A Humildade segundo Tereza de Calcutá

Para Santa Tereza de Calcutá a humildade é o começo da santidade. Mas, o que é a humildade?  É igual à verdade. E qual é a verdade sobre Deus e sobre nós mesmos? Para Santa Tereza é possível descobrir isso na oração. Mas, aí surge nova pergunta: - O que é a oração? A oração é um “ficar cara a cara com Deus”. Só assim, se pode descobrir que Ele é tudo e nós, nada somos. Essa é a verdade sobre nós. Não temos do que nos orgulhar se tudo o que somos recebemos de Deus. É a presença dele que sustenta todas as coisas. Então, eu não tenho do que me orgulhar, tendo em vista que nada tenho de mim mesmo. A rigor, não somos donos nem de nossas vidas...

Estamos muito longe de entender esse pensamento de Santa Tereza de Calcutá, no mundo de hoje. Na verdade, nós nos achamos autossuficientes demais. O orgulho e a vaidade, quase sempre, são as causas de nossas ruínas. Para contemplar a Deus é preciso estar vazio de si mesmo. Isso é coisa difícil, atualmente, quando se promove um verdadeiro culto ao eu. Ciente dessa verdade, de que nada somos, então, nada poderá abalar-nos. Muitas vezes, o que nos abala é nossa autoestima superlativa. Minha vida está em Deus, depende dele e a ele cabe dirigir sempre o nosso olhar. Para ilustrar um exemplo de humildade, Santa Tereza cita Maria, a Mãe de Jesus:

Nossa Senhora teve de se esvaziar antes que pudesse ser cheia de graça. Teve de se declarar serva do Senhor, antes que Deus pudesse preenchê-la. Assim também nós devemos estar vazios de qualquer soberba, de qualquer ciúme, de qualquer egoísmo, antes que Deus possa nos preencher com o seu amor...

Como conseguir esse estágio de esvaziamento de si para encher-se de Deus? Somente pela oração. Pois “a oração perfeita alarga o coração até torná-lo capaz de ‘conter’ a doação que Deus nos faz de si mesmo”. Só assim, nossa união com Cristo será como a união dos ramos com a videira. A oração é um “profundo olhar”, como concentração de todo o ser em Deus. Isso não se faz com barulho, mas, com silencio, num estado de meditação. É no silêncio interior que se realiza esse esvaziamento de si, aquele calar de todos os conteúdos psicológicos para ouvir apenas a voz de Deus. O essencial não é o que dizemos para Deus, mas, o que Deus nos diz... Para que aconteça essa sintonia profunda com Deus é preciso anular todo o tumulto dos pensamentos e as inquietações da mente. Então, será possível, perceber a presença de Deus em todas as coisas e ouvi-lo ainda que seja no “insignificante canto de um corvo”:

“Então você poderá ouvir Deus em qualquer lugar: na porta que se fecha, na pessoa que necessita de você, no canto dos pássaros, nas flores, nos animais; esse silêncio é maravilha e louvor. Por quê? Porque Deus está em todo lugar, e você pode vê-lo e ouvi-lo em qualquer lugar. O corvo louva o Senhor. Posso ouvir bem o insignificante corvo. Podemos ver e ouvir Deus nesse corvo, mas não podemos vê-lo e ouvi-lo se o nosso coração não é puro”.

O ser humano é capaz de acolher a Deus. Ele é como um Cristal e pode refletir com grande transparência a luz divina. O que nos impede a isso é o pecado. Por causa dos pecados nos assemelhamos aos cristais sujos. Essa sujidade não permite a passagem da luz. Por isso, é tão necessário que façamos, de vez em quando, uma boa confissão. Assim, nos tornaremos um com Cristo e Ele pode brilhar em nós. Tudo o que temos vem de Deus. É preciso que compreendamos essa verdade. Sem Deus nada somos e nada podemos. Mas, tudo podemos naquele que nos fortalece... Pense nisso!

Fonte Consultada: Germani, Glória. Tereza de Calcutá: Uma mística entre o Oriente e o Ocidente. São Paulo, Paulinas, 2009

Imagem de Dean Moriarty por Pixabay