Olhai os brotos da figueira

  A gente anda meio cego pela vida a fora. Somos atropelados pelas tarefas, encargos, cobranças, metas... Nisso, a vida passa e a gente nem ...

 


A gente anda meio cego pela vida a fora. Somos atropelados pelas tarefas, encargos, cobranças, metas... Nisso, a vida passa e a gente nem vê. É triste ser cego com dois olhos abertos! A realidade parece embaçada e, frequentemente, nos atropela. Jesus, um dia, chamou a atenção dos discípulos com relação a essa cegueira (Lc 21, 29-33). Olhem para a figueira, ela parece morta e ressequida, mas, de repente, seus brotos aparecem denunciando a chegada do verão, disse Jesus.  

Hoje, corremos o risco de não enxergar os brotos, nem a figueira ou mesmo perceber a chegada do verão! Quantas vezes, passamos pelos mesmos lugares e não percebemos suas transformações?  Às vezes, não notamos as transformações nem mesmo nos filhos! Apesar de não ser fotógrafo eu gosto muito de fotografia, pois o fotógrafo é uma espécie de detetive da beleza. Ele tenta capturar momentos únicos e eternizá-los com seu trabalho. Existem situações ou realidades que pedem expressão. São lugares de revelações. Mas, para que isso aconteça é preciso que alguém observe. O fotógrafo observa e registra os recados da realidade. De vez em quando, registro algumas imagens e divido com os amigos. Outro dia aconteceu-me, algo interessante: Uma amiga comentou sobre a beleza de uma das minhas fotos. Na hora fiquei calado. A foto foi tirada ao lado do muro de sua casa! Aquela paisagem bonita ela não tinha visto. E o pior:  mesmo, após ver a foto, ela não identificou o local.

No caso de Jesus acho que ele perdeu o tempo, pois, muitos estiveram com ele e puderam usufruir de sua companhia mas, apesar disso, continuaram se perceber sua grandeza e divindade. O convite feito aos discípulos foi para que olhassem uma realidade apontada pelo sinal, ou seja, a chegada do verão. Se alguém lhe apontar a direção da estrada com o dedo indicador você não deve olhar só para o dedo daquela pessoa, mas para a direção a ser tomada. O sinal indica outra realidade. A figueira seca mostrava um mundo ressecado e sem vida. Apesar disso, era preciso estar atentos, pois os brotinhos estavam surgindo. O texto em questão, fala sobre o fim do mundo. Existe um mundo velho e caduco que deve acabar mesmo e não vejo a hora disso acontecer. Ninguém quer a sobrevivência de um mundo pecaminoso marcado por guerras e divisões. Mas, o fim desse mundo não quer dizer que tudo será aniquilado. Os brotos indicam o surgimento de algo novo e diferente. Por isso, os fomentam a esperança.

Diante desse cenário de transformações e mudanças o que devemos fazer? Talvez, a canção do argentino Fito Paez nos ajude: Quem disse que tudo está perdido?  Eu posso oferecer o meu coração! Se cada um procurar oferecer o melhor de si mesmo já seria um bom caminho para facilitar o nascimento dos brotos. A secura não é eterna. Ela pode ser apenas um estágio. Depois dela virão os brotos, as flores e os frutos. Pense nisso!

Foto: Arquivo pessoal 

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  1. Realmente a vida é tão corrida que não observamos o que há de belo ao nosso redor. Eu sou uma delas ,as vezes fico encantada com as fotos que Sr. me envia. E até chego perguntar onde é,quando fala o lugar então eu percebo o tanto que somos dispersos e insensível. É que precisamos notar mais a beleza que está ai nosso redor.

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  2. É triste ser cego com dois olhos abertos... Obrigada por me mostrar tantas coisas com seus textos maravilhosos

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  3. Que bela reflexão! A nossa correria da vida ou outros problemas, são alguns motivos que pode nos tirar o prazer de observações ao nosso redor, e admirar os presentes de Deus. É bom não deixar de ter a sensibililidade, porque nada justifica deixar de encantar com as maravilhas do criador, como faz o Padre Gabriel com suas fotos, e seus comentários.

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