Quem mora no navio corre o risco de não ver o mar..
O título desse artigo foi inspirado no livro “Cidadela” de Saint Exupery. Ele me faz pensar sobre uma porção de coisas e, por isso, gostar...
O título desse artigo foi inspirado no livro “Cidadela” de
Saint Exupery. Ele me faz pensar sobre uma porção de coisas e, por isso,
gostaria de dividir com você essas inquietações. Para explicar um pouco o que pensei,
passo a citar alguns exemplos:
Ele era eletricista experiente e já estava cansado de subir e
descer em postes, ligar e desligar chaves de alta tensão. Apesar de muitos anos
na função, morreu eletrocutado! Estava acostumado demais à rede elétrica e
passou a minimizar os perigos da função. Não viu o mar, mesmo estando no
navio...
O segundo exemplo que cito, infelizmente, me vem de um fato
real. Ele era pedreiro e mexia com makita (serra circular) o tempo todo. Faz
pouco tempo, enquanto aparava uma tábua, quase decepou a mão com a ferramenta. O
socorro demorou e ele perdeu muito sangue. Em consequência de anemia e
outras complicações acabou morrendo. Por conhecer demais o serviço abriu
mão da segurança e pagou muito caro por isso! Em certas profissões a gente nunca pode "baixar a guarda"!
Quando a pessoa mora no navio acostuma-se com a paisagem
marítima e passa a não ver o que representa o mar. Quem poderá conhecer o
temperamento do mar e os seus mistérios? Que segurança tem o nosso navio diante
das forças de uma natureza em fúria?
Agora vou olhar a frase por outro prisma, ou seja,
aplicando-a, em nossa relação com o sagrado. Confesso a você que tenho medo de
acostumar-me ao altar e, por causa de minha rotina litúrgica, passar a não ver
o sagrado que ele representa. Sei que a rotina pode assassinar qualquer
encantamento inicial. Isso acontece até mesmo aos casais que, por causa dela,
perderam o encantamento do primeiro amor. Perder o senso do sagrado é um risco que correm todos aqueles que ajudam em algum trabalho de igreja. Esses convivem muito de
perto com o mar e correm o risco de não ver os seus encantos. O altar não pode
ser confundido com nossa mesa da cozinha, embora essa, deva também comportar
uma dimensão sagrada.
Os conterrâneos de Jesus que o viram crescer não conseguiram
perceber sua divindade (Mc 6, 1-6). Para eles, Jesus nunca foi além de ser o “filho do zé
carpinteiro”. Estavam perto demais do oceano e não viram sua grandeza. Só após crucificá-lo,
alguns perceberam quem ele era. Às vezes, é preciso um grande trauma para que
reconheçamos a beleza daqueles com quem convivemos todos os dias. Já me cansei
de ouvir declarações de amor em velórios... É uma pena! Ao visitar sua terra natal Jesus foi ensinar na sinagoga em dia de sábado. Aqueles que o escutavam ficavam, simplesmente, admirados. Mas, os seus conterrâneos logo deram um jeito de desqualificá-lo: De onde ele recebeu tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? Ora, ele é o filho do Zé. Até parece! Quem nasceu para calango nunca chega à crocodilo...
Quem está debaixo da floresta não consegue ver o real tamanho
que ela tem. Para isso é preciso ganhar distanciamento. Só do alto de um
satélite é que conseguimos medir as dimensões de uma floresta. Em se tratando
de gente é lamentável que alguns sejam reconhecidos somente após a morte. No caso, de Jesus, nem depois da morte foi reconhecido como divino pelos seus conterrâneos. É uma pena!
Nessa vida somos todos condutores de um pequeno navio que é nossa própria existência. Ela é uma embarcação frágil e provisória pois, não temos aqui uma morada permanente. Então, acostumemo-nos, desde já, a contemplar o azul do mar. Melhor contemplá-lo de dentro dele que de fora pois, mais cedo ou mais tarde nossa embarcação irá repousar entre “cavalos marinhos, algas e corais...”conforme a música abaixo.
Foto em destaque: https://pixabay.com/pt/illustrations/navio-costa-agua-oceano-para%c3%adso-106566/
Lembrei-me daquela frase que diz que a pessoa só valoriza o que tem depois que perde. Por isso, precisamos reconhecer nossa existência como um grande dom de Deus.
ResponderExcluirMúsica boa de se ouvir -Mercedes sosa - Quanto ao que diz o texto, é sim uma verdade, a nossa rotina do viver pode deixar de perceber a riqueza de muitos detalhes da nossa vida.
ResponderExcluirAs vezes vamos procurar longe o que está do nosso lado!! Temos vergonha de valorizar o proximo
ResponderExcluirMais uma vela metáfora.... Ver o mar e deixar-se ver por ele. Talvez seja esse o caminho, pois eu posso até perdê-lo de vista, mas ele estará sempre a me ver a cuidar de mim.
