Prócris: A mulher que morreu de ciúmes!
O título dessa crônica poderia ser uma manchete atual, apesar do nome incomum da personagem central: - Prócris! Prócris era a esposa de Céfa...

Certo dia, ainda de madrugada, Céfalo foi atacado pela deusa Aurora quando virava a curva da estrada. A tentação foi grande! Aurora não era de se jogar fora. Além do mais, prometeu-lhe, cama, comida e roupa lavada! Aquela mulher era fogo! Tinha um extenso currículo: Esposou Astreu, foi amante de Orião, andou arrastando as asas para meia dúzia de deuses e mortais. Pelo visto, alimentava-se, de ovos de codorna e tomava um comprimidinho azul... Com muito custo Céfalo libertou-se da “periguete” deixando-a na secura! Mas, não existe nada pior do que um amor rejeitado! Por isso mesmo, Aurora rogou-lhe uma praga, segundo a qual, ele não seria eternamente feliz ao lado da esposa. Aurora tinha costas quentes, pois era irmã do sol e da lua. Seus pais (Téia e Hipérion) pertenciam à primeira geração dos deuses. Era mãe dos ventos e dos astros. Uma verdadeira Hilda Furacão do mundo antigo!
Ao voltar para casa, Céfalo contou o episódio à esposa. O ciúme de Prócris foi às nuvens, mas não havia condenar o marido, pois, apesar da tentação ele resistiu. Para recompensá-lo, cedeu-lhe dois presentes que havia ganhado de Diana, a deusa caçadora do Olimpo. Ofereceu-lhe, o cão (Lelaps), que era mais veloz do que qualquer outro cachorro da época, e um dardo que jamais errava o alvo. E o casal foi feliz para sempre? – Não! Não foi bem assim, que as coisas aconteceram. O ciúme exagerado é tão corrosivo que destrói qualquer relacionamento. Conheço mulheres que tem ciúmes até da sogra e homens que tem ciúmes até do rastro da “patroa”...
Depois de um dia de caça, Céfalo, normalmente, assentava-se, a beira de um lago para se refrescar. Tirava a camisa e dizia: Venha brisa querida, venha dar-me, alguns minutos de prazer! Venha resfriar meu tanquinho suado... Alguém, certo dia, ouvindo-o dizer isso, em voz alta, pensou, que ele estivesse de namoricos. Não perdeu tempo, pois rapidez é uma característica comum aos fofoqueiros. Relatou a Prócris, tudo o que ouvira e ainda acrescentou alguns pontinhos picantes à história.
Doente de ciúmes, Prócris decidiu seguir o marido na madrugada seguinte. Ficou de tocaia nesse local onde ele costumava-se refrescar. Não deu outra! Ao meio dia, ele chegou, tirou a camisa, pôs as armas no chão e disse, voluptuosamente: Venha, amada brisa. Venha, aliviar-me do fogo que carrego! Prócris, ouviu tudo, mas, não viu ninguém. Então, arredou os ramos em sua frente para ter melhor visão. Céfalo, assustado com o barulho e pensando que fosse um assaltante arremessou o dardo em direção à moita, onde Prócris estava escondida. O que houve em seguida foi a constatação de uma tragédia! O dardo não errava o alvo. A morte de Prócris foi inevitável. Mas, antes de morrer ela fez o marido jurar-lhe que, mesmo viúvo, jamais se casaria com a “tal brisa”. Assim, morreu vitimada pelo próprio ciúme, aquela que, desconfiava até do vento.
Um amor verdadeiro não alimenta fantasias e desconfianças. Não permite fingimentos, nem dá ouvidos às fofocas. Não é possessivo nem dominador. Ninguém suporta conviver a vida toda mulher ciumenta ou homem ciumento. Tudo tem limites, inclusive o ciúme!
Imagem de Alex Garrido por Pixabay
Que coisa meu Deus,cômico com final trágico!
ResponderExcluirÉ assim!
E assim existem no mundo vários discípulos de Prócris.
ResponderExcluirCiúme doentio que leva a morte até hoje, possessão o obsessão, denominação de doença.