Basta-me tua graça

Na segunda carta aos Coríntios(2 Cor 12,9), após confessar os sofrimentos que lhe causava um “espinho na carne”, Paulo afirmou que tud...


Na segunda carta aos Coríntios(2 Cor 12,9), após confessar os sofrimentos que lhe causava um “espinho na carne”, Paulo afirmou que tudo enfrentava desde que estivesse com a graça de Deus. Quanto ao “espinho na carne” não sabemos ao certo ao que ele se referia. Alguns pensam que poderia ser uma doença, outros as constantes perseguições ou mesmo sua fraqueza humana. Penso que ele se referia a tudo isso…

A partir da experiência do discurso em praça pública na Grécia Paulo mudou seu jeito de pregar. Em Atenas falou bonito citando os poetas e filósofos gregos. Essa “estratégia” de evangelização de nada adiantou. Pelo contrário, rendeu-lhe vaias e desprezo(Atos 17,32). Saindo dali ele vai para Corinto, uma cidade portuária, pagã e devassa no modo de viver. Ainda assim, Corinto se assemelha a Atenas, pois valoriza os belos discursos e a sabedoria humana. Paulo está decidido. Não vai pregar a si mesmo, mas Cristo crucificado. Não importa se vai ser vaiado ou aplaudido. Está plenamente convencido que Deus despreza aquilo que o mundo valoriza e cultua. A cruz de Cristo que era escândalo para os judeus e loucura para os pagãos (gregos…) para Deus era sabedoria (1 Cor 1,23).

Paulo é um homem de Deus. Poderia ter crescido dentro do judaísmo. Pertencia ao grupo dos fariseus e fora aluno de Gamaliel um famoso professor de seu tempo. Era também cidadão romano e isso o colocava em posição privilegiada com relação à maioria das pessoas. Talvez fosse bem sucedido em Roma. Era artesão e falava mais de uma língua. No entanto, escolheu o caminho da simplicidade. Isso aconteceu após sua conversão ao Cristianismo e seu encontro com Cristo no caminho de Damasco. O marco divisor de águas em sua vida foi a conversão. Por isso, temos dois Paulos. Um anterior à conversão e o homem novo renovado por Cristo e disposto a tudo para tornar o nome de Cristo amado e conhecido.

Paulo enfrentou fome, frio, perseguições, apanhou, perdeu-se em alto mar, foi picado de cobras e finalmente morto. Após sua conversão o que não faltaram foram espinhos na carne. Não teve sossego nem regalias. Foi incompreendido pelos judeus e pelos cristãos, mas soube enfrentar tudo pela graça de Deus. A graça de Deus foi sua companheira e lhe deu forças. Assim como aconteceu com Cristo, Paulo também reclamou de abandono de todos(2 Tim 4, 16). Abandonado, incompreendido e perseguido, Paulo teria muitos motivos para desanimar de seu trabalho pastoral. No entanto, sabe que deve se anular para que Jesus apareça. Fez como João Batista e tantos outros santos. Não quis roubar a cena para si, mas, para Deus. Diante das dificuldades afirmou  com determinação: eu tudo posso naquele que me fortalece(Fil 4, 13). De fato, podia enfrentar tudo desde que estivesse cheio da graça de Deus.

A graça de Deus é que moveu São Paulo e outros santos em direção a Cristo. Comigo e com você também não é diferente. Mas, para que a graça de Deus dê resultado é preciso que seja acolhida. Acolhamos a graça assim como a terra acolhe a água da chuva. Agindo assim, os frutos certamente virão. Basta saber esperar a hora da colheita. Deus tem o seu tempo que é diferente do nosso.

Imagem de hanatour04 por Pixabay 

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