Divino Oleiro

  O oleiro trabalha o barro com as mãos, os pés, os olhos e o coração. O belo vaso surgido de um monte disforme de argila já estava em sua m...

 


O oleiro trabalha o barro com as mãos, os pés, os olhos e o coração. O belo vaso surgido de um monte disforme de argila já estava em sua mente antes mesmo de nascer. Mas, ele não nasceu sozinho. Foi preciso arrancá-lo, amassá-lo e queimá-lo. Nesse processo de criação a criatura sente-se o calor das mãos do criador.

Na imagem usada pelo profeta, no livro de Isaías ( Is 64,7 ) Deus é esse divino oleiro que faz do barro os corações humanos. A imagem evoca o Gêneses, quando Deus criou o homem do pó da terra e lhe deu o espírito da vida. O texto do profeta, em forma de oração, é uma súplica para que Deus venha recriar os homens. O contexto da época era de desânimo geral e de falta de sentido para a vida, algo semelhante, ao que acontece nos dias de hoje. O povo de Deus havia retornado do exílio da Babilônia ( 537 – 520 a. C)  e o que encontrou não foi muito animador: Uma Jerusalém destruída, ameaças externas, desânimo e falta de motivação e recursos para reconstruir o país. Aqueles que retornaram não tinham mais a mesma fé dos seus pais e a esperança de muitos estava abalada. Naquele contexto, o profeta reza e pede a Deus que dê um novo coração ao seu povo. Na prece chama Deus de pai e redentor. Agindo assim, quer lembrar a Deus a importância de seu papel. Pai é o que dá a vida e redentor é o que resgata e salva.

O profeta está consciente que o povo pecou e deu as costas para Deus. Mas, apesar desse coração endurecido, de seu povo, pede para que Deus não lhe esconda a sua face. Em sua condição de oleiro, Deus pode consertar esse vaso quebrado, ou seja, esse povo desmotivado e sem motivação para nada.

A leitura citada é bastante atual pois, ainda hoje, encontramos pessoas de corações endurecidos. Outros, estão desanimados e sem esperança de ver um mundo melhor. Para que Deu possa agir em nós é preciso amolecer os corações. Vaso de barro, quando seco, quebra à toa!

Nosso exemplo e inspiração pode vir de Maria que, ao receber o anúncio do Anjo Gabriel, disse: Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo sua palavra! E Deus fez! Fez a sua obra com o consentimento dela porque não viola nossa liberdade. Conosco, infelizmente, costuma acontecer o contrário: Queremos que Deus faça a nossa vontade. Ele que se cuide, se não o escravizamos!

Em nosso tempo, marcado pelo ateísmo prático e pela indiferença religiosa, como voltar os corações para Deus?  Este foi o mesmo dilema vivido pelo Profeta Isaías e sua conclusão foi a seguinte: Se Deus não agir, esse retorno a Ele, simplesmente, não irá acontecer.  De fato, nossa conversão já é obra da graça e não nossa. Peçamos a Deus, portanto, que nos dê essa graça e, só então, poderemos ser, de fato, como o barro nas mãos do Divino oleiro. Amém.

Imagem de 16412495 por Pixabay

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  1. Foi bom o paralelo com o oleiro que só ele sabe o que deseja produzir com seu trabalho. Interessante que nosso Deus planejou sua criação com seu projeto de amor, seu objetivo para a humanidade.
    Enviou até o filho como demonstração do esperava de sua criação, que é amor, mas estamos é decepcionando e mesmo desprezando.

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