Encontramos o Messias!

 

Os textos bíblicos são muito ricos. Corremos o risco de lê-los sem prestar muita atenção ao que afirmam ou, ao que está oculto, sob as afirmações. Na passagem de São João (1,35-42), encontramos a afirmação que intitula esse texto. Ela foi proferida pelo Apóstolo André, durante seu encontro com Simão Pedro. O texto não fala, mas, penso que André disse isso, com brilho nos olhos e, cheio de empolgação, como quem acaba de encontrar um tesouro. Afinal, ele como todo bom judeu de seu tempo, ansiava pela vinda do messias. A vinda do messias iria entre outras coisas, libertá-los da vergonha da dominação romana. O messias inauguraria um novo tempo onde o lobo e o cordeiro poderiam andar juntos sem que um engolisse o outro...

Antes de conhecer Jesus André, era discípulo de João Batista. Certa vez, estando com dois dos seus discípulos provavelmente, à beira do Jordão, João viu que Jesus se aproximando. Então, ele o apontou como “cordeiro de Deus”, numa referência ao cordeiro pascal que fora símbolo da libertação do Povo de Deus quando esse vivia na escravidão egípcia (Ex 12, 3-14). O cordeiro imolado garantiu a vida e a liberdade daquele povo.

Ser discípulo de João não era pouca coisa pois, ele havia adquirido o respeito de todos. Sua estatura moral, sua história de vida, sua coragem e missão já seria o bastante para deixar vaidoso qualquer discípulo seu. Mas a característica mais forte de João Batista foi sua humildade. Sabia qual era o seu lugar. Por isso, chegou a afirmar com relação a Jesus: Convém que ele cresça e que eu diminua; não sou digno de desamarrar a sandália que ele calça... Exatamente, por causa dessa humildade, João encaminhou os próprios discípulos a Jesus. Não teve ciúmes de Jesus nem quis roubar a cena naquela hora. André foi um dos que trocou de mestre. Ele que fora fiel seguidor dos ensinamentos de João não será menos zeloso ao seguir o novo mestre. Pelo contrário, rapidamente passou a testemunhar em favor de Jesus. Foi o seu testemunho que levou Simão Pedro a Jesus. Encontrando-se com Pedro, André demonstrou tanta alegria ao falar de Jesus que ele não teve como recuar ao convite. O evangelho desce à pormenores desse encontro dizendo que foi na hora décima, lá pelas 04 da tarde, pois os judeus começavam a contar as horas à partir das 06 da manhã. Além do mais essa hora deve ter sido tão marcante para Pedro que ele jamais a esqueceu.

Andre falou de Jesus com brilho nos olhos, pois ele mesmo havia experimentado a beleza da mensagem cristã. Talvez esteja faltando em nós o tal brilho nos olhos quando falamos de Jesus. Nesse caso, nossa pregação não convence quase ninguém...

Os jornais, de vez em quando, noticiam que o número dos cristãos, está diminuindo cada vez mais. Sempre que leio esse tipo de informação penso, que talvez, esteja faltando testemunho, de minha parte. Talvez, eu esteja falando de Cristo sem brilho no olhar e alegria no coração. Acho que devo, e quem sabe, isso valha também para você, falar de Cristo à maneira de Santo André: Encontramos o Messias!

Dizem que esse apóstolo morreu numa cruz em forma de “X”. Quando imagino o entusiasmo com que ele anunciou ter se encontrado com Deus, não duvido que, de fato, ele tenha coroado com o martírio o seu seguimento. Que Santo André nos abençoe e nos ensine a ter entusiasmo para o trabalho missionário!

Imagem de falco por Pixabay