Céu e inferno

 

E como a pauta do dia é Céu e inferno, vamos logo ao que interessa. O tema “purgatório” fica adiado até segunda ordem. Milhares de pessoas já se atreveram a falar sobre esses temas que, por si só, são diametralmente opostos. Alguns, até juram que já estiveram quase lá ou que frequentam um, ou outro ambiente, ocasionalmente. Um amigo me disse que passou a frequentar o inferno desde que começou a morar, de favores, na casa da sogra. Em seu caso, sonhar com o céu já seria demais. Hoje ele torce para chegar ao purgatório!

Para falar do céu e do inferno vou me valer de duas histórias que li não sei mais onde. A primeira diz o seguinte:

Um viajante sonhou que percorria uma estrada ensolarada e comprida, montado em seu cavalo e acompanhado de seu cachorro de estimação.  Até aí nada demais! O detalhe é que ele sonhou que havia morrido. Como amava demais o cavalo e o cachorro levou-os com ele. Fosse hoje, alguns levariam a moto ou o smartfone. A estrada era comprida demais e, à medida que o sol esquentava, bateu nele e nos seus bichos uma baita sede. Não dava para saber quem estivesse mais sedento. Finalmente, conseguiu vislumbrar um grande portal mais majestoso do que outros que conhecera. Viu também que havia, logo depois, uma praça de onde brotava um generoso manancial de água. Os olhos dos bichos brilharam tanto quanto os seus. Chegou perto do porteiro, um homem de porte elegante, vestido com um fraque preto e usando um filete de ouro, no que parecia ser dentadura postiça, e perguntou: - Moço, aqui é o céu? – Sim, ele respondeu. – Posso entrar? Afinal, venho de longe e trago boas recomendações. – Pode sim senhor, mas os animais não! Aqui no céu não pode entrar com cachorros e cavalos.

Depois de pensar, o viajante seguiu entristecido. Se os bichos não poderiam entrar ele também não entraria. Afinal, aqueles animais foram seus aliados a vida toda! Assim, continuaram a viagem, ele e seus bichos, morrendo de sede. Daí a pouco, avistaram outro portão mais simples de onde se aproximaram. Próximo dali, um moço, com roupas simples, os acolheu com um sorriso nos lábios. Do outro lado do portão, avistaram uma belíssima cachoeira de onde jorrava um grande manancial de água doce. –Moço, que lugar é esse? – Perguntou. – Aqui é o céu, respondeu o moço. – Como assim, no portal anterior me disseram a mesma coisa! Eu e meus animais estamos mortos de sede e já não aguentamos mais! – Então entre e leve seus animais. Beba o quanto quiserem. Sejam bem-vindos ao céu! O portal anterior não era do céu. Aquilo lá é o inferno, um lugar para quem só pensa em si mesmo e nas horas boas esquecem-se dos antigos amigos...

A outra história é um pouco diferente, mas a lição é a mesma. Dizem que tanto no céu quanto no inferno existe um grande queijo. Não dá para ilustrar com outro exemplo quando se é mineiro de verdade.   Em torno do queijo muita gente se aglomera para tirar um bom pedaço do mesmo. Mas, a dificuldade começa na hora de levar o queijo à boca.  Cada um recebe um garfo de dois metros de comprimento para saborear a iguaria. No inferno o queijo continua inteiro desde que chegou. Na verdade, já está bem assado e ninguém consegue comê-lo, pois cada um insiste em levar o garfo na própria boca. Enquanto no céu, o queijo já está quase acabando, pois cada um usa o seu garfo, de cabo comprido, para colocar o queijo na boca do outro. Assim, todos comem quando deixam de pensar, apenas, em si mesmo para pensar no outro.

Nessas duas histórias temos uma explicação boa sobre o céu ou o inferno. Isso poderia ajudar muito na catequese, pois, as crianças, ao que parece, são mais abertas à imaginação. O céu e o inferno já podem ser antecipados aqui. Tudo vai depende de como nos relacionamos com os nossos irmãos. Quando a gente só pensa em si mesmo, esquecendo-se dos outros, estamos comprando o ingresso para o inferno. O contrário, também é verdadeiro. O céu pode começar aqui, quando nossos relacionamentos são marcados por respeito, colaboração e fraternidade. Pense nisso! 

Imagem de Alexa por Pixabay