Jesus e por outros temas da fé católica. Ele escreveu algo mais ou menos assim:

Deus criou o homem, com todo carinho, e preparou para ele um verdadeiro paraíso na terra. Sendo um pai amoroso, Deus também “baba” pelos seus filhos. Por isso, quer tudo de bom para eles, ou seja, para nós. Acontece que, o homem preferiu ouvir a serpente e dar às costas para o pai. Que tristeza! Deus “entrou em depressão” por ver tamanha ingratidão. Qual mãe não se entristeceria ao ver que os filhos trocaram o banquete preparado por ela, por  sanduíches de quinta, em qualquer beco da cidade? Deus ficou triste e, ainda fica, quando viramos às costas para Ele...

Esse pecado do primeiro homem gerou um problema no céu, um conflito entre a justiça e a misericórdia divinas. A Justiça exigia que Adão pagasse pelo erro. A misericórdia estava aflita querendo perdoar aquele filho ingrato. Alguém teve uma ideia: Seria bom que um ser humano, inocente, pagasse com a própria vida, pelo pecado de Adão. Assim, a justiça seria feita e a misericórdia não deixaria de acontecer. Mas, quem faria isso? Quem, na terra estaria disposto a tão grande sacrifício? Morrer pelos homens valeria a pena?

Deus procurou, na terra, com lanterna nas mãos, para ver se encontraria alguém disposto a morrer pelos homens. Não encontrou ninguém. Voltou para o céu chateado imaginando que pudesse contar com a ajuda de algum anjo que fosse mais corajoso. Reuniu toda a legião e, depois de expor o seu plano, teve uma triste surpresa: - Nenhum anjo se dispôs descer à terra para essa finalidade. Disseram que morrer pelos homens não valeria a pena. Quando o Pai Eterno já estava quase desanimando o seu Divino Filho ofereceu-se para essa empreitada. Ele desceria à terra e, com a ajuda de uma pessoa humana, receberia um corpo também humano. Depois disso, daria sua vida pelo resgate da humanidade. O Pai ficou meio assustado com a coragem do Filho e fez-lhe algumas ponderações. Alertou-o, sobre as condições de vida que teria na terra: - Nascer de uma família pobre, ser rejeitado até mesmo pelos seus e ser condenado à morte. Mas, o Filho permaneceu irredutível. Ele via a tristeza nos olhos do Pai. Seu pai não podia viver sem a companhia dos homens que afinal, se pareciam com ele!  Decisão tomada, agora era só escolher uma pessoa que aceitasse abrir mão de seus planos pessoais para que o plano de Deus acontecesse. Essa pessoa chamava-se Maria e morava em Nazaré, um lugar que nem constava no mapa do Google! Através do Anjo Gabriel, Deus comunicou o seu plano à Virgem de Nazaré e ela aceitou, de pronto, sem questionar. E foi então, que o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós... O resto da história você já conhece.

Esse acontecimento chamado Natal, começou no céu. A decisão foi de Deus. Ele se estreitou, se apequenou, esvaziou-se de si mesmo para vir morar com suas criaturas que somos nós. Ninguém conheceu algo tão surpreendente, antes disso: - Deus, em pessoa, veio visitar o seu povo. Veio para nos resgatar e recuperar em nós, a imagem dele mesmo, que havíamos perdido pelo pecado. Dizer que Deus é grande é ofensa. Ele é a própria grandeza. Dizer que é belo é pouco. É a própria beleza. Dizer que é amoroso, o reduz. Ele é o próprio amor... Essa beleza, grandeza e amor veio habitar entre nós. Como entender isso? Como entender um Deus tão grande que desejou tornar-se criança? Uma criança não tem independência nenhuma. Em tudo, depende dos adultos. Deus se fez criança e quis depender-se de nós... Mas, é isso mesmo? Será possível? O contrário é que deveria acontecer, pois sempre dependemos de Deus! Vindo morar conosco Ele se tornou, em tudo, semelhante a nós, menos no pecado. Fez isso para nos ter sempre perto dele e para que vivêssemos como irmãos.

Celebrar o Natal é esvaziar-se de si mesmo e encher-se de Deus. É deixar Deus acontecer dentro da gente. Sendo assim, sua luz brilhará através de nossos olhos, e sua voz se ouvirá através de nossa boca. Todo o esforço de Deus ao se fazer humano foi para estar perto de nós. Então, não viremos às costas para Ele. Que nesse natal possamos lembrar mais de Deus e do grande amor que Ele nos tem!


Obs: Texto inspirado no livro: Encarnação, Nascimento e Infância de Jesus Cristo, de Santo Afonso Maria de Ligório.

Imagem de Dimitris Vetsikas por Pixabay 


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