Faetonte: tentativa frustrada de substituir o pai
O comportamento é meio adolescente, embora seja muito usual. Às vezes, o pai luta com unhas e dentes para manter um empreendimento. Para c...

O comportamento é meio adolescente, embora seja muito usual. Às vezes, o pai luta com unhas e dentes para manter um empreendimento. Para chegar aonde chegou teve que “vender a alma”. Mas, o filho que, não enfrentou nenhuma das dificuldades iniciais pensa que o pai não sabe fazer as coisas. Certo dia, ouvi o desabafo de um pai que havia transferido a gestão da empresa para o filho:
Olhe, quando eu fazia do meu jeito, tinha controle de tudo e preservava
bons clientes. Hoje, que o negócio está na mão do meu filho, já não sei de
nada. Percebo que as coisas andam errado, mas ai de mim se eu disser qualquer
coisa! Ele modernizou a empresa e contratou muita gente. Mas, perdemos bons
clientes por falta de jogo de cintura...
Depois desse desabafo não demorou um ano para que a firma da família viesse à falência. É lamentável que aconteçam coisas desse tipo! O pai, do jeito dele, estava administrando há anos aquele empreendimento! Com sua cadernetinha velha, fazia as anotações e acabava cultivando o carinho de todos. Nas mãos do filho, a loja ficou bonita e moderna, mas a clientela sumiu. O rapaz, nem de longe, possuía o carisma do pai.
A introdução acima, me servirá para falar de um mito grego. Trata-se de Faetonte. Faetonte era filho do deus sol e da ninfa Climene. Um de seus amigos caçoou dele, por ser filho de um deus poderoso e distante. Semeou dúvidas em seu coração. Faetonte procurou a mãe e quis saber dela, a verdade sobre o pai. Climene ficou muito triste, mas disse-lhe que ele poderia procurar o sol e tirar suas dúvidas, pessoalmente. Com a audácia própria dos jovens Faetonte procurou a casa do seu pai nos recantos da Índia. Chegando ao palácio do sol ficou pasmado ao ver tanta riqueza. As colunas do palácio eram de ouro e enfeitadas com pedras preciosas. Os jardins eram belíssimos! Subindo pelas escadarias contemplou diversos deuses. Ali estavam as horas organizadas em espaços regulares. Os meses se organizavam igualmente. O ano estava presente também. As estações, cada uma a seu modo, o receberam: O outono com os pés molhados de suco de uvas, o inverno com um coroa de granizos na cabeça, a primavera vestida de flores e o verão com pouca roupa.
Após passar por todo o cerimonial, Faetonte pode aproximar-se do trono de seu pai, o deus sol. Ao vê-lo, o pai prendeu os cabelos feitos de raios e alegrou-se com sua presença. O jovem queria saber a verdade sobre si mesmo. O sol não negou que fosse o seu pai e prometeu-lhe o presente que ele desejasse. Sem pensar muito, o jovem pediu para dirigir a carruagem do pai durante um dia. Após esse pedido inusitado, o sol quase se arrependeu da promessa feita. Tentou dissuadir o filho do seu desejo. O carro do sol era puxado no céu por cavalos dourados. Deveria percorrer o caminho certo. Caso contrário, poderia incendiar o mundo dos homens ou o céu dos deuses. Além disso, havia muitos perigos no caminho. Caso, aproximasse do polo norte poderia despertar do sono a grande serpente. Além disso, poderia ser picado pela constelação de escorpião ou ter problemas com capricórnio. Mas, Faetonte não deu ouvido. No fundo, pensava que iria se sair melhor do que o pai. Além do mais, iria pilotar o carro do sol apenas um dia! Talvez, sairia melhor do que o pai nessa empreitada. Afinal, era jovem e audacioso.
Promessa feita, promessa cumprida! As deusas horas, pediram que Aurora abrisse a porta ao carro do sol no momento certo. Inicialmente, os cavalos estranharam o jeito do condutor. Saíram em disparada. A subida era alta demais e Faetonte começou a ficar tonto. De tão alto que subiu nem via a terra direito. Algumas nuvens se queimaram e os deuses ficaram incomodados com tanto calor no céu. A terra ficou escura e sem luz. Lá no alto os cavalos, em disparada, conduziam o carro do sol sem a presença do titular. Ao começar a descida, mais tragédias aconteceram. Faetonte não dominava a carruagem. Ela começou a descer muito rápido e queimou algumas montanhas. Os homens entraram em desespero e o caos foi instalado ao final do dia. Assistindo, sem entender, a enorme tragédia, Zeus tomou a iniciativa de colocar ordem na bagunça. Disparou uma flecha certeira contra Faetonte, enquanto o carro do sol escondia-se no horizonte. Faetonte caiu sem vida no Rio Eridano e as náiades italianas ergueram-lhe um túmulo gravando nele as seguintes palavras:
Aqui jaz Faetonte, que o paterno carro ousou dirigir, em vão. Contudo, honrou-o, a nobre audácia de tentá-lo...
Faetonte poderia ser o nome do jovem que faliu a empresa do pai. Na verdade, existem muitos Faetontes por aí. Construir é sempre mais difícil que destruir! Felizmente, o jovem da minha história continua vivo e seu pai também. Hoje ele faz carretos esporádicos quando não passa a maior parte do tempo cultuando Dionísio no barzinho da esquina...
Imagem de Douglas Gina Iris por Pixabay
Infelizmente, nossos filhos estão sendo criados com a galinha botando na porta. Os estudos são teóricos. Palavras de prosperidade são impostas nas empresas. O mais importante os RHs não importam. O ser humano é insubstituível.
ResponderExcluirConhecimento apenas não basta, é preciso sabedoria!
ResponderExcluirInfelizmente, os Faetontes sos dias de hoje continuam do mesmo jeito.
ResponderExcluirAmei! Parabéns Padre Gabriel.
ResponderExcluirInfelizmente é real
ResponderExcluirInfelizmente os são do impto e não mede às consequências
ResponderExcluirVerdade infelizmente!
ResponderExcluirQue Deus nos livre deles!
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