Rádio: uma coisa de Deus!

 

Quem inventou o rádio está no céu e, disso, não tenho dúvidas. De todas as invenções humanas, o rádio é a que mais nos ajuda em tudo: Ele nos alegra, informa, diverte, faz e acontece... Nenhuma ferramenta de comunicação é mais eficiente e importante que o rádio. Ele entra, verdadeiramente, em nossa intimidade. Podemos ouvi-lo em todos os ambientes, na cozinha, quarto e – pasmem! – nos banheiros.  Eu sou daqueles que não entro no banho sem um radinho. Debaixo do chuveiro, onde todos se consideram uns “Pavarottis” eu canto ainda mais alto que ele. Valha-me Deus!

Com o rádio eu me deito e me levanto e, no meio das noites, acordo com sua voz. Tenho rádio em casa (mais de um), no carro e no trabalho, e por sorte, trabalho numa rádio. Gosto dele com fisionomia antiga e moderna. Não importa. O que importa é tê-lo sempre por perto. Quando era criança e ainda não tinha um “aparelho” usava um tijolo com um arame por trás para servir de antena. Aquele rádio sem voz, ampliava minha imaginação e nele podia ouvir músicas de outros planetas...

Bem aventurado quem inventou o rádio, essa “caixinha mágica” que desperta em nós o grande poder da imaginação. Ele é prático, barato e aderente. Cola em nossa pele e nos acompanha por todos os lados. Gosto dele até para ouvir notas de falecimentos, desde que não seja dos meus amigos, é claro! Confio mais na hora do rádio do que em meu relógio de pulso.  Somente os galos das madrugadas competiam com o rádio na barra do dia. Hoje não competem mais pois foram para dentro dele. No meio do dia o rádio é ótimo – Vale dizer que tenho um programa ao meio dia – e ao cair da tarde não existe nada mais agradável que um radinho falando aos nossos ouvidos. Quem ainda não se emocionou com as músicas românticas veiculadas pelo rádio, esse grande entendedor dos sentimentos humanos? Quem não o agradeceu na hora dos grandes engarrafamentos?

O rádio tem um feitiço que nenhum outro meio de comunicação possui. Com apenas os recursos sonoros ele faz o ouvinte viajar na imaginação! Em nossos dias muitos são seduzidos pela imagem. O narcisismo não tem tamanho! Apesar de Narciso estar vivo quem, verdadeiramente, desceu à mansão dos mortos em busca do seu amor foi Orfeu. O espaço de Orfeu também é sonoro. Com os encantos de sua música até o sol ficava parado no céu! O rádio pertence ao mundo de Orfeu. Ele espanta nossos fantasmas e nos faz caminhar na estrada da imaginação. Com ele a gente passa a enxergar  com os olhos da alma.

Quem ama o rádio, de verdade, jamais tem solidão. Com ele você canta, reza e vibra. Quem nunca se emocionou ao ouvir uma narração do seu time preferido? Quem nunca sentiu um aperto no coração ao ouvir uma música romântica que fez parte de sua juventude? Quem nunca parou o que estava fazendo para ouvir uma notícia de última hora? O rádio não atrapalha você dirigir o seu carro nem atrapalha o seu trabalho. Pelo contrário, ele o ajuda, como ninguém, a enfrentar o peso do dia-a-dia. Por isso, quem o produz deve encará-lo com responsabilidade e respeito. Trabalho no rádio há quase trinta anos e ainda me considero um aprendiz. O que me alegra é constatar que apesar dos modismos o rádio nunca saiu de cena. Ele jamais deixará de ocupar um grande espaço no palco de nossas vidas desde que existam pessoas apaixonadas por ele. E viva o rádio!

Foto destaque: https://pixabay.com/pt/photos/menino-r%c3%a1dio-retro-vintage-chap%c3%a9u-2861417/