Pilares da fé islâmica
“O islamismo nos ensina a trilhar o caminho da retidão”. Essa afirmação, provavelmente, seria de um muçulmano ao resumir a sua fé. ...
https://ggpadre.blogspot.com/2020/04/pilares-da-fe-islamica.html
“O islamismo nos ensina a trilhar
o caminho da retidão”. Essa afirmação, provavelmente, seria de um muçulmano ao
resumir a sua fé. O ensino da senda
(caminho) reta já aparece na primeira surata do Alcorão.
O caminho da retidão é direto,
sem curvas... O islamismo aponta os tipos de ações ideais aos seus fieis. As
ações são classificadas como neutras, recomendadas, não recomendadas, proibidas
e obrigatórias. Ex: rezar 05 vezes ao dia é obrigatório. Ingerir bebida
alcoólica é proibido...
Para os muçulmanos a revelação de
Deus à humanidade ocorreu em quatro estágios:
Com Abraão = Deus revelou a verdade do monoteísmo;
Com Moisés = Deus revelou os dez mandamentos;
Com Jesus = Deus revelou sua regra de ouro que é o amor ao próximo.
Os três “profetas” acima foram
autênticos e ensinaram o caminho para Deus. Mas, ainda faltava uma questão: -
Como amar nossos semelhantes? A humanidade precisava de instruções nesse
sentido. Tais instruções são encontradas no Alcorão (17:9)
Qual é então, o conteúdo desse caminho reto que fala de nossos deveres?
O conteúdo está expresso nos
cinco pilares do Islã e nos ensinamentos sociais do Alcorão.
Os cinco pilares ( princípios que regulam a vida pessoal
dos muçulmanos no trato com Deus)
1- Profissão de fé (Shahadah). Toda
religião possui profissão de fé para orientar a vida dos seguidores. A
profissão de fé islâmica é simples e objetiva: “Deus é um só e Maomé é Seu Profeta”. Aqui já se afirma o
monoteísmo e a revelação de Deus ao seu Profeta. O conteúdo dessa revelação
está no Alcorão. Pelo menos uma vez na vida, o muçulmano (a) deve pronunciar
essa afirmação corretamente, lentamente, seriamente em voz alta, com pleno
entendimento e sincera convicção. Um bom muçulmano diz essa profissão de fé
muitas vezes ao dia.
2- Prece: A prece constitui o
segundo pilar do Islã (29:45). O muçulmano reza para manter a vida em
perspectiva, ou seja, para ver a vida objetivamente, o que envolve o
reconhecimento de que o ser humano é uma criatura, coisa criada, diante de seu
Criador. Com que frequência o muçulmano reza? Ver relato sobre “Viagem noturna”
do Profeta (17:1). Deus orientou, pessoalmente, ao Profeta sobre número das
orações. Deveriam ser proferidas cinco
vezes por dia: Ao despertar, no início da manhã, ao meio da tarde, ao por do
sol e antes de se deitar. Para os muçulmanos não existe um dia santificado
como, por exemplo, o domingo para os cristãos. Mas, a sexta-feira é um dia
especial quando todos os muçulmanos são chamados a rezar nas mesquitas a prece
do meio dia. Todos devem rezar em linha com a cabeça inclinada em direção a
Meca. Antes das preces o fiel faz as abluções (lavagem ritual). Todos começam
as orações de pé, depois se ajoelham e se inclinam com a testa no chão em
direção a Meca. Homens e mulheres rezam separados. O corpo na posição fetal
significa que está pronto para renascer, ocupando o menor espaço possível
mostra o nada que o homem é diante de Deus. As preces, normalmente, são de
louvor, gratidão e súplica. Há um provérbio muçulmano que diz: - O pássaro sempre
que bebe uma gota de água levanta os olhos para o céu para agradecer... Isso é
o que fazem os muçulmanos pelo menos cinco vezes ao dia.
3- Caridade: Dádiva. As coisas
materiais são importantes na vida, mas, algumas pessoas tem mais do que outras.
Por quê? O islamismo não teoriza sobre
isso. Apenas afirma que aqueles que têm mais devem ajudar os que têm menos. O
Alcorão estabeleceu esse princípio (de bem estar social) já no Séc VII,
prescrevendo a taxação progressiva da riqueza para aliviar as circunstâncias de
vida da pobreza. Os mais pobres nada pagam, mas aqueles que têm mais condições
devem distribuir anualmente entre os pobres 1/40 do valor de tudo o que
possuem. Quem pode receber esse dinheiro? – Aqueles que sofrem necessidades
imediatas, escravos que precisam comprar sua liberdade, devedores incapacitados
de honrar suas obrigações, estrangeiros e viajantes e para pessoas que coletam
e distribuem esmolas.
