Ser vicentino hoje

Ultimamente, a palavra “caridade” parece estar fora de moda. Estamos cada vez mais embrutecidos e violentos. Isso se deve, naturalmen...



Ultimamente, a palavra “caridade” parece estar fora de moda. Estamos cada vez mais embrutecidos e violentos. Isso se deve, naturalmente, a uma porção de coisas. Não quero culpar os grandes meios de comunicação pelo acirramento da violência. Mas, com certeza, eles contribuem muito nesse sentido. Alguns programas policialescos ocupam horas e horas de grande parte da população brasileira mostrando cenas da vida real. Há uma “glamorização” do crime, com direito a helicópteros, cobertura ao vivo, e comentários, os mais variados possíveis. Sem uma leitura mais aprofundada da realidade, esses programas reduzem a vida em dois lados: De um lado o bandido, do outro a polícia ou as forças da ordem.

O “elemento” de alta periculosidade furtou um saquinho de feijão no supermercado e “evadiu-se” da área..., assim brada, nervosamente, o repórter. Após uma exaustiva cobertura com helicópteros, troca de tiros, o saldo fatídico: 05 “bandidos” mortos no morro do Cala a Boca...
Após ver a notícia, apresentada de modo, mais que sensacionalista, o ouvinte, menos avisado, respira, aliviado e pensa: - Ainda bem, que estamos protegidos pelas forças de segurança do estado... Enquanto isso se esquece das latas vazias, da fila do SUS e da falta de empregos... Criamos uma sociedade do espetáculo e nos divertimos com as tragédias da vida alheia. Nas redes sociais multiplicamos as “Fake News” para dar uma ilusão de que estamos bem informados e bem antenados com a realidade...

Nesse cenário de frieza com a dor do outro, como agiria Frederico Ozanam? Tai, uma boa pergunta para começar nossa reflexão. Ao ver a realidade de miséria de seu tempo, Ozanam não ficou quieto. Juntou um grupo de amigos e começou por algum lugar o que hoje podemos chamar de “Rede de Caridade”. Estou falando de uma grande multidão de homens e mulheres que se juntam em todo o mundo, ainda hoje, para fazer o bem. Trata-se das Conferências Vicentinas. Elas existem para aliviar a dor e o sofrimento do próximo. Não se trata apenas de matar a fome dos pobres, mas aliviar o sofrimento de qualquer um. Não adianta ser rico e ter dinheiro. O sofrimento não perdoa ninguém. As pessoas sofrem por diversos motivos: Abandono familiar, sofrimentos físicos ou psíquicos, secura espiritual... Junto ao sofredor a presença vicentina é um refrigério, um ar fresco que alivia e cura a pessoa.

Os vicentinos agem contra a maré da indiferença para com o próximo, que marca tanto o nosso tempo. Encarnam por isso, o lema da Campanha da Fraternidade de 2020: “Viu, sentiu compaixão e cuidou...” Não basta ver. É preciso ver o outro com o olhar de Cristo. É preciso ter um olhar de Bom Samaritano. O que faz um bom vicentino, senão isso? O foco do trabalho das conferências é o outro, sobretudo o que mais sofre. Não existe melhor maneira de ser cristão! Não foi isso que Cristo nos ensinou? Ao se encarnar e morrer na cruz Ele esvaziou-se completamente de si, e fez isso por nós! Esquecer-se de si para pensar no outro. Esse foi o grande ensinamento de Frederico Ozanam e do inspirador de sua obra, São Vicente de Paulo. Que lá do céu eles nos abençoem e nos ajudem a seguir os seus exemplos.


Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/sem-abrigo-homem-b-w-pobreza-845752/

Related

Crônicas 4639016781590434602

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário

emo-but-icon

Siga-nos

dedede2d

Vídeos

Mais lidos

Parceiras


Facebook

item