A mulher que virou árvore
Apolo era o deus da beleza na mitologia grega. Mas, não era só isso. Foi também o deus do sol, da medicina, da música das profecias e mais...

Apolo era o deus da beleza na mitologia grega. Mas, não era
só isso. Foi também o deus do sol, da medicina, da música das profecias e mais
um montão de coisas. Sabia manejar a flecha como ninguém! Só por essa apresentação, resumida, você
percebe que ele era mesmo o cara! Apesar
desse leque de qualidades “o cara”, digo, o deus, era um fracasso na vida amorosa.
A introdução lembrou-me da fala de um frentista do posto de
gasolina onde, por muito tempo, abasteci o meu carro. O posto inventou de
colocar, ao lado da bomba, uma roleta da sorte. Após o abastecimento ao cliente
girava a roleta que era numerada. Caso o ponteiro parasse no último número da
placa do veículo ele não pagava o abastecimento. Pé frio, como sou, nunca
ganhei nada a não ser câimbra nos braços para tocar a bendita roleta. Mas, aí
vinha o frentista e dizia: Você não tem sorte no jogo mas tem sorte no amor! O
jargão funcionava como prêmio de consolação para os infortunados. A gente não
ganhava o abastecimento mas, em compensação saia feliz acreditando ter muita sorte
na vida amorosa...Ah tem!
No caso de Apolo a coisa era mais ou menos parecida, só que
invertida: Ele tinha muita sorte nas roletas da vida mas, padecia com grande
seca na vida amorosa. Conhece gente
assim? Eu conheço uma porção. Sei de muitos Apolos atuais que se dão muito bem
na vida profissional mas no relacionamento amoroso, Deus me livre e guarde!
Certa vez, Apolo se desfez de cupido, o deus do amor, filho
de Afrodite, cujo temperamento também era bastante apimentado. Ele viu cupido
tentando ajeitar as cordas no arco da flecha e se desfez do menino dizendo que
aquilo não era brinquedo de criança. Cupido ficou magoado e jurou vingança. Não
deu outra! Ele tinha dois tipos de flechas: uma com ponta de ouro que, quando
atirada aos corações, atraia as pessoas ao amor e outra com ponta de chumbo que
fazia o inverso. Ciente que Apolo andava arrastando as asas para Dafne, a ninfa
do rio, filha de Peneus, fez o seguinte: Usou a flecha com ponta de ouro no
coração de Apolo e a que tinha ponta de chumbo no coração de Dafne. Iche! Deu a
maior confusão! Apolo apaixonou-se, perdidamente, pela moça e ela passou a
odiá-lo cada vez mais. Quanto mais o bonitão se exibia diante dela mais ela
tinha antipatia dele. Apolo a assediava dia e noite enquanto Dafne não
aguentava mais aquele sujeito pegajoso e convencido.
“Doente de amor, Apolo procurou remédio na vida noturna” e
chegou mesmo a dormir na praça. Ao ser abordado pelo guarda disse: “Seu guarda
eu não sou vagabundo, eu não sou delinquente, sou um cara carente que dormi na
praça pensando nela...” Nela, quem? - Interrogou o guarda, com cara de poucos
amigos. Nela, seu guarda, aquela ingrata, chamada Dafne, conhecida por Dafinha,
filha de Peneu. O guarda sorriu e saiu de perto dizendo: Deixa pra lá, esse já é
um caso perdido! Aquele guarda não entendia nada de mitologia e muito menos de música
sertaneja...
Já não suportando mais tanta amolação Dafne pediu ao seu pai que lhe ocultasse toda a beleza e foi aí que aconteceu uma metamorfose: “Seus cabelos, nos ombros caídos” foram se transformando em folhagens e seu corpo ficando cascudo. Pronto! Transformou-se numa árvore, ou melhor dizendo, num lourueiro. Nem assim, Apolo se deu por vencido. Enquanto chorava abraçado ao pé de louro arrancou-lhe alguns galhos e coroou com eles a própria cabeça. Bêbado faz cada coisa! Aquele gesto virou tendência e, desde então, Apolo é representado com uma coroa de louro no topete. Ninguém sabe que essa coroa traduz a rejeição que ele sofreu por parte das mulheres. Antes usar na cabeça uma coroa de louro do que outros enfeites, você não acha?
E viva a vida!
https://images.app.goo.gl/g2RoqJFeTTLwupBa8
Gostei muito mesmo da crônica e muito bem colocado a música kkkkl
ResponderExcluirA Neim viu, parabéns!
ResponderExcluirkkjkkk antes as folhas de louro que os galhos de alce. 🤣🤣
ResponderExcluirA historia é engraçada e trágica. Hoje Apolo seria preso devido ao assédio feito á mocinha.Mas,a vida é a,arte de encontro embora aja tanto desencontro
ResponderExcluirPADRE GERALDO GABRIEL, o senhor tem o talento da escrita e transita bem em temas mundanos e os temas espirituais. Parabéns.
ResponderExcluirEste texto é tambem de agradável leitura e me fe, lembrar da frase do poeta
Vinicius de Morais.
"Quem passou pela vida e não sofreu por amor, passou pela vida e não viveu".