São Paulo Apóstolo jurado de morte em Jerusalém

 

Nunca consegui entender como um povo religioso pode tramar, com facilidade, a morte de alguém ainda que esse alguém seja culpado de algum crime ou contravenção. Infelizmente, ao longo da história, muitos povos de diversas religiões já fizeram isso. Mas, o que interessa por ora, é falar do Apóstolo Paulo e das perseguições que ele sofreu em Jerusalém. Na vida do apóstolo o que não faltaram foram perseguições, seja por parte dos judeus ou pagãos. Mas, foi em Jerusalém que teve início a sua “paixão” assim como aconteceu também com Jesus. Os detalhes disso tudo você poderá conferir no Livro dos Atos dos Apóstolos dos capítulos 21 a 23.

Paulo não era bobo e sabia que iria passar por tal situação. Mas, nada disso importava para quem dizia: “Viver para mim é Cristo”! Além do mais, ele foi alertado por muitos amigos sobre a possibilidade dessa perseguição, conforme veremos. Mas, vamos por parte:

Estando em Mileto, na Ásia Menor, em sua terceira viagem missionária, ele despediu-se dos coordenadores das comunidades (presbíteros) que fundou, dizendo que eles não iriam mais ver a sua face:

 E agora, prisioneiro do Espírito, estou indo para Jerusalém sem saber qual será a minha sorte naquela cidade... E agora me dou conta de que vós não mais vereis a minha face, vós todos entre os quais passei anunciando o Reino (At 20, 23.25).

Esse discurso pronunciado em Mileto foi carregado e emoções e recomendações. Ao final do mesmo, todos se ajoelharam na praia e rezaram antes que Paulo entrasse no navio. Deixando Mileto ele seguiu para Tiro, na Síria, passando antes, pelas Ilhas Cós e Rodes, a ilha das rosas... De Pátara a Tiro, caso o vento estivesse favorável, a viagem duraria em torno de três a quatro dias!  A meta de Paulo era chegar a Jerusalém, mas antes disso, passa em Cesaréia e Ptolemaida. Em Tiro, onde permaneceu por sete dias (Atos 21,3), Paulo foi advertido pelos irmãos para que não fosse a Jerusalém. Antes de embarcar para Ptolemaida, mais uma vez, Paulo se ajoelha na praia com os amigos para um momento de oração (21,5).  Nessa cidade ele permaneceu apenas um dia e depois seguiu para Cesaréia de Filipe onde fora advertido por Ágapo (dotado do espírito profético) para não ir a Jerusalém. Paulo, no entanto, fizera um voto, uma promessa e em razão disso, não poderia desistir da viagem. Por causa da promessa raspou os cabelos (At 21,24) e, após encontrar-se com a Comunidade de Jerusalém e entregar-lhe uma coleta, dirigiu-se ao Templo, para os rituais religiosos. Alguns judeus, provenientes da Ásia, ao vê-lo no Templo, sublevaram a multidão e o agarraram gritando:

Israelitas, socorro! Eis o homem que a todos e em toda parte vai propondo uma doutrina contraria à Lei e a este lugar. E agora introduziu até pagãos no recinto sagrado, profanando este lugar santo (At 21, 28).

Havia no templo de Jerusalém uma divisória proibindo os pagãos de acessarem a determinados lugares. Paulo sabia disso e não infringiu a lei. Então, o que aconteceu foi uma mentira. Seja como for, o povo ficou agitado e, por pouco, não o assassinou ali mesmo. Isso só não aconteceu por causa de uma intervenção da “polícia” romana que o recolheu à caserna. Mas, antes de ser preso Paulo obteve autorização para falar ao povo e fez um longo discurso (AT 21, 37 – 22,21). Mas, à semelhança do que ocorrera com Jesus os judeus pediram sua morte. Por ser cidadão romano Paulo estava sob a tutela de Roma e, por isso, foi transferido para Cesaréia, sede do governador, escoltado por 470 soldados (At 23,23)! Como se vê, Paulo não era um prisioneiro qualquer. Essa tropa toda foi mobilizada porque os judeus fizeram um plano para matá-lo, a qualquer custo, em Jerusalém. Em Cesareia, antes de ser transferido para Roma Paulo ainda enfrentará três “audiências”; uma presidida por Félix e duas por Festo. Ciente de seus direitos e sem confiar muito na justiça local Paulo apela para ser julgado em Roma (AT 25,12). Dessa maneira o Grande Apóstolo cumpre o mandato de Jesus de ir a todo mundo e anunciar o Evangelho a toda criatura!

Imagem de Judith Scharnowski por Pixabay