Morte: Dies Natalis
Desde os primeiros tempos a Igreja celebrava o dia da morte dos mártires e dos santos como um dia de alegria. Era o “dies natalis”, ou sej...

No Evangelho de São Lucas (Lc 17, 26-37), os discípulos,
movidos por uma curiosidade natural interrogam Jesus sobre o dia e a hora do juízo
final. Respondendo-lhes, com um provérbio da época, Jesus lhes diz: - “Onde
estiver os corpos aí se juntarão as águias...” Na verdade, tudo acontecerá
muito rápido, mais rápido do que o voo de uma águia em direção à carniça...
Será como um relâmpago que cruza o céu antes que possamos fotografar o seu
clarão...
Há duas maneiras de enxergar a morte. Podemos vê-la como irmã
ou como tragédia. Podemos vê-la como irmã, assim como a viu São Francisco de
Assis. Nesse caso, ela é o “die natalis”, uma passagem, uma mudança de
endereço, um novo nascimento. Essa é uma visão de fé. Para quem tem fé, “a vida
não nos é tirada mas transformada”. Cristo afirmou com todas as letras: “Na
casa de meu Pai, há muitas moradas (...) vou preparar-lhes um lugar...” Esse
primeiro grupo não tem dificuldades em refletir sobre a morte. Sabe que ela
será um encontro definitivo com Deus a quem veremos face a face...
Por outro lado, existem aqueles que veem a morte como algo
macabro. Evitam falar dela como se isso lhes poupasse da mesma. A morte é um
tabu, uma espécie de golpe inevitável... Para esse grupo que tem como única
finalidade na vida, juntar bens materiais, a morte não deixa de ser mesmo uma
golpista. Os bens materiais ficarão todos para trás! E muitas vezes, ficarão para aqueles que nem
foram amados em vida...
Para quem reduz o sentido da vida na busca do prazer, do
poder e das glórias humanas a morte é um tapa na cara. Com um só golpe e com a
velocidade das águias ela acaba com tudo isso. De que adianta um relógio de
marca cara no pulso de um morto? De que lhe serve uma polpuda caderneta de
poupança? Para quem ficará tudo aquilo?
Pensar na realidade da morte e encará-la como parte da vida
ajuda-nos a viver. Isso não é pessimismo. É realismo. Queira ou não você e eu
iremos morrer um dia. Alguns irão perguntar: - Porque a vida tem que ser tão
curta? Isso pode ser realidade para uma parte das pessoas. Para outras não. O
problema não é que tenhamos pouco tempo e sim que perdemos muito tempo...
Passamos boa parte do tempo que nos foi dado correndo atrás de bolhas de sabão.
As bolhas de sabão, que agradam tanto as crianças se arrebentam ao menor toque
humano. Talvez, esteja na hora de buscarmos coisas mais duradouras, que a “ferrugem
e a traça não corroem...”
A vida é uma graça de Deus e como tal deve ser acolhida e
valorizada. Mas, a morte natural não deve ser encarada como uma catástrofe. Ela
é uma passagem natural para os braços do Pai. Por isso, o salmista rezava: Como a corça anseia por águas correntes, a
minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.
Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus? - Salmos 42:1,2.
Agradeçamos a Deus pelo dom da vida e pela fé que Ele nos deu
na vida eterna. Em Cristo somos vencedores. Ele venceu a morte e nos ensinou o
caminho. Agora é só percorrê-lo!
Imagem de Free-Photos por Pixabay
.."o salmista rezava: Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus? - Salmos 42:1,2."...
ResponderExcluirQue Deus me livre de..
ResponderExcluir..."O problema não é que tenhamos pouco tempo e sim que perdemos muito tempo... Passamos boa parte do tempo que nos foi dado correndo atrás de bolhas de sabão."...
Muito claro isso!
ResponderExcluir.."Com um só golpe e com a velocidade das águias ela acaba com tudo isso"...
Deus nos abençõe!
ResponderExcluirParabéns Padre Gabriel
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