O nascimento da palavra “Cristãos”

  O texto de Atos dos Apóstolos (At: 11,19-26), mostra-nos uma experiência fecunda da igreja, antiga, em Antioquia da Siria. Mas, como era e...

 


O texto de Atos dos Apóstolos (At: 11,19-26), mostra-nos uma experiência fecunda da igreja, antiga, em Antioquia da Siria. Mas, como era essa Cidade? Segundo pesquisas de Rinaldo Fabris(*), Antioquia foi um centro de grande relevância e depois de Roma e Alexandria, foi a Cidade mais importante do Império Romano. Apesar de sua história recente – ela foi fundada no início do Séc. III a. C. por Seléuto Nicátor – acabou se tornando um centro muito importante do Império. Desde o ano 27 a. C passou a ser a sede do imperador romano legado de César para a província da Síria e da Cilícia no comando de quatro legiões.  Distanciando apenas 35 km do Mar Mediterrâneo onde havia o Porto de Selêucia e tendo sua planície banhada pelo Rio Orontes, Antioquia se destacava geograficamente de outras cidades e já no Séc. I contava com, aproximadamente, meio milhão de habitantes.

Por causa da grande perseguição sofrida em Jerusalém, os primeiros cristãos se espalharam por toda a região do mundo antigo. Sendo assim, foram para a região da Fenícia, Chipre e Antioquia, da Síria (At: 11,19) e outras regiões “pagãs”. Posteriormente (aproximadamente nos anos 40 ou 50), alguns desses convertidos originários de Chipre e Cirene mudaram-se para Antioquia e lá começaram a pregar O Evangelho  de Jesus.  Foi nessa Cidade que, pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados “Cristãos” (At: 11,26). Antes disso, eram chamados de “irmãos”(1, 15), “crentes” (2,44) “discípulos”(6,1), “santos”(9,13). Esse nome, certamente, foi dado pelos pagãos e não pelos judeus que jamais iriam chamar os seguidores de Jesus assim, pois Cristo quer dizer “Ungido”, escolhido por Deus ou messias. Não aceitando Jesus enquanto tal, com certeza não iriam dar o nome de “cristãos” aos seus seguidores, preferindo chamá-los de “nazireus” ou nazarenos...

O que importa perceber nesse caso, é a presença de Deus que guia a história humana e faz a mensagem de Jesus se tornar conhecida mesmo em meio às adversidades. Nesse sentido, a perseguição sofrida em Jerusalém acabou favorecendo o crescimento do Evangelho. Em Antioquia formou-se uma fervorosa comunidade que contou com a presença de muitos ministérios. Foi de lá que Paulo e Barnabé deram início às primeiras grandes viagens missionárias. Depois que as notícias de Antioquia chegaram a Jerusalém, berço da fé cristã, Barnabé foi designado para visitá-la. A escolha dele foi muito adequada por diversas razões. Ele era natural de Chipre e, sendo assim, talvez, compreendesse mais facilmente os hábitos dos pagãos convertidos da região de Antioquia. Ele buscou Paulo para ajudá-lo na missão, manifestando sua abertura aos novos convertidos... Barnabé não foi a Antioquia para “fiscalizar” ou controlar, mas para animar a Comunidade. Essa, com certeza, foi uma grande “visita pastoral”, daquele tempo. Testemunhando todo o dinamismo daquela comunidade Barnabé, buscou Paulo em Tarso e, juntamente, com ele permaneceu um ano “participando da vida daquela igreja”(At: 11,26). Em quê consistiu essa “participação”? Muito provavelmente, catequizando e ajudando a formar novos cristãos...

A Igreja de Antioquia foi viva e dinâmica, caso, contrário, não teria sido uma espécie de “plataforma de arremesso” de missionários para todo o mundo antigo. O nome de Cristo, certamente, foi pronunciado ali tantas vezes, que acabou sendo transportado também aos seus seguidores. Hoje nós sabemos o que significa ser cristão. Mas, naquele tempo de nascimentos, o uso desse termo foi uma novidade para designar um grupo, profundamente, ligado a Cristo, o ungido de Deus. Os cristãos fervorosos de Antioquia questionam a qualidade de nossa fé cristã nos dias de hoje: Será que esse nome “cristão”, faz alguma diferença em nossas vidas? O fato de ser cristão muda alguma coisa em nossas atitudes? Será que nós, os cristãos de hoje não estamos muito divididos? Vale a pena refletir sobre isso!


Imagem de David Mark por Pixabay 

 

 *- Fabris, Rinaldo (tradutor). Atos dos Apóstolos. São Paulo, Loyola – 1991 – PP 226.

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  1. Com certeza sermos Cristão faz mt diferença em nossa vida sim...
    Q Deus abençoe o senhor Padre Geraldo Gabriel por sempre compartilhar com nos e nos fazer refletir

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  2. Ser chamado de cristão é um carimbo na alma e um dever de dar jus a esse chamado. Deus abençoe padre Geraldo, por seu trabalho

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  3. Este nome "Cristãos" deveria nos levar a uma profunda união com Cristo. Somos todos ungidos por Cristo, no batismo. Por isso, formamos uma fraternidade universal. Que Deus nos ajude nesta tarefa de, unidos, levar o Santo Evangelho.

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  4. Obrigado por todo dia ter essas palavras

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  5. Foi muito difícil chegar até aqui e poder falarmos que somos cristãos e essa preocupação tem fundamento pois tem cristãos que nem se deu conta ainda de que ser cristão é mudança é tomar atitude

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