Hera, que tinha ciúmes da vaca, enfeitou a cauda do seu pavão, com os olhos de Argos

 

Uma das deusas mais ciumentas da mitologia grega foi  Hera, a esposa de Zeus. Também pudera! Onde seu marido agachava alguém poderia buscar os ovos! Zeus era especialista no quesito “traição”. Dizem que ele ainda tem muitos devotos, mas não sei se é verdade. Se eu fosse enumerar os seus “casos” um livro seria pouco! Falarei por ora, apenas, de um namorico que ele teve com “Io”, uma das sacerdotisas de Hera e filha do rio deus Ínaco. A beleza de Io era de tirar o fôlego! Hera também não devia ser feia, mas já andava “meio caída” e estava acima do peso. Seu marido, você já sabe, né? Cavalo velho adora capim novo... Um dia, ao ver aquela jovem de rara beleza, foi logo, atacando! Prometeu-lhe academia de graça, além de um carro zero e muitas joias. Io há muito tempo, queria fazer “crossfight,” para perder uma gordurinha localizada nos glúteos. Coisa de vaidade! Assim, acabou caindo no papo de Zeus.

Um belo dia, enquanto os dois trocavam chamegos, Zeus percebeu que Hera se aproximava e não perdeu tempo. Transformou Io numa bela novilha e ficou por ali coçando a orelha dela. Mas, Hera estava escaldada! Desconfiou daquela novilha e pediu-a como presente. Por essa Zeus não esperava! Teve que ceder a amante à própria esposa, que desconfiada levou consigo a Zebu...

Naquele tempo, havia um deus que tinha centenas de olhos ma cabeça, e nunca fechava todos eles, nem quando dormia. Tratava-se de “Argos”.  Por causa disso, sabia de tudo o que acontecia até mesmo as histórias mais picantes do Olimpo. Nenhum fofoqueiro atual perdia para ele!   Hera não perdeu tempo e contratou-o, para vigiar a novilha. Pobre Io! Ninguém percebia que ela, era a donzela de antes. Zeus teve que manter distância dela para não despertar a ira de sua esposa. É verdade que, de vez em quando, ele se transformava num touro e conseguia o, tão desejado, acasalamento sem despertar suspeita de ninguém. Os amantes são ardilosos quando necessário!   Io tentava falar mas, de sua boca, só saia um mugido assustador. Nem chorar sua desgraça ela conseguia. Mas, certo dia teve uma ideia: Poderia escrever o seu nome no chão com suas patas. E assim o fez. Foi então, que seu pai a reconheceu. Mas, não adiantou muito. Argos levou-a, para um lugar distante e ficou de olho, coisa fácil para quem tinha olhos sobrando.

Não suportando mais ver o sofrimento de Io, Zeus contratou Hermes, um “matador de aluguel”, daquele tempo. Hermes era bom de prosa e tinha asas nos pés. Sabia, como ninguém, como enganar um sujeito. Por isso, fingiu-se de pastor e foi tocando sua flauta na direção da novilha de Hera. Argos não desconfiou de nada. Gostou do som da flauta e quis saber a história daquele instrumento. Hermes, então lhe contou:

Havia uma ninfa chamada Sirinx que  era muito querida por todos. Era devota de Diana e se parecia muito com ela. Um dia, quando caçava nos bosques  foi assediada por Pã. Mas, não aceitou suas propostas e correu dele em direção ao rio. Prestes a ser agarrada por ele invocou a proteção das ninfas do rio. Naquele momento, acabou sendo transformada num feixe de juncos. Abraçado com o feixe de juncos Pã deu um grande suspiro e, daquele suspiro, produziu-se um som belo e melodioso. Pã cortou os juncos em tamanhos diferentes e amarrou os pedaços formando com eles o que hoje chamamos de “Flauta pã”.

Assim que terminou essa história Hermes viu que Argos tinha dormido. Então, não perdeu  tempo e, mais que depressa, lhe cortou a cabeça. Ao ficar ciente do caso, Hera entristeceu muito. Arrancou todos os olhos daquela cabeça sem vida, e colou-os, ma cauda do seu pavão. Por isso, os pavões, ainda hoje, carregam nas caudas os olhos de Argos!

E o que aconteceu com a moça que virou novilha? Continuou pastando sendo perseguida por Hera que só se acalmou, quando Zeus lhe fez mil promessas, de joelhos! Até leite de vaca jurou que não beberia nunca mais! O feitiço terminou com um presente caro, que lhe foi dado pelo marido: dois ramos de ouro, em forma de chifres, para serem usados na cabeça, em dias de festa...

O final da história ficou por minha conta e risco!

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