Porta estreita
O episódio foi notícia em todos os grandes meios de comunicação. Um baita navio encalhou-se no Canal de Suez, no Egito, gerando transtorno...
O episódio foi notícia em todos os grandes meios de
comunicação. Um baita navio encalhou-se no Canal de Suez, no Egito, gerando transtornos
infinitos! Eu não conheço nada de navio e nunca estive nesse lugar mas, posso
imaginar o transtorno. A situação envolveu políticas internacionais, caça aos
culpados e punição aos envolvidos que, certamente, ocorrerá daqui a cem anos!
A cena descrita acima me fez lembrar uma passagem bíblica (Lc 13,22-30) quando Jesus fala da porta estreita. A imagem da porta estreita e do canal onde o navio se encalhou me pareceu semelhante. Os mais entendidos no assunto que me perdoem.
Nossas vidas assemelham-se aos navios carregados e os canais as portas estreitas. É certo que, ao longo da vida, todos vamos enchendo esse navio que é a nossa própria existência de coisas boas e fúteis: Colecionamos tranqueiras, diplomas, troféus, vaidades, frustrações... Assim, vamos tocando o barco, ou seja, o navio da existência, sem se preocupar muito com a largura do canal... Seria bastante pedagógico que aprendêssemos, desde já, a esvaziar um pouco o próprio navio. Desfazer do excesso, entretanto, é um grande desafio, num mundo consumista que nos estimula a comprar, o tempo todo.
Compramos por necessidade e por impulsos. Compramos sonhos numa vã tentativa de preencher nossos abismos. O mercado produz e a gente consome e, para que esse jogo funcione, a publicidade se encarrega de mexer com nosso imaginário. Assim, basta usar tal produto para que você se transforme numa verdadeira Vênus de Milo, ou seja, uma deusa! Para ter seus cabelos de volta basta dar duas voltas ao mundo! Para conquistar o seu amor – em três dias!- basta consultar a curandeira na esquina dos aflitos...
Dizem que quando um navio está prestes a afundar o comandante
ordena que toda a carga seja lançada ao mar. Assim, o navio fica mais leve e
salva a tripulação na hora da tormenta.
No oceano da vida o navio de nossa existência, às vezes, necessita ser
esvaziado. Pode ser que ele esteja com carga desnecessária e isso pode
ocasionar um naufrágio. “ O que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder sua alma”? Seria muito triste que,
por excesso de amor à carga, nossa embarcação viesse a afundar. Precisamos
aprender que a vida dispensa excessos e
que o nosso navio também deve atravessar um canal, antes de chegar ao porto.
Então, desfaça, enquanto é tempo, daquilo que possa atrapalhar essa travessia!
Primeira imagem: Imagem de Karsten Bergmann por Pixabay
Segunda imagem: Imagem de Mitaukano por Pixabay