Partilhar alegria

  Numa cidade do interior, quando morre alguém, quase todos ficam sabendo do fato, sobretudo, se o morto teve morte trágica.   O velório, ra...

 


Numa cidade do interior, quando morre alguém, quase todos ficam sabendo do fato, sobretudo, se o morto teve morte trágica.  O velório, rapidamente, fica repleto de amigos, curiosos e gente do ramo. Essa “gente do ramo” sempre anda à cata de velórios ou outras novidades que possam render novos assuntos. Nunca ouviram falar do morto e não tem intimidades com a família dele mas, são os primeiros a chegarem aos velórios esboçando, nos semblantes, um sinal, dissimulado, de tristeza.  Mas, não é sobre mortos e velórios que escrevo esse texto e sim para falar da importância de compartilhar a alegria.

O Evangelho de São Lucas (Lc 15, 1-32) conta-nos três parábolas e todas falam de alegria. A primeira cita uma mulher que tinha dez moedas e perdeu uma delas. Curiosamente, a perdeu dentro de casa. Quem nunca passou por isso?  Desesperada ela acendeu a luz e varreu, cuidadosamente, a casa encontrando sua moedinha.  Sua riqueza estava comprometida embora estivesse dentro de sua própria casa.  Assim que recuperou a moeda não se conteve de tanta alegria e chamou as amigas e vizinhas para compartilhar com elas essa felicidade.  Sua alegria era grande demais para caber, apenas, em seu coração. As vizinhas, certamente, compareceram pois a felicidade da amiga também seria a felicidade delas.  Aqui temos uma grande lição de fraternidade: Devemos ser solidários com os outros também nos tempos de alegria e não apenas nas horas tristes!

A outra parábola citada nos fala da ovelha perdida e foi encontrada. O pastor tinha cem ovelhas e perdeu apenas uma. Mas cada ovelha era única e insubstituível. Por isso, aquele pastor deixou as noventa e nove ovelhas no deserto e foi atrás daquela que se perdeu.  Ao encontrá-la, não a castigou, pelo contrário, colocou-a, carinhosamente, sobre os ombros e a conduziu à segurança do abrigo.  Aqui, devo confessar-lhe, que morro de inveja dessa ovelha!  Quem não gostaria de ser carregado nos ombros pelo bom pastor que é Jesus?  A parábola afirma que aquele pastor convidou os amigos para festejar com ele o fato de ter encontrado a sua ovelha. O texto não diz mas, penso que a festa varou a noite pois a alegria compartilhada é duradoura.

A terceira parábola de Jesus dispensa comentários! Fala do filho, sem juízo que, abandonando a casa do pai, perde tudo o que tem. Já no fundo do poço decidiu voltar aos braços do pai e o faz cheio de decepção e vergonha.  O comportamento do pai foi maravilhoso pois, ele mandou fazer uma grande festa, para comemorar a volta do filho que estava perdido e foi encontrado.  Certamente, chamou um bom sanfoneiro, mandou fazer doce de leite, pão de queijo e broas, pois toda festa que se preza tem que ter tudo isso. Mas, esses acréscimos são meu e não estão no Evangelho. Como bom mineiro que sou, tenho direito de citar o pão de queijo como exemplo de festa boa. Mas, o que mais importa aqui, é ressaltar o compartilhamento da alegria.

Todos nós enfrentamos momentos tristes e alegres em nossas vidas. Nas horas de tristezas um abraço amigo é muito importante. Mas, ele é, igualmente, importante nas horas de alegrias. Sendo assim, devemos celebrar as diversas datas alegres de nossas vidas: Batizados, casamentos, aniversários, festas dos padroeiros... Como você celebra esses momentos? Celebra sozinho ou com a presença dos amigos? Fico pensativo quando uma capela da paróquia, por exemplo, está celebrando o padroeiro ou uma ocasião importante e as outras não comparecem e nem se tocam. Em sua paróquia como você pode ser mais solidário e mais participativo? Pense nisso. A alegria também deve ser compartilhada e não apenas as tragédias.

Imagem de Astrid Pereira por Pixabay 

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  1. A vida fica mais leve, quando agradecemos mais e reclamamos menos. As alegrias são maiores. Nos detalhes que Deus age e quanta coisa temos a comemorar todos os dias.

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  2. Obrigada Padre Gabriel sempre me ensinando com seus belos textos

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  3. Que lindo seu texto Padre Gabriel! Eu já percebi que a vida fica mais colorida quando a família vive unida,partilham alegrias,marcando presença também nas horas tristes...Mas quando falta Amor,carinho e proteção,as datas importantes passam batidas.Rezemos para que em toda Família brote o amor,humildade e experiência de Deus entre pais e filhos! Um abraço

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