Amai os vossos inimigos

 

Quando me deparo com a ordem de Jesus que intitula esse texto eu fico pensando: Estou perdido! Mal mal estou conseguindo amar os amigos e parentes. Quanto aos inimigos nem me fale... Ainda bem, que não tenho inimigos, pelo menos, que eu saiba. Pode ser que tenha alguém que não goste de mim, pois, sou uma pessoa pública e quando se é pessoa pública nem todos agradam de você. Quanto a isso não tenho problema, pois, penso que toda unanimidade é meio burra. Mas, voltemos ao Evangelho de São Mateus (Mt 5, 43 – 48).

Essa passagem bíblica mostra-nos a última das seis antíteses do chamado sermão do monte, proclamado por Jesus. Como se sabe o texto de Mateus está organizado em cinco colunas, ou seja, cinco discursos:

1-Discurso da Montanha – Capítulo 5 a 7;

2-Discurso Missionário – Capítulo 10;

3-Discurso das parábolas – Capítulo 13;

4-Discurso Eclesial – Capítulo 18;

5-Discurso Escatológico – Capítulos 24 – 25.

Como um novo Moisés, que subiu à montanha e, depois de um encontro com Deus, trouxe a lei ao seu povo, Jesus agora sobe ao monte e proclama uma nova lei. Essa nova lei é, verdadeiramente, revolucionária. Propõe uma revolução para dentro, ou seja, uma verdadeira conversão. E ele fala com uma autoridade nunca vista: Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo! Essa expressão ele a repete seis vezes:

1-Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não matarás"! ( Mt 5:21-30.) Eu, porém vos digo...

2-Ouvistes o que foi dito aos antigos: "Não cometerás adultério"! (Mt 5:27). Eu, porém, vos digo...

3-Foi também dito: Quem rejeitar sua mulher dê-lhe uma carta de divórcio! (Mt 5:31). Eu, porém, vos digo...

4-Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso! (Mt 5:33). Eu, porém, vos digo...

5-Tendes ouvido o que foi dito: "Olho por olho, dente por dente”!  (Mt 5:38). Eu, porém, vos digo...

6-Tendes ouvido o que foi dito: "Ame o próximo como a ti mesmo"! ( Mt 5:43). Eu, porém, vos digo...

O que Jesus anunciou com esse discurso foi um manual para se conquistar uma excelência ética, um modo de vida perfeito. Mas, a perfeição é uma possibilidade ao ser humano? Esse programa de vida seria realizável ou seria coisa de sonhadores. Bom, Jesus mesmo fez isso em sua vida. Mesmo pregado na cruz perdoou os seus algozes. Mas, confesso que esse programa de vida, humanamente falando é utópico. No entanto, devemos lembrar-nos de uma expressão de São Paulo: Eu tudo posso naquele que me fortalece! (Fl 4, 13). Nesse caso, a coisa muda de figura. Sozinho eu não consigo colocar em prática esses ensinamentos de Jesus. Mas, com o auxilio da graça de Deus eu tudo posso; posso inclusive, amar os inimigos. Melhor seria que não tivéssemos inimigos e considerássemos todos como irmãos. Não é isso que afirmo quando rezo o Pai Nosso? No caminho da santidade nem sempre consigo tirar dez, a nota máxima. Mas, isso não significa que eu não devo lutar para melhorar um pouquinho a minha nota. A nota máxima permanece como ideal e todos nós deveríamos nos esforçar para melhorar nossas notas. Pense nisso!

Foto em destaque: Arquivo pessoal.