O sonho do Profeta Isaías

 

Apesar de viver em tempos difíceis (781 – 740ª. C), o Profeta Isaías consegue enxergar para além das aparências e fazer uma leitura otimista da realidade.  Ele vê Jerusalém elevada, acima de todos os montes (Is 2, 1-5) e brilhando diante de todos.

O Templo de Jerusalém, no entendimento daquela época, era o lugar escolhido em toda a terra para ser a morada de Deus.  Para esse local sagrado formavam-se verdadeiras peregrinações de pessoas de todos os lados.  O objetivo das peregrinações era pedagógico conforme veremos: “Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos! (Is 2,3). Tal qual uma mãe cuidadosa, Jerusalém deveria acolher todos os povos e ensiná-los os caminhos da paz. Após esse aprendizado os homens passariam por uma conversão e transformariam as armas de guerra em ferramentas de trabalho: “Estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices.”

Para o Profeta, o templo, situado no alto do monte, em Jerusalém, deveria ser como um farol a iluminar os povos e nações. Seria um local de convergência de todos, diferenciando-se, assim, da Torre de Babel (Gn 11, 1-9), quando todos se desentenderam por causa da arrogância humana. Diante do “Deus de Jacó” desarmariam os corações e destruiriam as armas de guerra, instituindo uma convivência pacífica e fraterna. À luz da experiência de Israel as nações se uniriam na construção de um mundo renovado de acordo com o desejo de Deus.

O texto de Isaías me parece, profundamente, atual e pertinente num mundo onde se gasta bilhões em produção de armas que só servem para matar. Você saberia me dizer quanto custa um submarino, um avião de guerra ou um lança-míssil? Imagine toda essa indústria da morte voltada para produção de máquinas agrícolas, livros e instrumentos musicais!  Pode ser uma utopia, mas ainda bem que algumas pessoas acreditam nas utopias!

O profeta não é alguém que tem bola de cristal para prever o futuro ou fazer adivinhações. Ele lê a realidade e descobre quando ela está de acordo ou não com a vontade de Deus. Ele não fala em nome próprio mas, o que Deus lhe inspira dizer. Sua mensagem nem sempre agrada pois, fala a verdade e essa costuma doer! Será que ainda hoje, temos ouvidos para os profetas? Esse sonho de Isaías não deveria ser também o nosso sonho? A quem interessa fabricar e promover as guerras? Até que ponto nós também cultivamos pequenas guerras em nossos relacionamentos? Conforme se pode ver, o tema é bastante atual e vale a pena refletir sobre ele!

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