Como a alma se liga a Deus?

  Para falar da união da alma a Deus, através da oração, São Francisco de Sales usa diversas imagens. Elas nos ajudam a entender esse grande...

 


Para falar da união da alma a Deus, através da oração, São Francisco de Sales usa diversas imagens. Elas nos ajudam a entender esse grande mistério de amor, ou seja, a profunda união da alma humana ao seu criador.

Primeiramente, ele mostra a diferença entre unir e ligar. A união envolve as duas partes. Isso não acontece com uma trepadeira, por exemplo, que se agarra à outra planta e passa a viver às custas dela. Ainda que essa ligação pareça profunda ela, na verdade, não existe. O fruto dessa ligação acaba sendo a morte da planta.

Diferente da ligação entre duas plantas é a união da mãe com o filho no ato de amamentar. Tão logo nasça, a criança abre a boca à procura do peito da mãe. Essa, por sua vez, facilita-lhe o processo e introduz o peito diretamente em sua boca. Ainda sem forças, a criança depende muito mais da mãe do que de si mesma para garantir sua alimentação. Assim é nossa relação com Deus. Ela depende mais dele do que de nós!

Vendo a grande fragilidade da criança que procura o peito, a mãe lhe antecipa a vitória segurando-a, fortemente, contra o peito até que ele possa, aos poucos, sugar-lhe o leite tão precioso e necessário.

Assim, Teotimo, Nosso Senhor mostrando o amabilíssimo seio do seu divino amor à alma devota, atrai-a toda a si, prende-a, e, por assim dizer, enrosca todas as potências dela no regaço da sua doçura mais que materna: depois, abrasado de amor, estreita a alma, aperta-a e cola-a aos seus lábios de suavidade e contra aquele peito delicioso, beijando-a com o sagrado beijo de sua boca e fazendo-a saborear o leite do seu seio, mais saboroso que o vinho...” (Tratado do Amor de Deus – Livro VII,Cap I).

A criança ao experimentar o prazer do leite materno, de vez em quando, aperta mais ainda os lábios contra o peito da mãe. A alma humana ao sentir essa união com Deus reza, ao longo do dia, pequenas orações visando maior união com Deus.

Quando alguém quer fincar uma haste de madeira na terra costuma bater sua extremidade com uma espécie de marreta. Assim, aos poucos aquele pedaço de madeira vai penetrando no seio da terra. “Também o nosso coração, uma vez unido ao seu Deus, se permanecer nessa união e não tiver nada a distraí-lo, vai-se internando continuamente, por um insensível progresso de união, até que permanecesse sempre com Deus, em virtude da inclinação sagrada que o santo amor lhe dá de se unir cada vez mais à soberana bondade, pois o amor é uma virtude unitiva”.

Quando se muda uma planta de terreno, aos poucos as suas raízes vão penetrando o interior da terra sem que ninguém perceba como isso acontece. Assim acontece com o coração humano que, transplantado do mundo para Deus, pelo amor, se exercitar muito na oração, irá aumentar cada vez mais a sua união com Deus. Talvez foi, exatamente, isso, o que ocorreu com São Paulo Apóstolo que chegou a afirmar: Já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim (Gl 2, 20). Essa união entre Deus e o Apóstolo cresceu, aos poucos, de tal maneira que se tornou profunda com o passar do tempo.

Um casal quando convive muito bem, com o passar do tempo, acaba se identificando tanto um com o outro que se tornam parecidos. Em nossa relação com Deus certamente acontece o mesmo. E como seria bom que isso acontecesse com cada um de nós! Seria muito bom que as pessoas pudessem ver Cristo em nós e que fôssemos, de fato, outros Cristos. Essa união profunda pode se tornar uma realidade pois Deus é sumamente amoroso e nos estimula cada vez mais para nos unirmos a Ele. A oração é um caminho perfeito para essa união gradativa e crescente. Pense nisso!

Imagem de Mehmet Turgut Kirkgoz por Pixabay 

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