A boca fala do que o coração está cheio

 

O título desse texto foi tirado de São Lucas (Lc 6, 45). Então, pelas nossas falas, poderemos ser facilmente, julgados. Você já observou como algumas pessoas gostam de falar? Até aí, tudo bem, mas, sobre o quê elas gostam de falar? Alguns falam muito sobre si mesmos e adoram contar vantagens. Outros só falam de negócios, de sexo, de novelas e, por aí se vão...

A pessoa que está cheia de Deus, necessariamente, irá falar de Deus. Calma! Não estou falando de pessoas chatas e maçantes que querem enfiar Deus em qualquer conversa. Existem outras maneiras de falar sobre Deus. Deus é o belo, o bom, o maravilhoso. Deus é amor! Ninguém gosta de pessoas fanáticas que querem impor sua fé aos demais. Quem vive em Deus terá gosto nas coisas de Deus e, naturalmente, falará bem Dele. Para falar bem de Deus é preciso que tenhamos intimidade com Ele, pois “a boca fala daquilo que o coração está cheio”. Caso contrário, nossas falas serão como as falas das maritacas. Conviver com Deus talvez, seja melhor, do que falar sobre Ele, pois, a nossa linguagem é sempre muito pobre para falar de mistério tão excelso!

No Evangelho de Mateus (Mt 7, 15 – 20), Jesus afirmou que a árvore boa irá dar bons frutos. Para dar bons frutos é preciso que corra boa seiva no tronco da árvore. Supondo que nós somos essa árvore, a boa seiva que correrá em nosso sangue irá brotar da convivência com Cristo. Essa convivência deve ser regular e fecunda. Nesse caso, estamos falando de uma vida de oração. Pena que, muitas vezes, rezamos mal. Chegamos atrasados à Igreja, distraímos na hora da oração, não conseguimos ficar atentos à Palavra de Deus... Aí estamos perdendo um tempo precioso para abastecer nosso interior. Um carro sem combustível não anda. Sem Deus nossa vida fica bem mais complicada. A pessoa que tem Deus como habitante de seu coração irá produzir muitos frutos; frutos de bondade, de solidariedade, compaixão... Caso contrário, não produzirá nada ou, quando muito produzirá frutos amargos.

Tenho em meu quintal um mamoeiro que dá gosto! Está sempre carregado de frutos. A planta é sadia e produtiva. A pessoa que está sintonizada em Deus também será desse jeito, como o mamoeiro do meu quintal. Felizmente, conheço muita gente assim. Algumas pessoas que conheço, falam de Deus, para mim, com a própria vida. Se fosse citar o nome dessas pessoas, esse texto não acabaria nunca! Tenho paroquianos que me falam de Deus o tempo todo. Eles me tornam mais santos e devo-me esforçar para atendê-los na mesma altura.

No mesmo texto de Mateus, citado acima, Jesus nos alerta contra os falsos profetas. A imagem que ele usou também é muito rica, pois, compara-os, com os lobos com pele de ovelhas. Têm uma aparência bonita, um discurso bonito, mas escondem o lobo que carregam dentro de si. Esse problema é muito antigo e já, no Velho Testamento, os profetas, constantemente, alertavam o povo contra esses falsos profetas. Jesus, São Paulo, São Pedro e muitos outros foram no mesmo caminho, ou seja, também nos alertaram para tomar cuidado com esses charlatões. Num tempo marcado pelos meios de comunicação, eles atuam, principalmente, nesses meios. Muitas vezes, se consideram como os verdadeiros intérpretes da Bíblia e prometem milagres com datas e horas marcadas. A menção ao demônio recheia todas as suas pregações. Nesse caso, para impor o medo e abrir as carteiras...

Como distinguir a árvore boa da má, um falso profeta de um verdadeiro? Quem nos ensinou foi Jesus: Observando seus frutos, suas práticas. Não bastam os belos discursos é preciso ver suas ações. Essas é que nos darão os critérios para saber se aquele líder religioso está com pele de cordeiro ou não. Os mais descuidados, normalmente, embarcam nessas canoas furadas. E o que é pior: Acham que fizeram um bom negócio!

Imagem de Bishnu Sarangi por Pixabay