Don Juan e Lady Fogosa
De nascença ele já era desengonçado. O tempo passou, mas essa sua característica manteve-se, bem preservada. Talvez, por isso, nunca teve ...

De nascença ele já era desengonçado. O tempo passou, mas essa
sua característica manteve-se, bem preservada. Talvez, por isso, nunca teve
facilidade em arranjar namorada. E olhe que ele nem tinha um quadro avançado de
feiura. Na escala de um a dez, com algum esforço, talvez, tirasse nota quatro.
A sorte reservou-lhe um cantinho solitário e as mulheres pareciam fugir de sua
presença como pássaros assustados. Alguém lhe disse que era bom fazer
caminhadas, pois assim acabava cruzando com algumas mulheres, também adeptas de
tais práticas, pelas ruas da cidade. Essa ideia caiu-lhe feito luvas. De posse
dessa informação ele buscou uma roupa adequada e pavoneou-se todo. Mas, como
fosse um “homão” era difícil que uma roupa lhe caísse bem. Os homens que são
muito altos também pagam certo preço por isso! Em vão tentou ajeitar os cabelos
que teimavam em ficarem espetados uma vez que não tinham peso. Como eu gostaria
de carregar uma “moita” de cabelos, como alguns jovens, pensou quase em voz alta...
Depois que preparou a indumentária de ginasta amador mal
esperou o amanhecer do dia para “desfilar” pelas ruas. O entusiasmo durou pouco,
pois viu que nem mesmo com esse jeito de atleta de terceira idade conseguia
atrair o olhar das mulheres. Foi então que alguém lhe disse do gosto das
mulheres pelos cachorros. Não deu outra! Comprou logo um “Poodle” emplumadinho
e pensou: Agora vai ser batata! Qual mulher não irá esticar os olhos nessa
belezura? Mas, na tentativa de resolver um problema acabou arranjando outro. O
poodle, por enquanto sem nome, era mais carente do que ele. Ainda que ele
ficasse com o bicho no colo o dia todo ele continuava com aquela relança de
quem pede mais carinho. Parecia um saco sem fundo mendigando por atenção e
cafuné o tempo todo.
Numa manhã de domingo ensolarada botou um boné na cabeça para
exibir um visual mais jovem, pôs a coleira no poodle, e tomou o rumo do parque.
O bicho queria parar de poste em poste para deixar sua marca de urina numa
tentativa desesperada de demarcar território. Fazer o quê? Era o preço a se
pagar para atrair uma namorada... Aquele bichinho emplumado seria a isca perfeita! Mas parece que a coisa também não funcionou
muito bem. As mulheres passavam e sequer lhe dirigiam o olhar. Algumas pareciam
exibir um sorriso maroto ao ver aquele baita de homem puxando um poodle, pela
coleira. Por alguns instantes sentiu raiva do bichinho, ainda sem nome. Meio
cansado da caminhada e já com ímpetos de voltar para casa viu que a sorte
finalmente poderia lhe sorrir. Percebeu quando uma garota aproximava-se dele vindo do outro lado do parque. Notou que ela
também puxava um cachorrinho e pensou: - Ela também gosta de animais! Talvez seja a hora de encontrar-me com minha alma gêmea. Pelo jeito, já temos um
ponto em comum...
A garota aproximou-se dele sem tirar o olho do poodle e foi
logo dizendo: Olá, minha cadelinha está no cio. Ela se chama “Lady Fogosa”.
Será que você se importa de deixá-la brincar um pouco com o seu cãozinho? Qual
é mesmo o nome dele? Num átimo de segundo ele pensou em morrer. A garota não
perguntou o seu nome e mal dirigiu-lhe o olhar. O seu único interesse era no
animal que já não parava quieto de assanhamento. Acordando para a pergunta,
respondeu-lhe quase sem pensar: - Dom Juan. O nome dele é Dom Juan! E foi assim
que, naquela manhã ensolarada, Dom Juan teve um demorado e ardente encontro com Lady
fogosa. Quanto a ele? - Nada! Por alguns dias seguidos sentiu raiva e inveja de
Dom Juan...
Não sei, mas o problema está mais na personalidade e menos na beleza! XD
ResponderExcluirOh Meu Deus, coitado dele que nem nome tem!
ResponderExcluirCom certeza, depois desta tentativa com Dom Juan, ele até vai doar o cachorrinho e conformar com seu destino de solteirão!
Que amor dos🐕🐕❤️😂
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