Qual é o seu limite?

  Costumamos dizer que Deus é mistério e isso está, absolutamente, correto. Mas, hoje eu gostaria de dizer que o homem também é mistério. Ce...

 


Costumamos dizer que Deus é mistério e isso está, absolutamente, correto. Mas, hoje eu gostaria de dizer que o homem também é mistério. Certamente, você já ouviu dizer que “coração humano é terra estranha”. Talvez, essa seja, a nossa maneira limitada de dizer que o homem é mistério.  Mas dizer “o homem” é sempre meio vago, pois esse “homem universal” ou, esse modelo perfeito de homem que serve de cópia aos demais, é uma herança platônica e só existe no mundo das ideias.  O homem sou, é você, somos cada um de nós. E cada um de nós temos “infinitas” potencialidades desconhecidas e misteriosas dentro de nós. As diversas histórias de superações nos revelam isso.

Nós temos um “castelo interior” dentro de nós mesmos que serve de habitação ao sagrado. Desse núcleo humano crepita um vulcão incandescente que nos habilita a agir, amorosamente, no mundo. Nem todos, no entanto, tem acesso a esse castelo sagrado pois, grande parte da humanidade vive no verniz da fé. O verniz tinge apenas a superfície sem adentrar na peça de madeira. Em momentos pontuais de nossa existência recebemos algumas lavas desse vulcão interior capaz de transformar esse verniz conferindo-lhe um brilho muito singular em forma de amor.

O amor é uma grande força presente em nosso interior, que nos capacita a realizar os gestos mais lindos da humanidade. Deus é o outro nome do amor. Aliás, Deus é amor (1 Jo 4,16) e esse amor habita em cada um de nós. É bem verdade que, podemos contemplá-lo, fora de nós. Mas, não deixa de ser verdadeiro que podemos contemplá-lo também dentro de nós. E, nesse sentido, basta um lampejo de contemplação para que nossa vida seja toda transformada. A visão de Deus causa-nos embriaguez de contentamento... “Tu me fazes delirar com apenas um dos teus olhares”, dizia a amada ao amado no livro dos cantares (Ct 4,9).  Contemplando essa fogueira interior nossa vida se funde à graça divina num todo harmonioso como as variadas cores se fundem na beleza do arco-íris. Nesse estado de contemplação “nos perdemos” no amor e, dissolvidos em Deus, esquecemos de nós mesmos... Alguns santos chegaram a afirmar como o Apóstolo Paulo: Viver para mim é Cristo! ( Fl 1, 21).

Quem vive mergulhado em Deus não tem limites para amar. O critério para medir o amor, então, depende de nossa capacidade de mergulhar nesse oceano profundo. Ama mais e melhor quem for capaz de mergulhar mais fundo; Ama com amor divino aquele que se doa ao outro, de alguma forma esquecendo-se de si mesmo. E quem quer se dedicar ao outro sempre arranja um jeito para isso. Até quem vive na vida monástica, pode ser solidário com quem sofre com suas orações e súplicas a Deus. Que o diga Santa Terezinha do Menino Jesus!

Para finalizar minha reflexão gostaria de perguntá-lo: - Qual é o seu limite para o amor?  Essa pergunta também poderia ser trocada e ficaria assim: Qual é o nível de sua profundidade espiritual? A resposta a essa pergunta seria a mesma pois, a experiência de Deus, necessariamente, leva-nos, à vivência do amor e da fraternidade.

Imagem de David Mark por Pixabay ´

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  1. Padre Gabriel, que maravilhosas e benditas palavras! Coisa de Deus mesmo!

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  2. Abençoadas palavras que brotam do seu coração padre Gabriel e transformam em texto! Coisa de Deus!

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  3. O amor é a única força capaz de mudar, converter e transformar o ser humano...

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  4. ..."Nós temos um “castelo interior” dentro de nós mesmos que serve de habitação ao sagrado. Desse núcleo humano crepita um vulcão incandescente que nos habilita a agir, amorosamente, no mundo."...

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  5. .." cada um de nós temos “infinitas” potencialidades desconhecidas e misteriosas dentro de nós. As diversas histórias de superações nos revelam isso."..
    Muito lindo e perfeito isso!

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