Eu não sou digno...

 

O Evangelho de São Mateus (Mt 8, 5-11), mostra-nos, um centurião (chefe de cem soldados) que, aproximou-se de Jesus e, humildemente,  pediu-lhe, pela cura de seu servo: “ Senhor (chama Jesus de Senhor), meu servo está em casa, de cama, paralítico e sofre muito”. Diante dessa súplica Jesus não deixou para atendê-lo depois e disse lhe: Eu irei e o curarei!

Jesus teria muitos motivos para não atender aquele centurião. Ele era estrangeiro, não partilhava da mesma fé e prestava serviços à potência estrangeira que dominava a região. Ao atendê-lo, prestou um favor àquele que não pertencia a sua “bolha” e, certamente, pagou caro pelo que fez. É bom lembrar-se de que estamos falando de Deus e não de nós. Deus não tem partido político e nem torce pelo meu time de futebol. Ele é pai de todos!

Surpreso diante da rapidez com que foi atendido, e sabendo que Jesus iria pagar um preço por fazê-lo, pois os judeus não entravam em casas de pagãos, o centurião apressou-se em dizer: “Senhor, eu não sou digno que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo ficará curado!” Aquele centurião sabia não ser digno assim, como eu e você, também não somos dignos de receber as graças de Deus. Sabemos que Deus nos atende não porque sejamos bons, mas, porque Ele é bom.  Isso contradiz certa mentalidade atual, carregada de meritocracia. Quem tem uma mentalidade de meritocracia iria entender que o centurião mereceu e, por isso, foi atendido por Jesus. Nesse mesmo sentido, alguns pensam: O médico me atendeu fora de hora porque ele não é bobo. Sabe que eu tenho direitos  afinal, pago todos os meus impostos! Hora nenhuma irá pensar que o médico usou de compaixão com ele ao atendê-lo fora do horário. Todos pensam ter direitos. Aliás, só temos direitos, hoje em dia... Meritocracia não combina com humildade. O centurião foi humilde e tinha consciência de não merecer aquele favor. Por isso, afirmou com todas as letras: Senhor, eu não mereço! Talvez, por causa disso foi, prontamente, atendido. Penso que Deus não suporta os arrogantes. Estamos perdidos!

O filho pródigo, depois de “enfiar o pé na jaca” voltou ao pai. Mas, não foi arrogante e nem queria mais ser tratado como  filho. O pai, no entanto, o cobre e beijos e o recebe com festa. Belo exemplo de acolhida e de perdão! O pai não lhe joga na cara os seus pecados e nem lê um sermão para ele. Nós é que gostamos disso. Deus é pura misericórdia.

O Evangelho de hoje é uma lição para nós. Após a nossa reflexão,  podemos questionar:

-Como eu me apresento diante de Deus? Sou humilde ou arrogante?

Acho que tenho méritos acumulados ou sei que sou pobre e pecador?

Tenho coragem de confessar os meus pecados ou penso não ter pecado algum a me confessar?

Que a Palavra de Deus ilumine a mim e a você e nos ajude a comportar, adequadamente, diante de Deus que é um oceano de misericórdia!

Imagem de PublicDomainPictures por Pixabay