4- Ramadã. O quarto pilar do Islã é
o jejum de Ramandã. Ramadã é um dos meses do calendário islâmico. Foi nesse mês
que Maomé recebeu sua revelação inicial e realizou sua “fuga” para Medina
(Hégira). Nesse mês todo muçulmano apto (que não esteja doente...) jejua
durante todos os dias. Desde o amanhecer até o por do sol, não comem nem bebem
nada. Quando o ramadã cai no inverno o jejum é mais fácil, mas quando cai no
verão é muito difícil ficar sem tomar água... Jejuar obriga a pessoa a pensar,
a ter autodisciplina e sublinha a dependência da criatura com relação a Deus. O
jejum lembra nossa fragilidade e nos sensibiliza para a compaixão para com o
outro. Somente quem sentiu fome sabe o que isso significa...
5- Peregrinação: O quinto pilar da
fé islâmica é a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida, para aqueles
que têm condições. Ela intensifica a devoção do peregrino e o põe em pé de
igualdade com todos os outros devotos. Chegando a Meca eles se despem das
roupas que revelam suas condições economicamente diferenciadas e vestem a mesma
túnica feita com dois pedaços de panos. Assim, diante de Deus são eliminadas as
distinções de cargos, condição social, hierarquias... Ela serve também para
intercambio de experiências e trocas culturais.
Ensinamentos Sociais do Islã
Ô homens! Atentais para as minhas palavras e
conservai-as em vossos corações! Sabei que cada muçulmano é um irmão de todos
os outros muçulmanos, e que vós sois agora uma irmandade! – Palavras do
Profeta, durante sua “peregrinação do adeus” a Meca pouco antes de sua morte. Esse
ideal islâmico ainda permanece forte em nível comunitário. Olhando a Arábia pré-islâmica
(marcada pela violência entre tribos, assassinatos, imoralidades) e a Arábia
pós-islâmica, somos forçados a indagar se a história, alguma vez, testemunhou
um avanço moral tão grandioso. O que ajudou o islamismo a realizar esse “quase milagre”,
além das relações fraternas foi também a regulamentação dos aspectos da vida
social seja, através do Alcorão ou dos Hadith (tradições baseadas naquilo que
Maomé fez ou disse por iniciativa própria). O islamismo não é só uma
experiência pessoal de Deus. Ele é também um conjunto de normas e prescrições
para todas as dimensões da vida. Ele une a fé à política, a religião, à
sociedade, inseparavelmente. Vejamos isso em quatro áreas da vida coletiva.
1-
Economia:
Enquanto as necessidades básicas do corpo não forem satisfeitas, os interesses
mais elevados não conseguem florescer. Assim a saúde de uma sociedade exige que
os bens materiais sejam distribuídos de maneira ampla e apropriada. A saúde do
corpo exige que o sangue circule nele de forma plena. Assim, a riqueza deve
circular entre os diversos seguimentos da sociedade. As leis devem assegurar a
circulação das riquezas. O Islã não faz objeção ao lucro, à concorrência
econômica ou à ousadia empresarial.
Algumas pessoas chegaram a chamar o Alcorão como “manual de
administração de empresas”. O Alcorão não desencoraja o indivíduo de trabalhar
mais arduamente que seus vizinhos, nem proíbe que o trabalho duro seja
recompensado com prêmios maiores. Apenas
insiste que a ganância e a competição sejam equilibradas pela moderação e pela
compaixão. À exemplo do coração que deve irrigar todos as partes do corpo, a
compaixão não deve permitir a exclusão de ninguém. É preciso que se reserve até
mesmo uma cota para os pobres (3º pilar).
Desde o início o Islã não aceitou o direito de primogenitura. Assim, as
heranças deveriam ser repartidas igualmente entre os herdeiros... Inicialmente
o Islã não aceitava a cobrança de juros por empréstimos. Hoje mudou um pouco.
Quem empresta passa a ser uma espécie de sócio daquele que pediu emprestado. De
qualquer maneira, as orientações do Alcorão ajudam a contrabalançar as
riquezas...
