Vinde a mim vós que estais cansados
No Evangelho de São Mateus (Mt 11,28 -30), Jesus disse: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu...
Essa palavra é, profundamente, consoladora para os nossos
dias, pois, o que mais temos, atualmente, são pessoas cansadas e estressadas.
Certa vez, li uma pesquisa que falava sobre o alto consumo de medicamentos
controlados no Brasil. Isso acontece por causa do stress e cansaço de grande
parte das pessoas. Mas, ao lado do cansaço físico há também um cansaço espiritual.
O pecado também cansa! Lembra-se da parábola do filho pródigo? Cansado e longe
do pai ele não aguentava mais a dureza da vida. Chegou desejar a comida dos
porcos, mas nem isso ganhava. Foi então, que tomou uma decisão salvadora: Vou
voltar à casa de meu pai! Na casa do pai ele pode, enfim, descansar.
Descansar nos braços de Jesus significa tirar um tempo para
ouvir o próprio coração e a voz de Deus que ecoa dentro dele. Mas, num mundo
agitado como o nosso quem tira tempo para rezar e estar com Deus? A oração é um
encontro com Deus e consigo mesmo. Ela nos ajuda a entender o sentido da
própria existência e o projeto de Deus sobre cada um de nós. Para rezar bem, no
entanto, é preciso recolhimento e silêncio. Alguns dizem que não tem tempo.
Vivem para o trabalho e nunca param nem para respirar.
Na mitologia grega temos um personagem curioso do qual me
valerei para ilustrar esse texto. Trata-se de Sísifo. Sísifo, rei de Corinto,
flagrou uma cena de adultério de Zeus. Zeus, disfarçado em águia raptou Egina,
filha do Deus Asopo com quem teve relações. Em Corinto faltavam nascentes de
água. Asopo era o Deus do Rio. Então, Sísifo fez uma “delação premiada”. Revelaria-lhe,
o paradeiro de sua filha em troca de uma nascente em Corinto. O negócio foi
fechado e a moça resgatada. Zeus, no entanto, ficou furioso e enviou a Sísifo,
o deus da morte, ou seja, Tânatos.
Encontrando-se com a morte, Sísifo elogiou sua beleza e lhe
ofereceu presentes, inclusive um colar de ouro. Assim, Sísifo enganou a própria
morte aprisionando-a em seu castelo. Isso gerou um grande problema, pois a
partir de então, as guerras não terminavam porque ninguém morria mais. Aqueles
que viviam da morte ficaram desempregados: Cérbero, Caronte, Marte... Esse
último desesperado invadiu o castelo de Sísifo e libertou a morte. Assim que se
viu libertada ela encarregou-se de levar Sísifo. Antes de morrer, no entanto,
Sísifo combinou um plano com sua esposa. Combinou com ela que quando morresse
não era para ela enterrar o seu corpo. E assim se fez. Chegando ao mundo dos
mortos Sísifo reclamou da esposa, que não havia dado sepultura ao seu corpo e
pediu permissão para voltar à terra, por um dia, para vingar-se dela. Retornando
à vida terra tomou sua esposa e fugiu com ela, enganando a morte pela segunda
vez. O tempo passou e ele acabou sendo encontrado. Dessa vez, não teve jeito!
No mundo dos mortos foi condenado a rolar uma grande pedra montanha acima.
Assim que atingia o cume da montanha ela rolava para baixo e ele recomeçava
toda a operação. Assim, deveria passar toda
a eternidade rolando pedra...
Muita gente se assemelha a Sísifo. Leva uma existência sem
sentido e passa toda a vida se ocupando somente em rolar pedras. Hora nenhuma
para de rolar a pedra e se questiona sobre o sentido dessa ação. Para continuar
nessa tarefa estressante precisam recorrer às farmácias e aos calmantes com
frequência cada vez maior.
Jesus hoje nos chama a descansar em seus braços. Certamente, teríamos muito mais qualidade de vida se tirássemos um tempinho para Deus. Enquanto isso não acontece, nos limitamos, apenas, em rolar pedras... Pense nisso!
Reflexão profunda e magnífica comparação. Sempre com muito conhecimento!!! Obrigada!
ResponderExcluirMagnífico!
ResponderExcluirDeus seja louvado!
ResponderExcluir