Receita de santidade

 

Vivemos num tempo onde se acha receita para tudo: Para ganhar dinheiro, para fazer sucesso, para arranjar marido ou esposa... Diante disso, me acho no direito de mostrar-lhe, uma receita de santidade. Vou fazer isso, à luz do Evangelho de São Mateus (Mt 6, 1 – 6. 16 – 18). Esqueci-me de dizer que essa receita quem deu foi Jesus. Ela fala de três pilares da fé que poderão mudar uma vida: A oração, a esmola e o jejum. Em seguida falarei, brevemente, sobre cada um desses pilares.

Oração: Define a minha relação com Deus. Aqui cabem muitos questionamentos: Temos para com Deus uma relação de Pai e filho? Procuro conhecê-lo melhor e ter mais intimidade com ele? Rezamos para que Deus nos olhe ou para sermos vistos pelos outros?

Esmola: Define minha relação com o próximo. Sou solidário com o outro, principalmente, com os mais necessitados? Desejo os bens dos outros ou o bem aos outros? Faço caridade ou marketing social? Minha relação com o próximo é marcada pelo egoísmo ou pelo amor?

Jejum: Define a minha relação com as coisas. Eu possuo ou sou possuído pelas coisas, inclusive, pela comida? Eu como para viver ou vivo para comer? Sou consumista? Gosto de ostentação?

As perguntas acima são poucas, mas poderão colocar uma pulga atrás da orelha de cada leitor. Dependendo da maneira como me relaciono com Deus, com os outros e com as coisas, minha vida tomará a direção do céu ou do inferno. São João da Cruz, um dos maiores místicos da Igreja, poderá nos ajudar nesse discernimento. Veja o que ele disse sobre a perfeição cristã, de forma bem condensada:

“Esquecimento do criado, memória do criador; atenção ao interior estar-se amando ao Amado”

Para nos ajudar poderíamos fazer novas perguntas, à luz dessa afirmação: O que significa esquecimento do criado? Significa estar mais voltado ao outro do que a si mesmo, um grande desafio para nossa sociedade de egos inflados, concorda? Quanto à memória do Criador, significa estar sempre sintonizado em Deus em todas as circunstancias de nossa vida. A atenção ao interior significa estar sempre vigilante quanto a si mesmo. Muitas vezes nós descuidamos de encher o coração de coisas boas e nos tornamos pessoas vazias. É bom se lembrar-se, de que, lata vazia é que faz barulho... Estar-se amando ao Amado é procurar colocar Jesus no centro de nossas vidas. Ele é o Amado do Pai e que vindo “habitar entre nós”, ensinou-nos os caminhos do amor.

A receita de felicidade dada por Jesus é muito simples, apesar disso, é difícil de ser colocada em prática. Aqueles que vivem de forma egoísta e se consideram o centro do mundo, jamais irão entrar nessa ciranda. São incapazes de colocar Deus no coração, pois, estão sempre muito cheios de si mesmos e dos próprios interesses. Quem entendeu isso e colocou em prática ganhou o título de santo. Santidade, no entanto, não é privilégio de alguns. Somos filhos de Deus e Ele é santo. Por isso, a santidade e não o pecado deveria ser o nosso lugar natural. Mas, nem todos são santos da mesma forma. A santidade é uma escada. Alguns coseguem chegar ao topo, outros param no meio e outros no início. A chance é dada a todos. Que tal, subirmos mais um degrau nessa escada? Só depende de você e da graça de Deus. Quanto à graça, creio que Deus não irá negar dado à nobreza do objetivo. Por isso, essa caminhada, talvez, dependa mais de nós do que de Deus. Pense nisso!

Foto: Arquivo pessoal