Mas este, nós sabemos donde é!
Mas este, nós sabemos donde é... (Jo 7, 27). Essa afirmação partiu de alguns habitantes de Jerusalém, ao verem Jesus na Cidade, durante...
Mas este, nós sabemos donde é... (Jo 7, 27). Essa afirmação partiu de alguns habitantes de
Jerusalém, ao verem Jesus na Cidade, durante a Festa das Tendas. A frase parece
ter ficado incompleta. Completa, talvez, ficasse assim: Este é o filho do
carpinteiro, um zé ruela qualquer, um pé rapado... Jamais poderia ser o
Messias! Jesus escutou o comentário e afirmou: “Vós me conheceis e sabeis de
onde sou; eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse,
não conheceis, mas eu o conheço, porque venho da parte dele, e ele foi quem me
enviou”. Então, queriam prendê-lo. Só não o fizeram porque a hora dele ainda
não havia chegado...
Ao ler esse texto bíblico percebemos
o quanto Jesus foi ignorado no seu tempo e, talvez, não seja diferente nos dias
de hoje. O tempo passa mas o homem continua com os mesmos hábitos. A
megalomania parece acompanhar-nos, sempre, ao longo da história. Temos
propensão para acreditar nos grandes e também queremos ser grandes. O tempo
todo somos bombardeados com mensagens que levam a isto. Tecem elogios aos
primeiros lugares, aos maiores empreendedores, ao mais bonito, ao mais forte...
Nunca se perguntam pelos meios que lançaram mão para conquistarem aqueles
lugares. Alguns “passaram a perna” nos próprios pais ou irmãos para subirem na
vida. E assim, sem questionar o ditado de que “os fins justificam os meios,” a
gente vai levando a vida.
A lógica de Deus é bem diferente
da nossa. Ainda bem! Nós acreditamos nos grandes enquanto ele acredita nos
pequenos. Nós apostamos nos fortes enquanto ele aposta nos fracos. “Deus escolheu o que é loucura no mundo para
desacreditar os sábios, o que é fraqueza no mundo para desacreditar os fortes.
Escolheu o que insignificante e sem valor no mundo, coisas que nada são, para
reduzir a nada as coisas que são”, ( 1 Cor 1, 27). Deus vence perdendo, enquanto
nós, perdemos a vida tentando vencer. Ele vê grandezas no ínfimo e a beleza
atrás das aparências, enquanto nós, só vemos a aparência e nos contentamos com
essa visão de superfície.
Rabindranath Tagore, um poeta
indiano (1861 – 1941), a seu modo, compreendeu bem esse lado de Deus. Um de seus
poemas – Nº 10 -tirado da Lírica Breve, deixa isso evidente. Vejamos:
AQUI É O ESTRADO para os teus pés, que repousam aqui, onde vivem os
mais pobres, mais humilhados e perdidos.
Quando tento inclinar-me diante de ti, minha reverência não consegue
alcançar a profundidade onde teus pés repousam, entre os mais pobres, mas
humilhados e perdidos.
O orgulho nunca pode se aproximar desse lugar onde caminhas com as
roupas do humilde, entre os mais pobres, mais humilhados e perdidos.
Meu coração jamais pode encontrar o caminho até o lugar em que fazes
companhia ao que não tem companheiro, entre os mais pobres, mais humilhados e
perdidos.
Sinto que a poesia de Tagore fala
de um Deus que busca, de forma apaixonada, aqueles que são pequenos pobres e
desprezados. Insistentemente ele repete as expressões: “caminhar”, “teus pés” e
“os mais pobres, humilhados e perdidos”. Ora foi, exatamente, isso que Jesus
fez: Veio buscar a ovelha que estava perdida!
Como bom pastor deu a vida pelas ovelhas. Não fez distinção de pessoas e
soube acolher a todos.
Os habitantes de Jerusalém
diziam: Mas este, nós sabemos donde é! Acho
que não sabiam. Na verdade, estavam presos às aparências. Se, de fato,
soubessem teriam mudado de vida. E nós, será que sabemos de onde Jesus é?
Obs: Rabindranath Tagore, Escritor, educador, poeta, reformador social e filósofo, Prêmio Nobel de Literatura em 1913, é considerado um dos poetas mais importantes da Índia Moderna.
Foto: Arquivo pessoal
Vivemos com inversões de valores.. O bem o bom são muitas vezes desacreditados. Os bens materiais mais importantes que os espirituais.
ResponderExcluirJesus quando mostra as preferência, deixa claro os seussensinamentos.
Obrigada padre Gabriel
ResponderExcluirObrigada
ResponderExcluirAs reflexões são profundas : "Ao ler esse texto bíblico percebemos o quanto Jesus foi ignorado no seu tempo e, talvez, não seja diferente nos dias de hoje." " A lógica de Deus é bem diferente da nossa. " Como precisamos fazer Jesus conhecido e amado!
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