Enxertados em Deus – Catarina de Sena

O trecho abaixo é de Santa Catarina de Sena – Carta a frei Nicolau, dos frades de Monte Oliveto : Extinga-se em nós a nossa ignor...



O trecho abaixo é de Santa Catarina de Sena – Carta a frei Nicolau, dos frades de Monte Oliveto:

Extinga-se em nós a nossa ignorância, frieza e negligência; nós, digo, que degustamos e vimos e sentimos o fogo da caridade divina. Oh, que admirável coisa é esta! Que só em pensar gozávamos; e agora vemos Deus enxertado em nossa carne e feito uma só coisa com o homem; e não nos ressentimos. Oh, doce e verdadeiro enxerto! Porque ao homem infrutífero, que não participava da água da graça, fizeste frutífero, contanto que ele estenda as asas do santo desejo e se sobreponha na árvore da santíssima Cruz, onde encontrará este santo e doce enxerto do Verbo encarnado do Filho de Deus. E onde encontraremos os frutos das virtudes amadurecidas sobre o corpo do Cordeiro sangrado e consumado para nós... (1)

Santa Catarina de Sena nasceu em Siena- Itália em 1347. Seus pais tiveram 25 filhos e ainda adotaram mais um. Desde criança Catarina tinha profunda intimidade com Deus. Em suas visões místicas mantinha demorados diálogos com Jesus. Num desses diálogos recebeu de Cristo um anel de ouro com diamante encastoado. A visão desapareceu mas o anel permaneceu sempre em seu dedo (Foto em destaque). Chegou a receber no corpo os estigmas de Cristo.  Viveu num tempo muito difícil da história da Igreja com “dois papas”. Um residindo em Roma e outro em Avinhão, na França. Morreu muito jovem e em 1968 foi proclamada doutora da igreja pelo Papa Paulo VI. Como não sabia escrever, ditou quatrocentas cartas a um escrevente e ainda nos deixou o “Diálogo sobre a Divina Providência”, um incomparável canto de amor.

No trecho de seu escrito, mencionado acima, com outras palavras ela nos afirma: Enxertados em nós, Deus faz-nos, produzir frutos doces... Essa ideia é maravilhosa e nos ajuda a entender o mistério da encarnação. Desde que “O Verbo se fez carne”, a carne humana não é mais a mesma. Deus nos elevou a tal ponto que, por pouco, nos igualou aos anjos (Sl 8:6). Somente essa afirmação poderia nos render longos momentos de oração. Poderíamos começar com um questionamento: Como eu me vejo e como Deus me vê?

Talvez, o olhar que eu tenho sobre mim mesmo seja deformado para cima ou para baixo. Posso me ver no superlativo - mais do que sou, ou no diminutivo - menos do que, realmente, sou. Ajustar esse foco faz parte do nosso processo de crescimento como pessoa. Certamente, tenho meus valores e meus limites. Mas, qual seria o olhar de Deus sobre minha pessoa? - É o olhar do pai. Ele sabe de meus limites, e me ama, apesar deles. Diante de Deus eu me sinto filho? Filho tem, ou deveria ter uma relação de amor e de confiança com o pai. Filho não quer, deliberadamente, deixar o pai infeliz. Na condição de filho estou produzindo os frutos que o Pai espera de mim?

Deus enxertado em nossa carne torna doces nossos frutos... Isso é uma grande verdade. Olhando para a vida de alguns santos - Irmã Dulce, Tereza de Calcutá- podemos saborear os frutos doces que nos legaram. Dificilmente, alguém não fica admirado com a vida e o testemunho de amor que elas deram em vida. De nós mesmos não podemos esperar muita coisa. Mas, como dizia São Paulo, eu tudo posso naquele que me fortalece (Fl 4:13). A pessoa que estiver “enxertada” em Deus, necessariamente, irá produzir frutos doces. Encontrar pessoas cheias de Deus, certamente, é a maior necessidade de nosso tempo. Pessoas amargas e amarguradas já têm de sobra. Para constatar isso, basta um clique na internet...


1-      Sgarbossa, Mario. Os santos e os beaos da Igreja do Ocidente e do Oriente. São Paulo, Paulinas, 2003.


Fonte da Imagem: Cristoforo agosta, sposalizio mistico di santa caterina da siena, 1597

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