Eros e Psique: O amor não pode conviver com a desconfiança

Conta a mitologia grega, que um rei tinha três filhas. A mais nova era, extremamente, bonita e isso, causava muita inveja nas duas irmãs. Fr...




Conta a mitologia grega, que um rei tinha três filhas. A mais nova era, extremamente, bonita e isso, causava muita inveja nas duas irmãs. Frequentemente, Psique, a filha mais nova, era comparada até com Afrodite, a deusa do amor e da beleza. A própria deusa enfurecida por esse disparate de comparação jurou vingança e, para isso, acabou usando o seu filho Eros ou Cupido. Pediu ao seu filho que se enamorasse da jovem. Uma vez que estivesse apaixonada, a vingança estaria ao alcance da mão. Quando uma mulher quer algo de verdade ela acaba conseguindo, ainda mais em se tratando de uma "deusa do amor".

Apesar de ser muito bonita Psique não tinha muita sorte no amor. Seu pai,  desesperado, ao ver a filha tão bela e ameaçada de se tornar solteirona, abandonou-a, no alto de um monte. Quem sabe, nesse local encontraria um pretendente?  É claro que a estória é cheia de floreios, mas aqui será resumida. A pobre moça, abandonada e triste, acabou dormindo na colina e, enquanto dormia, foi transportada, por Zéfiro, o vento oeste, para perto de um magnífico castelo. Assim, que acordou viu, encantada, que tudo aquilo não se tratava de um sonho. Entrou no castelo, comeu pão de queijo e tomou café com leite, pois estava  faminta.  O local parecia um castelo. De fato, era magnífico! Psique ouvia vozes e sentia carícias  em seu corpo. Ver, mesmo que era bom, ela não via ninguém...De qualquer maneira estava gostando daquele cafuné!

O estranho se apresentou a ela como seu “noivo”.  Disse que viria vê-la todas as noites e que nada lhe faltaria, mas, vê-lo ela não poderia jamais! Mesmo sabendo que o amor é cego,  Psique esperneou e reclamou, mas enfim, acabou se acostumando. Depois veio o tédio como costuma acontecer em qualquer relacionamento. Eros esse era o nome do desconhecido,  permitiu-lhe que suas irmãs viessem visitá-la. Mas, junto com as irmãs veio sua desgraça. É que as irmãs encheram-lhe a cabeça. - Como você pode se acostumar com esse homem tão misterioso, vai ver que ele esconde alguma coisa, disse-lhe uma das irmãs. A mais exagerada chegou a dizer que talvez ele fosse um monstro.

Influenciada pelas irmãs Psique, certa noite, esperou que o “noivo” dormisse e depois sem fazer ruído, acendeu o lampião. Não viu monstro coisa alguma! Viu um jovem tão lindo como nunca havia visto antes. Enquanto aproximava o lampião de seu rosto, para vê-lo melhor, uma gota de vela pingou sobre ele. Eros acordou enfurecido e saiu voando pela janela. Só mais tarde Psique descobriu que o amor não pode conviver com a desconfiança. 

A história do mito continua. Mas, o resto, agora  é por minha conta: - Quando Psique  teve essa percepção, que amor e desconfiança não convivem juntos,  já estava num terceiro relacionamento e para falar a verdade, ainda não confiava muito, no terceiro “marido” com quem vivia uma "relação estável". Casos assim, não são incomuns hoje em dia...

Certa vez, assisti a um filme, onde um  casal acabou se encontrando, por acaso, nas ruas de Paris. Ele era americano e ela uma jovem sonhadora. Os encontros ardentes  aconteciam num apartamento no centro da cidade. A regra era ninguém perguntar nada sobre a vida, a família ou o passado do outro. Protegidos pela invisibilidade o relacionamento alimentou os desejos e as fantasias do casal por longo tempo. O dia em que resolveram tornar clara a relação ela se desgastou e acabou. 

Os dois fatos mencionados acima ilustram o que direi agora.  Num relacionamento a dois existe sempre algo velado e protegido por cada um: trata-se da própria intimidade. Um não pode invadir esse “sacrário” que é a intimidade do outro. O mistério não precisa ser tanto, como nas estórias acima. Mas, é sempre bom lembrar que cada pessoa tem um santuário que é só dela e ninguém se sente muito confortável quando ele é invadido. Para que a relação seja prazerosa e duradoura é preciso que um respeite a intimidade do outro. Se o marido gosta de pescar é melhor que a esposa respeite suas varas de anzóis. Se a mulher gosta de plantas é bom que o marido não jogue tocos de cigarros nas samambaias... 

Penso que um relacionamento é feito de coisas simples. Mas, ele se desgasta, igualmente, por causa de coisas simples. Por mais que um casal combine, em alguns momentos, cada um quer ter o direito de ficar só. O casal não precisa dormir abraçado se o termômetro acusa quarenta graus... Pense nisso! Quem sabe ainda dá tempo de salvar o seu casamento?

Imagem de NakNakNak por Pixabay 

Related

Crônicas 4758583735541681859

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário

emo-but-icon

Siga-nos

dedede2d

Vídeos

Mais lidos

Parceiras


Facebook

item