Um colar dado por Deus

  São Francisco de Sales no “Tratado do Amor de Deus” (Livro I – Cap 18), fala da marca deixada por Deus em cada um de seus filhos. Essa mar...

 


São Francisco de Sales no “Tratado do Amor de Deus” (Livro I – Cap 18), fala da marca deixada por Deus em cada um de seus filhos. Essa marca é a inclinação natural que temos para amar a Deus. Deus foi muito bom para conosco e não retirou de nós o seu amor mesmo depois de termos perdido a graça original por causa do pecado de nossos pais. Ele nos respeita por causa de nosso livre arbítrio, mas deixou dentro de nós uma inclinação natural para amá-lo, apesar de nossos pecados. Para ilustrar esse pensamento ele conta-nos uma história, coisa que sabe fazer como ninguém. Se não fosse forçar muito a barra diria que ele teria nascido em Minas Gerais, pois, via de regra, os mineiros são bons contadores de casos. Que o diga João Guimarães Rosa! Mas, vamos ao caso:

Tal como sucede com os veados a que os grandes príncipes mandam às vezes pôr colares com seus brasões, mandando-os depois soltar e Pôr em liberdade nas florestas, os quais não deixam de ser reconhecidos por quem quer que os encontre, não somente por terem sido uma vez presos pelo príncipe cujas armas trazem, mas também por lhe estarem ainda reservados, pois assim se conheceu a extrema velhice de um veado que, como dizem alguns historiadores, foi encontrado trezentos anos depois da morte de César, porque acharam nele um colar onde estava a divisa de César e estas palavras: César me soltou.

A história nos permite entender como somos ligados através de fios invisíveis. Deus nos criou livremente e nós pecamos. Mas, como fomos criados à sua imagem carregamos dentro de nós essa marca de Deus assim como o colar preso ao pescoço do animal citado na história. Mesmo perdidos na floresta do mundo podemos ser reconhecidos pelos caçadores. Penso que o diabo tem medo de nos tocar por causa dessa marca divina dentro de nós... Ela revela quem é o nosso Senhor. Estamos soltos em nosso livre arbítrio, mas carregamos esse colar de pertencimento a Deus e ele pode nos arrastar novamente até Ele com sua divina providência.

A natural inclinação que temos, de amar a Deus sobre todas as coisas não existe inutilmente em nossos corações, pois Deus se serve dela para nos atrair a si. Dessa maneira somos como “avezinhas” atadas por um fio pelo qual Deus possa puxar-nos até Ele de acordo com sua divina misericórdia. Por isso, o profeta chama essa inclinação de luz, alegria e júbilo *, pois, ela nos consola em nossos desvarios, dando-nos a esperança de retomar a beleza da amizade primitiva com Deus.

Louvemos ao Senhor por esse colar colocado em nosso pescoço, ou seja, essa inclinação natural para amá-lo. Ainda que eu percorra o vale da sombra e da morte jamais gostaria de perder tal colar. Por meio dele Deus há de me reconhecer como um filho amado, por quem o seu Divino Filho deu a própria vida!

*Sl 4,7 – Muitos dizem: “Quem nos fará ver a felicidade?” – Senhor, levanta sobre nós, a luz de vossa face!

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