Sentido da vida
Um pai de família que madruga, todos os dias, para se dedicar ao trabalho exaustivo corre o risco de fazer isso de forma tão automática e ...

Um pai de família que madruga, todos os dias, para se dedicar
ao trabalho exaustivo corre o risco de fazer isso de forma tão automática e nem
se perguntar pelo sentido do que faz.
Esse tipo de pergunta pode colocar em cheque muitas de nossas ações.
Você já se perguntou porque faz isso ou deixa de fazer aquilo? Para ilustrar meu pensamento vou lhe contar
uma história:
Havia, certa vez, um
agente ferroviário que, todos os dias, batia nos trilhos com um martelo de ferro
assim que o trem passava pela estação. Um dia alguém lhe perguntou: - Olha, meu
amigo, todos os dias eu o vejo repetir esse mesmo gesto. Por que você faz isso?
- Ele parou um pouco e, pensativo, respondeu: - Boa pergunta! - Você sabe que
eu também não sei. Apenas, cumpro uma ordem que recebi para fazer isso todos os
dias mas, até hoje não sei o porquê?
E você? Sabe o porquê de suas ações? Quando não sabemos dar
sentido para aquilo que fazemos deixamos de ser autônomos, para ser autômatos
agindo apenas “no piloto automático” que obedece à comandos externos. Esses
comandos nos chegam, o tempo todo, seja pelas religiões, estado, sociedade de
consumo...
Sísifo, personagem da mitologia grega, foi condenado pelos deuses
a rolar uma pedra montanha acima por toda a eternidade. Após chegar ao topo da mesma, a pedra rolava
para baixo e ele tinha que repetir, eternamente, a operação. Sua vida se resumiu a isso: Rolar pedra,
eternamente, em cumprimento de um castigo! Essa tarefa, sem sentido, só foi
interrompida uma única vez, quando Orfeu, o deus da música, em visita ao mundo
dos mortos, tocou sua lira. A música era tão bonita que Sísifo parou de rolar a
pedra e sentou-se sobre a mesma para ouvir aquela música.
Muitas vezes, nos parecemos a Sísifo quando resumimos nossa
vida à árdua tarefa de rolar pedras! Pior que isso é o fado do escaravelho que
vive a rolar estrume para organizar o seu ninho. A tarefa lhe parece tão
repugnante que ele a realiza andando de fasto! Conheço pessoas que se lhe
assemelham nesse ofício, pois esquecendo-se, que tem asas vivem atoladas na
lama...
O autor do Eclesiastes, livro bíblico de sabedoria, parecia
enxergar tudo isso três séculos antes de Cristo. Com seu pensamento, carregado
de pessimismo, questiona todos os valores de seu tempo. Ele põe um pedra no
sapato dos conformistas com a moda da ocasião.
O livro incomoda por questionar, sem apontar caminhos de saídas. Isso
não deixa de ser terrível para quem, como boa parte de nós, gosta de respostas
prontas e só vemos a realidade em preto e branco. O autor questiona as palavras
de ordem e o sentido de suas ações: - Vaidade,
das vaidades: -Tudo é vaidade! É vaidade trabalhar, feito burro de carga e,
deixar tudo a outros que nada fizeram... O autor do livro, inconformado com a
realidade do seu tempo nos ensina a questionar nossa própria realidade e a
falta de sentido, de grande parte, daquilo que fazemos. Hoje, precisamos de
novos Orfeus. Somente eles podem produzir encantamentos para nos tirar da
escravidão de rolar pedras... Pense nisso!
Imagem de Topi Pigula por Pixabay
Bela reflexão! As vezes nos deixamos levar a vida num verdadeiro piloto automático. E não pensamos o que estamos fazendo deixando de viver muitas coisas.
ResponderExcluirÓtima reflexão Pe. Geraldo. A maioria de nós está no automático e pior, sem rumo.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras
Prof Geraldo Sérgio
Falou tudo, padre. Às vezes nem sentimos nossa respiração. Parar e refletir é muito importante. Obrigada por nos ensinar tanto.
ResponderExcluirSomos muito presos aos valores do mundo. Enquanto que o verdadeiro valor são nossas escolhas. Que saibamos fazer escolhas certas e deixarmos de ser rola.....
ResponderExcluirRolar pedras
ResponderExcluir"Vaidade, das vaidades: -Tudo é vaidade! " ..." muitas vezes agimos apenas no piloto automático..." Que o Senhor nos ajude a encontrar e trilhar os Seus caminhos!!!
ResponderExcluirIncrível! Maravilhosa reflexão. Há anos penso na importância de encontrar sentidos na vida padre. Lembrei me do 1° livro da faculdade de Victor Frankl (Em busca de sentido na vida). Obrigado pelas palavras e provocações em sua reflexão. Deus o abençoe abundantemente.
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