Mitologia hindu: Saraswati

Saraswati é uma das divindades mais lindas do panteão hindu. Esposa de Brahma, deusa da música, do conhecimento e da invenção do alfa...



Saraswati é uma das divindades mais lindas do panteão hindu. Esposa de Brahma, deusa da música, do conhecimento e da invenção do alfabeto sânscrito. Podemos fazer um paralelismo entre ela e Atena, a deusa da sabedoria da mitologia grega. Assim, como Atena, que nasceu da cabeça de Zeus, Saraswati nasceu da cabeça de Brahma. É representada com uma vina (alaúde) encabeçada por uma cabeça de dragão. Mas, de onde veio tal representação? A história mítica nos diz o seguinte:

Certa ocasião, quando Parváti, esposa de Shiva dormia, profundamente, na encosta de uma montanha, seu marido aproveitou para usá-la como modelo para uma escultura de madeira. Depois de pronta a escultura foi deixada no monte Káilas. Narada, filho de Brahma, ao ver a escultura ficou tão admirado com sua beleza que quis apoderar-se dela. Ela havia ficado tanto tempo ali, que em torno dela, brotaram muitos cipós deixando-a, em meio a um grande emaranhado. Ao enfiar a mão entre os cipós, percebeu que eles emitiam um som divino. Tentou tocá-la, novamente, com o indicador e dela surgiu uma melodia ainda mais linda que da primeira vez. Não se conteve e abraçou a escultura. Enquanto acariciava os cipós foi despertando deles uma música verdadeiramente celestial.

Saraswati encantada com a sonoridade daquele novo instrumento musical chamou-o, pelo nome de “vina” (alaúde). Por causa de sua história, o alaúde é delicado e sedutor. Ele carrega em suas curvas o encantos da mulher. Sem tomar o instrumento de Narada Saraswati pode tocá-lo de forma tão encantadora que deixava extasiadas todas as criaturas.

Naquela mesma época, havia na terra, um dragão que cuspia fogo e incomodava todo mundo. Ninguém sabia como dominá-lo. Em vão, os homens tentaram dominá-lo ou fazer amizade com ele. Então, tiveram que recorrer a Brahma para resolver a questão. Brahma consultou sua esposa Saraswati. Como mãe de todas as criaturas, devia saber um método para controlar os seus filhos. Saraswati sabia que nem sempre o uso da força é que resolve as coisas. Por isso, lançou mão do novo instrumento e começou a tocá-lo de forma tão magnífica que o dragão prostrou-se, diante dela, calmamente, como um gatinho. Posou sua grande cabeça sobre os pés de Saraswati e permaneceu ali, tranquilo, sem fazer mal a ninguém, enfeitiçado com os encantos de sua música.

Quando chegou a hora de Saraswati despedir-se, o dragão queria acompanhá-la, de todo jeito. Disse que não saberia mais viver sem ouvir sua música. Mas, Saraswati alegou que seu tamanho era grande demais para que ela pudesse levá-lo consigo. Nesse momento, o dragão encolheu de tamanho. Conservou apenas sua cabeça com dois grandes pares de olhos e largas orelhas. Saraswati então prendeu a cabeça do dragão em sua vina. A partir dai, ele não separa mais do seu instrumento. Por isso, a vina de Saraswati tem, na extremidade, a cabeça de um dragão.

Saraswati é uma deusa, extremamente, bonita e delicada. É representada com seu instrumento (alaúde) assentada sobre um lírio. Aparece também montada num pavão ou cisne, que são seus veículos de transporte. Nos Vedas (livros sagrados) é associada ao Rio Saraswati, mas, posteriormente, foi considerada a deusa do conhecimento. É patrona dos artistas, músicos, poetas e escritores. Que ela esteja mais presente em nosso mundo, atualmente, mais devoto de Ares (deus da guerra) do que da música e da beleza!

Obs: Livros que embasaram esse texto:

QUENTRIC-SÉGUY, Martine. Às margens do Ganges – Contos dos sábios da Índia. São Paulo, Idéias & Letras, 2004.

MATHUR, Suresh Narain. Deuses e deusas hindus: Sua hierarquia e outros assuntos sagrados. São Paulo, Madras, 2008

Link da imagem: Saraswati

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  1. Muito interessante. A música realmente encanta a todos.

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  2. Depois da segunda leitura entende o texto.e confesso que fiquei apainada pela mitologia indiana. Que beleza desse mito!

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  3. Essa narrativa me remete a história de Santa Cecília, padroeira dos músicos.

    Ela encantava as pessoas e os levava a conversão, ao falar com tanta fé e doçura sobre Deus.
    Conta -se que em seu martírio, ao morrer, Cecília cantou a Deus por todas as suas maravilhas com voz doce e envolvente.

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