Santa Terezinha e a Correção fraterna
O Evangelho de São Mateus (Mt 18,15-20), fala nos, de um tema bastante espinhoso: - A correção fraterna. Nesse mundo de autoestima elevada...

O Evangelho de São Mateus (Mt 18,15-20), fala nos, de um tema bastante espinhoso: - A correção fraterna. Nesse mundo de autoestima elevada é muito difícil que a gente dê o braço a torcer, mesmo quando estamos errados. Por isso, é tão difícil que alguém chegue perto de nós e nos diga a verdade sobre nós mesmos. Quem faz isso, corre um risco danado! Podemos “partir pra cima” antes mesmo que o outro feche a boca. Esse risco nós também corremos com relação ao outro, caso seja ele, o alvo da correção.
Em se tratando de correção fraterna, devemos entender que a base de tudo é o amor. O objetivo é ganhar o irmão e não perdê-lo. Mas, ganhá-lo para quem? – Para a comunidade. A comunidade deve fazer de tudo para não perder nenhum de seus membros. A correção deve ter como alvo a reintegração do outro na convivência fraterna. O Evangelho indica um caminho gradativo para isso. Caso o irmão tenha errado e, com isso, prejudicado a convivência fraterna, então, devo procurá-lo, pessoalmente, e conversar com ele. Isso não é fácil. Corro o risco de ganhar um adversário e perder um irmão. Outra coisa difícil é acertar na dosagem da conversa. Às vezes, exageramos no tom e pioramos as coisas em vez de melhorá-las. Por isso, antes de começar o diálogo, seria muito bom rezar e pedir a Deus o dom da sabedoria. É conveniente esperar a hora certa para que a conversa aconteça num clima de calma e confiança. Antes de falar com a pessoa interessada muitos falam pelas costas. A fofoca é sempre prejudicial. Se antes de falar com o interessado você divulgou o problema para a “torcida do Corinthians”, então, é bem provável, que dê tudo errado.
No segundo momento, o Evangelho nos orienta a procurar testemunhas, para que essa conversa seja respaldada por elas. Em seguida deve-se falar com a Igreja. Em último caso, somente depois de esgotados todos os recursos é que se deve tomar uma medida mais dura contra o irmão para preservar a comunidade. Entretanto, nunca ficamos dispensados do dever de amá-lo. A “dívida do amor” nós teremos sempre com relação aos nossos irmãos mesmos quando estão fora da comunidade.
Santa Terezinha do Menino Jesus, conta-nos, em seu livro autobiográfico, “História de uma Alma”, como resolveu um problema de correção fraterna. Melhor do que ninguém, ela soube agir para corrigir uma irmã sem perdê-la:
Aos quinze anos, quando tive a ventura de entrar para o Carmelo onde encontrei
uma companheira de noviciado que me precedera alguns meses. Ela era mais velha
que eu (...) tínhamos permissão de estarmos juntas e estabelecer entre nós
breves diálogos espirituais. Eu gostava muito dela, mas gostaria também que ela
mudasse no modo de proceder com relação às irmãs. O Bom Deus fez-me compreender
que algumas almas só conseguem a iluminação gradativamente. Por isso, esperava
a hora certa de conversar com ela, sobre isso. Certo dia, Deus me fez perceber
que o momento havia chegado. Pedi a Ele que pusesse as palavras certas em minha
boca, ou melhor, que Ele mesmo falasse por mim... Quando chegou a hora combinada
para estarmos juntas, a pobre irmãzinha, lançando os olhos em mim, logo
percebeu que eu já não era a mesma. Ruborizada, sentou-se ao meu lado, enquanto
eu, apoiando sua cabeça contra meu coração, com voz lacrimosa lhe dizia tudo o
que pensava a respeito dela, mas em termos tão delicados, e testemunhando-lhe
tanta afeição, que suas lágrimas logo se misturaram com as minhas Reconheceu,
com muita humildade, que tudo quanto eu dizia era exato. Prometeu-me começar
vida nova, pedindo-me como uma graça que sempre a advertisse de suas faltas.
Afinal, ao momento de separar-nos, nossa afeição se tornara toda espiritual e
nada tinha de humana. Em nós se averiguou a passagem da Escritura: “O irmão que
é ajudado pelo irmão, é como uma cidade fortificada.”
(Provébios 18,19). Nº 308, Cap XI (Os que me haveis dado)
A convivência fraterna costuma ser um grande desafio, não apenas na comunidade, mas até mesmo nas famílias. Não são raros, os casos de irmãos, que não conversam entre si, de filhos que não conversam com os pais... Santa Terezinha nos ensina que a base da convivência fraterna é a caridade. Quando falta esse ingrediente, a convivência se transforma numa guerra:
A caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não
se admirar de suas fraquezas, em edificar-se com os mínimos atos de virtude que
se lhes veja praticar. A caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração.
Deve transformar-se em atitudes. Não basta amar ao próximo como a si mesmo, mas
sim como Jesus o amou e como o amará até a consumação dos séculos.
Nº 289, Cap X ( A
provação da fé).
Deus nos criou como irmãos para convivermos de forma harmoniosa. Mas, desde o início da criação isso foi um grande desafio. O primeiro crime, mostrado na Bíblia, foi um fratricídio! Caim matou seu irmão Abel, movido pelo ciúme que tinha dele. O tempo passou, mas até hoje, não aprendemos a ter boa convivência, pelo menos nos moldes ensinados por Jesus. Na oração do Pai Nosso, afirmamos duas coisas: A paternidade divina e, consequentemente, a fraternidade universal. Crescer na convivência fraterna é sinal de maturidade. Ver o outro como irmão e não como um lobo é a proposta cristã, ainda que isso pareça impossível numa sociedade competitiva como a nossa. Pense nisso!
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A correção é uma obra de caridade. É difícil, mas se feita com amor pode render frutos. Obrigado Padre por compartilhar essa reflexão.
ResponderExcluirQ possamos ter mais amor pelos irmãos em Cristo... obg Padre Geraldo Gabriel pir suas reflexões
ResponderExcluirDifícil mas não impossível.
ResponderExcluirA correção fraterna é muito mais difícil do que aceitar a correção!
ResponderExcluirNa maioria das vezes por não sermos preparados para tal, automaticamente ganhamos um (a) inimigo(a). Até as criancinhas já questionam: mas!... me fale porque não....
Ótima reflexão
ResponderExcluirMuitas vezes não temos coragem de alertar o irmão porgue estamos no mesmo barco,dai a necessidade de sermos mais fieis á palavra de Deus. Assim teremos palavras certas nas horas certas com as pessoas certas que sta terezinha nos ajude nesta dificil missão.
ResponderExcluirPalavra chave:
ResponderExcluir" A base de tudo é o Amor."
Não somos juízes.
Somos iguais, estamos na condição das mesmas fragilidades em situações de pecado.
A intenção é ganhar para o Céu.
Essa é uma missão de persistência da caridade.
Peço a Deus, a constante purificação dos meus sentimentos e um olhar amoroso para tratar os meus irmãos de caminhada.
Amém.
Muitas vezes não temos coragem de corrigir o outro, por termos dificuldade de aceitar a correção do outro. Então preferimos calar, talvez cometendo um ato de covardia.
ResponderExcluirLi apenas verdades...
ResponderExcluirBelo texto.
Abços