ResponderExcluirpadre maravilloso texto vai min ajudar refleti sobre o medo de estar no maar e nao ver o mar e emtender que a vida comtinua a pezar da perdas comfiamdo em Deus que Deus lle pagui
ResponderExcluirFico a pensar das vidas que passam e só sai reconhecidas pós morte com nome de ruas , praça e até escultura. Ver o humano e não perceber e dar o valor do mesmo em vida.
ResponderExcluirA beleza das coisas está nos detalhes.
ResponderExcluirComo fez sentido esse texto, exatamente nesse dia de hoje. A palavra certa, na hora certa.
ResponderExcluirBoa tarde,Gentileza gera gentileza!
ResponderExcluirTexto maravilhoso, as vezes a gente corre o risco de morar no navio e não conhecer o mar.
ResponderExcluirEsse texto é a mais pura vdd as vezes acostumamos tanto com as coisas k nem reparamos as preciosidades ao nosso redor.
ResponderExcluirTexto maravilhoso. Como nossa visão é curta, míope diante da grandeza do mar. "Acostumemo-nos, desde de já, a contemplar o azul do mar."
ResponderExcluirSem comentários de tão sublime esse texto, receio empobrecer cada detalhe.
ResponderExcluirBoa tarde mais uma vez encantado com estes trechos refletivos que nos faz ir além ,muito interessante ,por isso falo também que devemos descartar os excessos de confiança ,pois não podemos achar que aprendemos e acabou ,devemos privar pela nossa segurança e dos outros...
ResponderExcluirSempre bom poder parar a roda da vida para refletir... Tenho assim como muitos curiosidades, dúvidas... Será que estou fazendo a coisa certa? Será que Deus me desenhou para viver assim? Como uma rosa se abrindo, só posso saber a meu respeito, aquilo que tive coragem de confidenciar a vc.
ResponderExcluirEste é o nosso grande desafio do dia a dia.
ResponderExcluirA rotina nos acomoda e pode nos levar sim a morte prematura.
Fiquemos pois vigilantes para percebermos a bela do mar..
Obrigada por me abrir os olhis
ResponderExcluirValorizar quem esta perto em quanto pode e tem tempo
ADOREI!
ResponderExcluirBoa noite e a sua benção Padre Gabriel, infelizmente estamos vivendo o mar e esquecendo o barco, ás vezes nos deparamos com tantas tempestades marítimas que são criadas por muitos que se dizem cristãos,mas por viverem juntos os mares esquecem dos pequenos barcos a bailar na fé, na paz e não conseguem enxergar um dedo após o nariz,e os pequenos barcos são os nossos irmãos!!!
ResponderExcluirA cada vez que releio, me emociono e não contenho as lágrimas 😭
ResponderExcluirBoa tarde P Geraldo gabriel. após ler esta linda meditação. é fácil entender que na maioria das vezes estamos no navio e não sabemos apreciar e nem valorizar a verdadeira beleza que mar nos oferece.
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ResponderExcluirBelas reflexões podem ser tiradas do texto. Inicio concordando que quando sofremos um trauma valorizamos o que era rotina. Não devemos mesmo deixar de ter os encantamentos da vida que nos rodeia por simplesmente acostumarmos e achar que serão sempre assim.
ResponderExcluirA vida deve ser bem vivida, mas ela pode nos surpreender, portanto valorizemos o que ela nos oferece, e cuidemos em respeita-la, em destaque os reinos animal, vegetal e mineral, assim estaremos tambem nos preservando.
O título me deixou curioso e quando mencionou sobre a questão de acostumar com algo e não enxergar os perigos, na minha cabeça já iria te incitar que as vezes ocorre o contrário: de não enxergar as belezas... e não é que foi explorando a cada linha todos os significados do título?
ResponderExcluirBoa tarde ótima reflexão ,neste contexto dw grandiosas palavras, nesta altura do campeonato ainda tem pessoas que vivem com muito excessos de confiança ,só pensando em si próprio e esquecendo do próximo ,grande abraço...
ResponderExcluirBoa noite!
ResponderExcluirConfesso que também tenho medo de me acostumar com o Sagrado e não parar a dar o verdadeiro valor à Sua Presença, no dia a dia e corre e corre da vida!
Aliás, são tantas as oportunidades que ELE nos oferece para ser louvado e amado que nos esquecemos de parar e assim fazê-lo.
Que o Espírito Santo de Deus nos ajude a ter mais sensibilidade com a Presença!Shalom!
Na correria da vida,muitas vezes esquecemos de valorizar o que realmente importa,e quando nos damos conta, ja é tarde.
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