Quando o céu chora
Levantei-me do banquinho somente para espiar a chuva através da vidraça. A serra foi se embranquecendo, aos poucos, e as gotas começaram a...
Parei de escrever para espalhar baldes na cozinha, naquele
instante, cheia de goteiras! Enquanto o céu chorava em voz alta uma goteira
insistente pingava e respingava como cantora solo.
Cobrindo a árvore ressequida meu pé de chuchu abriu seus
ramos como guarda-chuva verde protegendo as suas intimidades. Enquanto isso, debaixo da chuva, a goiabeira chorava seu desamparo... O sol insistia num último lampejo através da
cortina de chuva. Um menino gritou na praça: “Sol e chuva é casamento de viúva...”
Mas, quem disse ao menino que o sol
precisa dormir para que a chuva possa acordar?
No arame inclinado do varal as gotinhas de chuva iam se
acumulando em fileiras para pingarem na parte mais baixa. Elas me lembraram da
música “Sassaricando”: Sa-sa-saricando...
todo mundo leva a vida no arame... Sa-sa-saricando, o brotinho a viúva e a
madame...
A goteira continuava insistente na cozinha. Mas, quem se
preocupa com uma gota d’água quando milhares delas caem lá fora? Quando a chuva
passou uma brisa fresca soprou em meu rosto. Aquilo não era chuva nem vento.
Era o próprio Deus a me encher de carícias ao final do dia...
Foto: Arquivo pessoal - Minha horta em São José da Varginha
Deus seja louvado!
ResponderExcluirQue maravilha!
Amo ler seus textos!! Quanta sabedoria.
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