Nosso relacionamento com Deus, para ser completo deve ser marcado, antes de tudo, pela humildade. Sobre Deus o que sabemos é muito pouco, ...
Nosso
relacionamento com Deus, para ser completo deve ser marcado, antes de tudo,
pela humildade. Sobre Deus o que sabemos é muito pouco, o que experimentamos
também é pouco e o que podemos fazer para divulgar a experiência de fé, também não
é muita coisa. Apesar disso, queremos conhecer Deus, experimentar o seu amor e anunciá-lo.
São
Paulo, dizia: Aí de mim se eu não evangelizar (1 Cor 9,16). Isso não é figura
de linguagem. Após a experiência e o conhecimento que teve de Jesus ele
entendeu que evangelizar era imperativo em sua vida. No caso de Paulo, o
conhecimento de Cristo veio depois da experiência que teve na estrada de
Damasco. Para alguns é assim: Deus fala primeiro ao coração e desarranja as
verdades da pessoa. Movida pelo desarranjo e precisando encontrar um novo sentido
para a vida então a pessoa procura o conhecimento de Deus. Assim foi com São
Paulo, Santo Agostinho e muitos outros. Agostinho era um homem sábio. Mas,
antes de entender Deus pela cabeça, recebeu-o no coração. Deus se nos revela o tempo todo.
Faz isso, através da natureza, das pessoas, da sua palavra... Mas, nem sempre
damos ouvidos aos recados que Deus nos envia. Àquele que capta os sinais de
Deus, procura desvendar os seus planos. Assim dizia o salmista: É tua face que procuro
Senhor. Não me ocultes teu rosto (Sl 26,8). Essa caminhada, uma vez iniciada,
costuma não ter retorno.
Jesus
querendo firmar a fé dos apóstolos perguntou-lhes um dia: “Quem as pessoas
dizem que sou”? (Mc 8, 27-35). As respostas foram as mais variadas possíveis.
Depois Jesus perguntou diretamente ao grupo: “Quem sou eu para vocês”? A lição
parece clara. Jesus não quer que repitamos um pacote de conceitos a seu
respeito. Quer uma experiência pessoal de cada um de seus seguidores. Essa
experiência não pode ser vivida por outros, mas pela própria pessoa. Quando
isso acontece verdadeiramente, então a pessoa sente necessidade de transmitir a
todos essa experiência de Deus. Em outras palavras, ela acaba tornando-se
missionária.
O
missionário é quem fala de Jesus para o mundo. A missão é uma consequência
natural dessa experiência transformadora que Deus realiza na vida de cada um.
Veja o caso de Tomé: Ele convivia com Jesus e tinha até certa intimidade com
ele. Pertencia ao grupo dos doze e, certamente testemunhou muitas maravilhas
realizadas por Jesus. Mas, sua grande experiência de Jesus aconteceu
verdadeiramente após sua crise de fé. Ele duvidou da palavra da Igreja, no
caso, o grupo apostólico. Na hora certa, Jesus se manifestou aos doze e, de
maneira particular, para ele. “Ponha aqui o seu dedo... não seja incrédulo.” (Jo
20 19,31). Tomé, naquela hora fez sua profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”
(Mc 2, 18-22).
Uma
vez que a pessoa faz a experiência mística ela muda todo o rumo de sua
vida. Foi exatamente isso que aconteceu
com Paulo e com tantos outros. Nesse caso, é impossível não ser missionário e
querer levar os outros a ter a mesma intimidade com Deus. A Samaritana, por
exemplo, fez isso, quando começou a chamar as pessoas: “Venham ver um homem que
falou tudo sobre mim...” ( João 4, 29). Ela tornou-se anunciadora do amor, do perdão e
da misericórdia divina.
Apesar
de ser tão importante e significativa a experiência de Deus, ela se completa
quando a pessoa procura conhecer melhor sua fé. Caso contrário, a experiência
de Deus pode resvalar-se para o campo da ignorância, fanatismo e superstição.
Precisamos dar razão para nossa esperança, dizia S. Pedro ( 1 Pe 3,15). Por
isso, precisamos tanto de formação. A formação doutrinária e pastoral completa
a experiência mística. Quase sempre exageramos em um ponto e nos esquecemos do
outro. Precisamos buscar a Deus com nossa inteligência, acolhê-lo em nosso
coração e anunciar sua palavra. Nada pior do que um missionário vazio de Deus. Por
outro lado, não há nada melhor e mais edificante do que o exemplo. Ele válida nossa
palavra e nosso testemunho. “A boca deve falar daquilo que o coração está cheio”
(MT 15, 18).
Imagem de Rebekka D por Pixabay
Parabéns Padre Gabriel
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