Alegrai-vos!

 

Nas proximidades do Natal a Igreja nos premia com conjunto riquíssimo de leituras bíblicas. Um dos temas próprios desse tempo é o tema da alegria.

Tirada do livro atribuído ao Profeta Isaías (Is 61,1-2.10-11) uma das leituras faz menção a uma festa de casamento para falar do amor de Deus ao seu povo:

“Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação, envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa, ou uma noiva com suas joias...”

O profeta se diz ungido e se coloca como porta-voz de Deus para anunciar ao seu povo um novo tempo. Um tempo onde os pobres serão lembrados, os cativos libertados, os corações curados... Dentre esse leque de boas notícias uma se destaca: O anúncio do  “ano da graça do Senhor”!

Para entender melhor o que seria esse “Ano da Graça”, talvez, fosse bom consultar antes, as seguintes passagens bíblicas: Lev 25,10-17; Ex 21,2; Dt 15,12; Dt 15,1.

Esse “Ano da Graça” é uma alusão aos anos jubilares que eram celebrados de cinquenta em cinquenta anos, e aos anos sabáticos, celebrados de sete em sete anos. De acordo com a Lei de Deus, esses anos eram destinados a restaurar a situação original de justiça, por isso, nessas ocasiões, os escravos deveriam ser libertados, as dívidas deveriam ser perdoadas, e os bens e propriedades alienadas deveriam ser restituídos. Vejam se isso não é algo revolucionário! Israel que viveu a amarga experiência da escravidão egípcia não poderia repetir a mesma lógica com os mais fracos de seu povo. Se isso foi realmente colocado em prática, a gente nunca sabe. Seja como for, a orientação bíblica é maravilhosa!

São Paulo, na Primeira Carta aos Tessalonicenses ( 1 Ts 5, 16-24), também se faz presente no tempo do advento, e reforça o tema da alegria:

“Irmãos, estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstancias, porque  essa é, a vosso respeito,a vontade de Deus em Jesus Cristo”.

Estar sempre alegres! Isso é quase uma ordem! Mas, qual é a razão disso? Qual é o fundamento de nossa alegria? Nossa alegria não pode ser a alegria do bobo alegre. Ela se funda da certeza de que Jesus é a luz de nossas vidas. Ele nos trouxe a salvação restaurando em nós o estado de graça que havíamos perdido pelos nossos pecados. Nossa alegria, portanto,  é expressão de nossa fé em Cristo. Quando estávamos perdidos e incapazes de andar com nossos próprios pés, Jesus veio ao nosso encontro e nos trouxe a salvação. Por isso, temos motivos, de sobra, para alegrar-nos. Deus nos resgatou da boca da morte em Cristo Jesus!

Uma das invocações da Ladainha, ao falar de Maria diz que ele é a “causa de nossa alegria”. De fato, tudo começou com o seu sim. Foi a partir disso que “O verbo se fez carne e habitou entre nós!”

No dia da anunciação, as primeiras palavras do Anjo Gabriel dirigidas à Maria foi: Alegra-te, cheia de graça! O Senhor é contigo. Maria teve duas razões para alegrar-se: Estava plena da graça e contava sempre com a presença de Deus em todos os momentos de sua vida. Onde Deus está presente a tristeza não tem lugar.

Prevista, antecipadamente, pelo Profeta Isaías (Is 49, 13), a vinda do Salvador já era causa de alegria: “Alegrai-vos, céus; alegra-te, ó terra; prorrompam em cânticos as montanhas, porque o nosso Senhor virá”.  Essa mesma alegria também foi experimentada pelos pastores que vigiavam os rebanhos nas proximidades de Belém, quando o anjo lhes anunciou o nascimento de Jesus.

Nossa alegria cristã não se funda em coisas passageiras ou luzinhas de vitrines. Ela tem fundamento sólido: A certeza de que somos amados por Deus. Essa alegria ninguém pode roubar de nós. Portanto, ouçamos o que nos diz o Apóstolo São Paulo: Alegrai-vos, no Senhor!  

Imagem de MLARANDA por Pixabay