O amor e as amoras vermelhas

  A crônica de hoje é para você que se derrete todo diante de uma bela história de amor. Ela fala do amor de um casal que não contava com a ...

 


A crônica de hoje é para você que se derrete todo diante de uma bela história de amor. Ela fala do amor de um casal que não contava com a aprovação dos pais. Algo parecido com o drama de Romeu e Julieta, só que bem mais antigo. O conto mitológico, narrado por Ovídio(1) explica, entre outras coisas, o motivo pelo qual, as amoras são vermelhas. Elas foram tingidas de sangue!

Ele se chamava Píramo e ela Tisbe. Apenas uma parede separava a casa dos dois. A cidade fora cercada por Semíramis, lendária governanta do antigo Império Assírio. Mas, o amor sempre dá os seus jeitos, não é mesmo? Naquela parede, que separava o casal, havia um buraquinho e foi ele que permitiu uma forma de namoro sem beijos nem abraços. Uma parede assim, costuma alimentar fantasias e suspiros! Foi o que aconteceu. Todo dia eles cochichavam um com o outro longe dos olhares dos pais. Certa feita, combinaram um encontro, clandestino, fora da cidade. Para tanto, deveriam enganar os sentinelas e atravessar os muros da mesma. Pelo visto, havia mais muros por lá, do que os atuais, que cercam os palestinos ou impedem os mexicanos de cruzarem a fronteira do Tio Sam. Dessa maneira o encontro foi marcado debaixo de uma amoreira que ficava próxima ao túmulo de Nino, o mítico fundador da antiga Cidade de Nínive e do império babilônico.

Tisbe, saiu de casa um pouco mais cedo do que fora combinado, afinal, já não aguentava mais esperar por aquele encontro. Estando próxima ao local combinado avistou um leoa que havia atacado um boi e por isso estava com o focinho todo ensanguentado!  O susto da moça foi enorme. Ninguém sai de casa, às escondidas, para um encontro de amor e se depara com uma leoa ensanguentada, não é mesmo? Ao avistar a fera ela saiu em disparada escondendo-se numa gruta que havia nas proximidades. Na fuga, deixou cair o seu véu que acabou sendo destroçado pela leoa.  

Enquanto Tisbe se escondia amedrontada Píramo chegou ao local do encontro e nada viu a não ser o véu de sua amada rasgado e sujo de sangue. Na hora percebeu que ela fora morta por um animal selvagem e, sentindo-se culpado por sua morte, puxou da espada e tirou a própria vida. O seu corpo ensanguentado ficou inerte sob o pé de amoras.

Saindo de seu esconderijo Tisbe retornou ao local para o encontro tão esperado. Estranhou muito ao ver que as amoras estavam vermelhas. Naquele tempo, as amoras ainda eram brancas. Quando olhou para baixo, percebeu o corpo, sem vida, daquele a quem tanto amou. Pensou que ele havia morrido por não tê-la encontrado. Desesperada caiu sobre ele e depois de chorar muito resolveu tirar a própria vida também, pois, não conseguiria mais voltar para casa depois de ter perdido sua única razão de viver. O sangue que jorrou em grandes jatos de seu corpo terminou de colorir os frutos da amoreira. Desde aquele tempo as amoras, que eram brancas, mudaram-se de cor e assumiram um vermelho rubro. Estando maduras elas lembram, antes de tudo, uma grande história de amor!

 

1-     Ovídio (Publius Ovidius Naso), 43 a. C. -17d. C. Metamorfoses / Ovídio; edição bilíngue; trad. Introd. E notas de Domingos Lucas Dias; apresent. De João Angelo Oliva Neto – São Paulo: Editora 34, 2017 – Livro IV – [Píramo e Tisbe].

Imagem de wal_172619 por Pixabay

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  1. Como os contos encantam e faz as coisas ficarem mais bonitas quando se depara com o objeto explicado. Obg padre Geraldo pelas belas palavras

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  2. Essa história de amor, quando se trata de verdadeiro amor.... é linda!
    Mas como quase sempre, triste!
    Porém, hoje ninguém morre mais por amor!
    Já não se ama até mesmo como os contos.
    Muito obrigado padre por nos tempos atuais, onde se prevalece o ódio, a indiferença, nos proporcionar essa bela leitura.
    Grande abraço! Continue!

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  3. Esta crônica que é construída a partir de um conto mitológico, e não tem nenhuma grande mensagem, mas foi bom de se ler. Posso estar enganada, já que um grande amor pode ser construtivo ou destrutivo.
    Parabenizo pelo capricho da pesquisa com as informações sobre o poder das amoras apresentada ao final.

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  4. Gostei da história e também dos benefícios da amora.
    A amora é muito rica e as folhas são usadas para chá , vale pesquisar também.

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  5. Está história muito contribui para que estejamos atentos ao perigo de agir por percepção. Diante de qualquer situação o melhor é analisar primeiro: Isto é fato, ou é uma percepção? Quando tratamos os fatos como fatos temos uma oportunidade ouro, para evitar muitos danos nas relações. No caso do conto, tal tragédia teria dado lugar ao um encontro de amor tão desejado, tão esperado! Portanto, antes de qualquer atitude, o melhor será sempre indagar-se: Isto é um fato, ou é a minha percepção? A mensagem que fica é que a percepção será sempre um reflexo das nossas emoções, mas não pode ser definitiva para nossas ações.

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  6. Está história mostra também os desencontros que acontecem na vida das pessoas.Muito triste!

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