Eu te bendigo, ó Pai
Estamos aqui mais uma vez com a nobre e árdua missão de comentar a Palavra de Deus, hoje, tirada de São Mateus (Mt 11, 25 -30). Antes, por...

Estamos aqui mais uma vez com a nobre e árdua missão de
comentar a Palavra de Deus, hoje, tirada de São Mateus (Mt 11, 25 -30). Antes,
porém, devemos entender algumas questões como por exemplo, a nossa maneira de
ver o mundo e a maneira como Deus vê a realidade. A nossa maneira é fácil de
entender pois dela somos, eternamente reféns. Quanto à maneira de Deus só é
possível entendê-la à partir de sua palavra. E a partir dela podemos observar
que Deus vê a realidade bem diferente de nós. Enquanto valorizamos e
acreditamos muito nos grandes, Deus valoriza e acredita nos pequenos; enquanto valorizamos as aparências, Deus valoriza o interior; enquanto apostamos no
poder das armas Deus aposta no perdão. Muitas vezes, nós achamos que para
vencer na vida é preciso derrubar os outros. Deus sabe vencer mesmo quando
perde. A cruz é um sinal disso. Humanamente falando, ela não passou de
fracasso. Vista aos olhos da fé é vitória. Ela que simbolizava o mal derrotou o
mal pelo amor. Ela que representava a morte passou a ser sinal de vida e de
bênçãos.
Mas, voltemos à ideia inicial de nosso texto, quando dizemos
que Deus valoriza os pequenos. Pois bem, no tempo de Jesus quantas mulheres
ricas, famosas e influentes deveriam existir? Provavelmente, muitas sonhavam em
ser a mãe do Messias esperado. Deus surpreendeu a todos quando enviou o seu
anjo numa aldeiazinha desconhecida à uma pobre menina chamada Maria e, como ela, mudou o panorama do mundo. Quem iria imaginar que de Nazaré pudesse sair algo
assim? Deus não precisa de nossas opiniões para agir. Ele age quando quer e
onde quer e, por mais simples que seja uma pessoa, Ele pode firmar um pacto de
vida com ela. Assim, aconteceu com Maria, uma pobre mulher que se tornou a mãe
do Filho de Deus. Hoje, valorizamos Maria como Mãe e Rainha e colocamos nela
mantos e coroas. Mas, em vida não foi assim. Pelo contrário, ela foi a mãe de
um filho rejeitado!
Atualmente, quando alguém vai criar um empreendimento
qualquer ele se cerca de pessoas capacitadas e competentes. Milhares de
currículos são jogados no lixo por não atenderem ao perfil desejado. Queremos
os melhores, os mais sábios e competentes. Deus parece ter gosto por aquilo que
o mundo rejeita e despreza. Entre os apóstolos, diretamente, convidados por Jesus
grande maioria era formada de pescadores. Nesse grupo não havia nenhum doutor
em teologia ou especialista em nada. Dos doze que foram chamados dois traíram o
mestre. Refiro-me a Judas e Pedro. O último se arrependeu e chorou
amargamente... Quanto ao primeiro, só Deus poderá saber o que aconteceu com
ele.
Depois desse preambulo podemos entender melhor o Evangelho
alvo de nosso comentário. Jesus se alegra e louva ao Pai porque ele se revela
aos pobres e pequenos. Poderia se revelar também aos sábios e entendidos. Mas,
via de regra, esses já se consideram deuses! Os pequeninos entendem os segredos
de Deus mas os grandões andam muito cheios de si mesmos e a realidade para eles parece não ter segredos.
Para terminar vou deixar você com uma pulga atrás da orelha:
Quem são esses pequeninos de Deus atualmente? Será que eu e você estamos nesse
grupo ou no outro? O que significa ser pequeno diante de Deus?
Finalmente, gostaria de citar uma música composta por Billy Blanco que foi cantada por Dolores Duran, cantora negra, brasileira, nascida em 1930. Com isso quero ilustrar meu texto com a situação de alguém que se julgava grande e melhor do que os outros apenas por ser branco e rico. A música criticou o comportamento de um racista que costumava “assistir” os seus shows de costas virada para ela. Por ser negra e pobre Dolores ficou muito triste com isso. “A Banca do Distinto” teve destinatário certo e foi um recado inteligente contra o comportamento racista de um "distinto" daquele tempo:
A Banca do Distinto
Dolores Duran
Não fala com pobre
Não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor?
Pra que esse orgulho?
A bruxa, que é cega
Esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarto lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto
Esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde
Ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro
Maior é o tombo do coco, afinal
Todo mundo é igual
Quando o tombo termina
Com terra por cima
E na horizontal
https://pixabay.com/pt/photos/filho-inosc%C3%AAncia-inocente-simples-696171/
Linda reflexão do Padre Gabriel,onde mostra pra nós,a grandeza de Deus revelada em Maria nossa Mãe!Deus escolhe quem Ele quiser,onde quiser,e faz sua morada,seu pacto.Os pobres,simples ,mansos e humildes,os que foram excluídos,e perderam seus direitos humanos,e hoje estão nas ruas, sem voz e sem vez,estes são a menina dos olhos de Deus! Estes são os preferidos de Deus.Que Deus e Nossa Senhora um dia,os acolham no seu Reino de Amor ❤️
ResponderExcluirVálido para muitos narizes empinados por aí que se julgam melhores por sua condição física ou financeira. Triste demais ter que conviver com esses dentro da própria igreja.
ResponderExcluirMaravilhosa a reflexão Padre Gabriel. Como precisamos aprender a ver as coisas com os olhos de Deus. Estamos tão longe...mas Deus é paciente e misericordioso e prometeu estar conosco até o fim.
ResponderExcluirLinda reflexão padre precisamos holhar com os holhar de Deus um para os outros o mundo serei melhor e tinham mais amor
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