Águas sagradas... e maltratadas!

  Gosto da música   “Amor de Índio ”,   do cantor mineiro, Beto Guedes, quando afirma que “tudo o que move é sagrado”.   Dentre tantas coisa...

 

Gosto da música  “Amor de Índio”,  do cantor mineiro, Beto Guedes, quando afirma que “tudo o que move é sagrado”.  Dentre tantas coisas sagradas do mundo, considero os rios ainda mais sagrados. Em Minas, um dos rios mais belos e importantes para o país carrega um nome de santo: São Francisco! Tal como o santo, o rio promove a vida de muitos que dependem dele para sobreviver. É chamado rio da integração nacional, pois, banha cinco estados da federação: Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. 

São Francisco é conhecido por muitos como o santo da alegria, da harmonia e profunda comunhão com a natureza. Ora, tudo isso, o rio também promove. Com suas águas ele irriga meio mundo! Por ele navegam os homens ouvindo múltiplos cantos que se entoam em suas margens. Nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais a 1.200 m de altitude e percorre uma distância de quase três mil quilômetros! Em razão disso, os mineiros não precisam ter inveja de nenhum rio do mundo. Mas, é bom lembrar-se, de outros rios também considerados sagrados como o Jordão, o Ganges e o Nilo, no Egito.

O Rio Jordão nasce à sombra do Monte Hermon que permanece sempre coberto pela neve a 2.750 m de altitude. Forma-se na confluência de quatro torrentes que descem das montanhas do Líbano para se desaguar no Mar Morto a 112 km. A ideia de rio sagrado sempre acompanhou o Jordão. Por ele Josué passou com seu povo rumo à terra prometida( Josué Capítulo 03) e nele foi curado através do profeta, Naamã, o general do exército sírio ( 2 Rs 5, 14-17). Nas águas do Jordão foi batizado o próprio autor do batismo, ou seja, Jesus.

Nas cordilheiras do Himalaia, nasce outro rio considerado sagrado: O Gangis (ou deusa ganga). Os hindus acreditam que suas águas descem, diretamente, do céu pelas mãos do deus Brahma, o criador do universo. Isso não deixa de ter uma parte de verdade, pois, o Rio Ganges se forma pelos constantes degelos, das altas cordilheiras. Por ser considerado um rio sagrado, os hindus alimentam verdadeira devoção para com suas águas. Com um comprimento de aproximadamente 3.000 km, o rio banha diversas cidades importantes e sustenta a vida de milhares de pessoas.

Cada rio carrega seus mitos e lendas. Conta-se que o Ganges, antes de ser rio era uma deusa brincalhona que se chamava “Ganga”. A jovem, no entanto, era cheia de caprichos. Viera do Himalaia para regar a terra, mas não se cansava de pular. Temendo que as travessuras da deusa destruíssem a terra, Shiva, outra deusa indiana, postou-se na terra e prendeu Ganga pelos cabelos. Com o tempo, Ganga apagou esse fogo e tornou-se a mais generosa deusa da terra. Por isso, a água do Ganges é divina desde seu nascimento. Em algumas pinturas o Rio é retratado nascendo dos cabelos de Lord Shiva.

O Rio São Francisco também carrega suas lendas de origem. Dizem que nasceu das lágrimas da Índia Truká, “Iati”, depois que seu noivo partiu para uma guerra sem retorno. Mesmo após batizado com nome de santo por Américo Vespúcio, um dos primeiros colonizadores europeus,   os nativos continuaram chamando o Velho Chico com o nome de “Chico de Opara”. Na língua indígena, “opará” era algo parecido a um “rio-mar”.

No Egito temos outro rio considerado sagrado desde a antiguidade: Trata-se do Nilo, um dos maiores rios do mundo! Sua nascente é tradicionalmente considerada no Lago Vitória, um lago que divide sua bacia hidrográfica com a Tanzânia, Quênia e Uganda. A região de sua nascente é chamada pelos nativos de “montanhas da lua”. Não poderia haver nome mais poético para um rio que  vem do céu para irrigar e fecundar a terra.  Sempre foi considerado um rio sagrado pelos mais antigos moradores.  Os principais deuses do Nilo eram  Íris e Osíris, ambos ligados à fertilidade.

O maior rio do mundo está no Brasil. É o Rio Amazonas. Ele nasce na Cordilheira dos Andes, sul do Peru. Corta todo norte da América do Sul se desaguando, finalmente, no Oceano Atlântico. De acordo com um antigo mito, o Amazonas nasceu das lágrimas da lua.  Tupã, o maior dos deuses dos indígenas, desejava criar o mundo e os homens. Era impedido pelo Sol, que amava a Lua com amor tão ardente que queimava tudo à sua volta. A divindade não teve outro jeito senão separá-los. A Lua, infeliz, chorou copiosamente. Suas lágrimas, tão doces e abundantes que eram, formaram imensa torrente sobre a Terra, separada das águas do mar, assim nascendo o Amazonas.

Em Minas Gerais temos lindíssimos rios. Entre eles o Paraopeba. Mas, esse rio está de luto. Suas águas turvas estão tristes e ainda mais sombrias. Ele procura esconder outro rio ainda mais misterioso: Um rio de lágrimas! Mas, sobre isso, prefiro nem falar muito. O silêncio respeitoso, talvez, seja mais eloquente...

“Tudo o que move é sagrado”. Podemos até questionar a afirmação, mas não podemos negar que, de fato, algumas criaturas são sagradas demais. A água doce, por exemplo, é uma grande bênção que corre para o mar. Cuidar dela é nossa obrigação e sinal de respeito para com Deus. No caso, de Minas, Gerais devemos louvar e pedir perdão. Louvar pelas bênçãos de possuir tantas nascentes, rios  e córregos maravilhosos; pedir perdão pelos  maus tratos que eles, continuamente, tem recebidos. 

Imagem de EstherCastro por Pixabay 

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