Programa de férias

Em cada mês de janeiro faço o propósito de me aproximar mais dos estudos. O tempo acaba favorecendo isso, pois muitos viajam, as aulas cessam e até o telefone para de chamar um pouco. Nesse ambiente, de certa calmaria, eu também arrumo as malas em direção ao conhecimento. Viajo através dos livros!

À medida que o ano vai se agonizando eu procuro selecionar o que vou ler em Janeiro. Quase sempre, separo três livros com assuntos diferentes. E assim, feito criança que ganhou pirulitos, vou engolindo um a um, os livros selecionados.  Separo um texto mais pesado, outro mais leve e um terceiro de pura vagabundagem.  Também sou filho de Deus e tenho o direito de divagar por assuntos fora do meu universo imediato. Minha última divagação de janeiro passado foi ler o Ramayana, um clássico da literatura indiana. Foi uma deliciosa forma de gastar o tempo!

Para esse mês de janeiro reservei três temas: Sobre Deus, sobre Frederico Ozanam e sobre mitologia hindu. Cada um desses temas exige um tempo maior para ser estudado. O que faço agora é apenas um aperitivo.

Estudar Frederico Ozanam é entender um jeito de ser santo em tempos difíceis. A hostilidade aos princípios cristãos, o anticlericalismo e as perseguições à igreja foram marcas de sua época (1813 – 1853). Herdeira da grande revolução de 1789 e de um liberalismo ateu, a França vivia um tempo de incertezas, sofrimentos, doenças e conflitos. No olho do furacão, ou seja, na Cidade de Paris, Ozanam foi morar em 1831. De sólida formação católica, teve que enfrentar o mundo, para testemunhar sua fé.  Contra o orgulho racional de seu tempo ele encontrou na vivência da caridade organizada, um caminho para a santidade. Sua caridade, no entanto, não se restringia ao âmbito individual. Era uma caridade organizada, uma caridade em ação. Com o apoio de seis companheiros fundou a Sociedade São Vicente de Paulo, que, inicialmente, nem tinha esse nome. Como acontece com tudo o que vem de Deus, esse trabalho que começou tímido, cresceu rapidamente e ganhou o mundo.

Frederico Ozanam foi um grande intelectual e falava diversas línguas. Fez doutorado em direito em 1836 e em letras em 1839, quando defendeu duas teses; uma em latim (sobre os poetas da antiguidade) e outra em Francês (sobre a Divina Comédia e a filosofia de Dante). O doutorado em direito ele cursou mais para agradar ao seu pai. Sua verdadeira paixão estava na área de letras e literatura. Suas aulas eram disputadas e, normalmente, enchiam os auditórios. Soube enfrentar, no campo teórico, os inimigos da fé. Organizou diversas conferências de história e escreveu centenas de cartas a exemplo de São Vicente de Paulo, o grande inspirador de sua obra. Seu trabalho como professor universitário arrancava admiração de todos.

Era um homem de profundos conhecimentos e de extrema simplicidade. Ele costumava visitar, pessoalmente, os pobres e socorrê-los em suas necessidades. Cuidou da família com dedicação e, apesar de sua falta de tempo, jamais abandonou os pais, a esposa e a filha. Sua morte em decorrência de grave infecção renal e outros agravantes aconteceu, de forma prematura, em 1846.

Frederico Ozanam é um exemplo de santidade para todo aquele que, sem deixar suas tarefas temporais, procura servir a Deus e colaborar com o crescimento do seu reino, apesar das dificuldades de todos os tempos...

Link da Imagem:  Frederico Ozanam