A dúvida cruel de João Batista

  Qualquer um de nós se estivesse vivendo no tempo de Jesus, provavelmente, teríamos dúvidas quanto à sua identidade messiânica. Pelo visto,...

 


Qualquer um de nós se estivesse vivendo no tempo de Jesus, provavelmente, teríamos dúvidas quanto à sua identidade messiânica. Pelo visto, o próprio João Batista, ouvindo da prisão onde se encontrava, os rumores sobre a atuação de Jesus, teve essa dúvida. Por isso, enviou-lhe, duas testemunhas para interrogá-lo, pessoalmente (Lc 7, 19-23): - Você é o Messias esperado ou devemos esperar outro?

Ao que parece, a identidade messiânica de Jesus foi sempre questionada. Naquele tempo, havia uma ideia corrente que o messias, quando viesse, seria um líder político, talvez, nos moldes do Rei Davi. Sendo assim, recuperaria a glória de Israel que vivia, na ocasião, sob o domínio romano. O messias seria nessa visão, uma espécie de “Napoleão Bonaparte”, um líder para guiar, com mão de ferro, o seu povo. Certamente, João Batista não partilhava dessa ideia, mas, acreditava que o Messias seria um severo reformador dos costumes. Esperava a vinda de um “mais forte do que ele”, que fizesse uma “limpeza geral” em Israel com espírito e com fogo para queimar as palhas e recolher o trigo nos celeiros...

João tinha uma pregação muito forte e dizia que o machado já estava colocado na raiz das árvores para cortar aquelas que não dessem frutos. Jesus, no entanto, não se apresentou com machado na mão. Pelo contrário. Era um “poço de doçura”. Foi ao encontro dos mais fracos, dos pobres e das viúvas... Um “Napoleão Bonaparte” não faria isso! Esse comportamento de Jesus decepcionou aqueles que esperavam um messias “linha dura”. Talvez, João estivesse entre esses. Por isso, enviou-lhe duas testemunhas. A lei exigia que um depoimento para ser válido carecia de, pelo menos,  duas testemunhas.

Ao receber os enviados de João, Jesus respondeu-lhe com atitudes: Curou muitos doentes, expulsou o mal e deu a vista aos cegos. Após isso disse: Ide e contai a João o que vistes e ouvistes; os cegos veem, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem e a Boa Nova é anunciada aos pobres... No finalzinho do texto completou: Feliz aquele que não cair por minha causa!

João era um homem santo. Certamente entendeu o recado de Jesus. Um recado dado com atitudes. Jesus não veio fazer uma reforma a partir dos grandes e sim dos pobres e excluídos. Em Jesus Deus age em favor dos mais desamparados. Ele já havia anunciado isso, quando comentou o seu “plano de governo” na sinagoga de Nazaré (Lc 4,18): O espírito de Deus repousa sobre mim... Ele me enviou para anunciar a boa nova aos pobres...

Esse estilo de agir de Jesus foi decepcionante para muita gente. Alguns esperavam um Deus mais poderoso e justiceiro. Um Deus que defendesse a observância da lei e da reta doutrina. Outros, talvez, esperassem um Deus apocalíptico que marcasse sua atuação com gestos extraordinários e fantásticos. Jesus não fez nada disso. Mas agiu com compaixão e bondade. Revelou-se, a nós, como Deus de perdão e misericórdia. Francamente: - Uma decepção!

Talvez, ainda hoje, não entendemos como um Deus cheio de poder tenha esvaziado tanto de si mesmo e surgido em nosso meio como humano. Teria sido mais fácil acreditar num Deus poderoso que viesse sobre as nuvens lançando raios sobre os inimigos! Mas, se Jesus tivesse nos revelado dessa maneira nossa conversão não seria livre e sim motivada pelo medo. Deus não quer ser temido como se fosse nosso inimigo, mas amado como um Pai. Pense nisso!

Imagem de awsloley por Pixabay 

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  1. ..."Talvez, ainda hoje, não entendemos como um Deus cheio de poder tenha esvaziado tanto de si mesmo e surgido em nosso meio como humano"..

    Amem

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