Amor com amor se paga?

Quando alguém faz um mal contra nós, dificilmente esquecemos. Mas, o inverso deveria ser verdadeiro. Quando alguém nos faz um bem não deveríamos esquecer nunca. Entretanto, por causa de nossa fraqueza, nos esquecemos, facilmente, das pessoas que nos fizeram o bem, começando por nossos pais. O apóstolo Paulo, repetia sempre: - Ele me amou e se entregou por mim (Gl 2,20). Essa frase soava-lhe, como dívida de gratidão.

Olhando para a Cruz de Cristo, às vezes, nos perguntamos. Será que Deus precisava mesmo, de um método tão doloroso, para transmitir-nos a sua mensagem? Será que precisava entregar o próprio Filho à morte, em sacrifício por nós? Será que fizemos por onde merecer tudo isso? – Claro que não. Não somos dignos e nem merecedores do sofrimento de Cristo. Mas, Deus só permitiu isso, para mostrar-nos, até onde é capaz de chegar por amor. Por amor, aceitou toda forma de ultrajes e humilhações. Zombaram e cuspiram nele... Ele, no entanto, perdoou até mesmo os seus zombadores. De fato, entender isso não é fácil. Os muçulmanos, por exemplo, não conseguem aceitar que Deus tenha permitido que se fizesse isso contra seu filho. Entendem que foi outro, e não o filho de Deus, que morreu na cruz...

Nada fizemos para merecer essa grande demonstração de amor da parte de Deus. Talvez, fosse mais justo, que fôssemos condenados por nossos crimes e pecados. Mas, o Evangelho é claro: - Pois Deus, não mandou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que, por meio dele, o mundo seja salvo ( Jo 3, 17). Entender isso é fundamental para nossa ação. Essa atitude de Deus pede uma resposta de nossa parte. De posse dessa verdade nós nos perguntamos: - Como devemos levar a nossa vida? O que devemos fazer, ou deixar de fazer, para responder a esse amor de Deus?

Não devemos fazer uma porção de coisas boas pensando, que assim, iremos conquistar a salvação. Ele já nos salvou quando morreu na cruz. Então, já que estamos salvos, podemos viver de qualquer maneira? – Claro que não! Devemos imitar o amor de Cristo vivendo como Ele ensinou. Mas, nosso amor já seria resposta e não moeda de troca. Devemos amar porque Cristo nos amou primeiro. Mesmo procurando levar uma vida santa, jamais conseguiremos “pagar” esse amor de Deus por nós. Não deixa de ser equivocada a expressão usual “amor com amor se paga”. Não há moeda para pagar o amor de mãe, por exemplo. O amor não entra nas relações comerciais. O que pagamos são produtos. Amor é de graça. Já pensou se nossas mães exigissem pagamento por tudo o que fizeram por nós? Já pensou se Deus fosse cobrar de nós, pelo oxigênio que respiramos, pela luz do sol ou pelas chuvas?

Muita gente não consegue enxergar nada na cruz, além do sofrimento. Não ultrapassam a dor para ver o amor. Como não percebem o amor também não fazem opção por ele. Não valoriza a mãe, o pai, a esposa ou os filhos. Não conseguem ultrapassar uma relação de interesse. Esses fazem parte daquele grupo que pensam poder comprar tudo, inclusive o amor como se compra um sabonete no supermercado. São cegos voluntários. Não existe cura para essas pessoas. São cegos por opção. A luz está aí, mas elas se recusam a abrir os olhos. Dizem que a pior cegueira é a cegueira de quem não quer ver... Isso lembra a cegueira de Herodes. Ele esteve frente a frente com Jesus, mas não conseguiu vê-lo. Com os conterrâneos de Jesus não foi diferente. Não conseguiram ver nele, nada mais, além de ser o “filho do Zé”.  Que pena! Perderam a oportunidade de contemplar Deus “escondido” na aparência humana. Ainda hoje, corremos risco semelhante: Não perceber a presença de Deus perto de nós. Deus é surpreendente. Ele nos surpreende nas horas menos esperadas e nos lugares menos prováveis. Pense nisso!

Fonte da imagem de Stux