2-
Posição
das mulheres: Na Arábia pré-islâmica, as filhas não tinham direito à
herança, e grande parte das mulheres eram vistas como objetos. Pais e maridos
podiam dispor delas como bem lhes aprouvessem. Essa situação melhorou com a
chegada do Alcorão. Exigiu que as filhas fossem incluídas no direito de herança
ainda que com a metade da cota dos filhos, proibiu o infanticídio (muitas
meninas eram mortas assim que nascidas). O Alcorão abriu à mulher o direito de
igualdade para com o homem. A religião santificou o casamento e transformou-o
no único lugar legal para a prática sexual. Mas, ele só pode acontecer com a
permissão da mulher. O divórcio é uma prática reprovável, embora comum. Apesar da
permissão da poligamia (poligimia), há
um consenso, crescente, que o homem deve casar-se apenas com uma mulher. No
arranjo físico, cada esposa deve ter seus aposentos particulares e isso limita
muito a questão da poligamia. Outro fator que limita é uma recomendação do
Alcorão – Igualdade no amor e na estima – é quase impossível que o homem ame e
estime igualmente as mulheres. Por isso, os juristas entendem que, o Alcorão,
praticamente recomenda a monogamia. Em condições de guerra ( quando muitos
homens morrem) impedir a poligamia era quase negar à mulher o direito à
maternidade. Finalmente, um questionamento. A poligamia é permitida. Mas, o
homem tem que ter responsabilidade por todas as suas parceiras. O sexo envolve
responsabilidade. No ocidente prevalece a monogamia. Mas, as “parceiras
sexuais” costumam existir e o pior, sem nenhum direito garantido... Uso do
véu é uma recomendação do Alcorão (33:59). Ele visa proteger a mulher para
que não seja molestada. Leis severas: No islã existem leis severas para certos
crimes (adultério, roubo...), mas é para lembrar que os crimes também foram
graves. Mas, além da lei, recomenda-se a misericórdia. Elas podem suavizar o
peso dos decretos. O apedrejamento dos adúlteros é quase impossível de
acontecer, pois a lei exige quatro testemunhas incontestáveis, que tenham
observado detalhadamente o ato.
3-
Relações
Sociais: O islã é contra o racismo e enfatiza a igualdade racial. Veem
Abraão como modelo nesse sentido. Ele desposou Hagar, uma mulher negra, segundo
o Islã. Hagar é vista como a segunda esposa de Abraão e não como sua concubina.
4-
O uso
da força: A imagem estereotipada do Islã no Ocidente é ago que os muçulmanos
sempre combatem. Eles sentem que o Alcorão e o Profeta tiveram uma imagem
distorcida. Diferente dos Evangelhos o Alcorão, de fato, não os ensinam a
“oferecer a outra face”. Porém, ensina-lhes, o perdão e a misericórdia (42:37).
O Alcorão permite a punição aos malfeitores impenitentes na justa medida do mal
que eles cometerem (22:39-40). A justiça o exige. Conceito de guerra justa:
Guerra justa é uma guerra defensiva ou aquela que visa corrigir um erro
(2:190). Maomé teve que empunhar a espada em autodefesa e pelo mesmo motivo
essa espada ainda poderá ser erguida. Tolerância religiosa: Não há compulsão na religião(2:256). Se Alláh
quisesse teria feito de todos, um só povo, uma única religião... (5:48). Quando
os muçulmanos dominavam um país, não exigia necessária conversão e sim um
imposto já que por não serem muçulmanos não tinham a obrigação da esmola(dádiva).
Mas, essa taxa seria a cota dos pobres... Jihad: esforço pela causa de
Deus; mas, como a guerra exige um grau excepcional de esforço, a palavra
costuma, por extensão, ser ligada a ela. A definição de guerra santa é
praticamente idêntica à definição de guerra justa. A grande guerra que deve ser
travada é a guerra contra si mesmo, contra os próprios pecados.
Resumo baseado em:
Smith, Huston. As Religiões do Mundo. Nossas Grandes Tradições de Sabedoria. São Paulo, Cultrix – 10ª edição. 2010.
Obs: Esse esquema foi escrito apenas para ajudar os alunos na compreensão da religião. Se alguém não se sentir confortável com o que está escrito acima pode se manifestar que terei enorme prazer em revisar o texto.
.."O islamismo nos ensina a trilhar o caminho da retidão”. Essa afirmação, provavelmente, seria de um muçulmano ao resumir a sua fé."...
ResponderExcluir