Fariseus de todos os tempos
Quando viva, minha mãe sempre gostou de ter uma horta no quintal e nela se plantava de tudo. Herdei esse hábito e hoje, sempre que posso, cu...
Quando viva, minha mãe sempre gostou de ter uma horta no
quintal e nela se plantava de tudo. Herdei esse hábito e hoje, sempre que
posso, cultivo também uma pequena horta.
A horta de mamãe era feita com taquaras de bambus entrelaçadas entre
fios de arames. Então, de vez em quando, um animal quebrava a cerca para
saborear as verduras frescas. Para proteger a cerca da horta meu pai fazia uma
nova cerca em seu entorno, de tal maneira que a horta, se parecia à uma cabeça
de cebola com seus círculos concêntricos a proteger-lhe o núcleo.
Essa imagem da horta rodeada de cercas lembra-me o excesso de
escrúpulos dos fariseus para não transgredir a norma, a Lei de Moisés, no tempo
de Jesus. A lei mandava jejuar uma vez por ano mas, para não correr risco de
descuidar eles jejuavam toda semana! Assim protegiam a “horta” ou seja o miolo
da lei. Com suas práticas devocionais pensavam acumular virtudes diante de Deus
como quem deposita dinheiro no banco para engordar a poupança. Cheios de “virtudes,”
afinal de contas, era Deus quem lhes devia favores e obrigações. O excesso de
zelo dos fariseus era como as cercas que protegiam a horta de mamãe. Mas, às
vezes, as cercas eram tantas que quase ninguém acessava mais a horta. Para
proteger a pureza da lei os dez mandamentos foram ampliados, chegando a ultrapassar
o número de 600! Ninguém conseguia cumprir tantas normativas! Além disso, os
mais escrupulosos na observância das leis, desprezavam aqueles, a quem
consideravam impuros e pecadores. Isso
fica claro no Evangelho de Lucas (18,9-14), quando o fariseu estava em oração.
O texto nos mostra que ele rezava em pé, com o peito estufado, enumerando suas próprias
virtudes. Além disso, julgava um publicano, que também estava em oração, por se considerar
superior a ele. Ao que parece, ele não estava ali para rezar e sim para fiscalizar
a vida alheia! Será que isso mudou?
Os fariseus de hoje, talvez, tenham outros nomes. Vivemos num
tempo de meritocracia e isso nos faz pensar que o que temos ou conquistamos foi
graças aos nossos próprios méritos. Voltados para nós mesmos esquecemos aqueles
que nos ajudaram ou abriram caminho para as nossas conquistas. Nessa
perspectiva, corremos o risco de ignorar até a graça de Deus pois sendo
merecedores, Deus é quem nos deve seus benefícios. Não podemos nos esquecer que
a morte de Jesus na cruz não foi por causa de nossas virtudes mas, por bondade
dele. Morrendo na cruz, por nós, ele se ofereceu, inteiramente, ao Pai pelos
nossos pecados. O mérito é de Deus e não nosso! Os fariseus de todos os tempos, desconhecem o conceito da graça e, exaltando as supostas virtudes pessoais,
correm o risco de comprar o ingresso, não para o céu mas, para o inferno!
Imagem de 👀 Mabel Amber, who will one day por Pixabay
Kkkk obrigada padre Gabriel pela dica certeira de como o Mateuzinho ira fazer nova horta aqui em casa, pois as galinhas aproveitaram da minha ausência e fizeram a festa pra elas que para mim foi uma enorme decepção!
ResponderExcluirLinda reflexão!Que está reflexão nos faça a sermos mais humildes diante de Deus e nossos irmãos. 🙏🙏🙏
ResponderExcluir"Os fariseus de todos os tempos, desconhecem o conceito da graça e, exaltando as supostas virtudes pessoais, correm o risco de comprar o ingresso, não para o céu mas, para o inferno! " Excelente reflexão e que possamos abrir nossos olhos e ouvidos a graça de Deus.
ResponderExcluirTexto maravilhoso e emocionante
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