A separação dos peixes
Nasci na roça, mas, nunca gostei muito de pescaria. Quando meu pai saia para pescar, quase sempre, eu inventava uma desculpa para não ir c...
Nasci na roça, mas, nunca gostei muito de pescaria. Quando
meu pai saia para pescar, quase sempre, eu inventava uma desculpa para não ir com
ele. Quase tudo me incomodava: a escuridão, os pernilongos, o medo de cobras...
Meu pai, no entanto, ficava horas a fio com a vara de anzol suspensa sobre a
água esperando que os peixes beliscassem a isca. Às vezes, acompanhava o
movimento do anzol mastigando em seco como se aquilo fosse um ritual de
pescaria. Quando ele saia para “bater um pântano”(1), essa era a expressão usada
por ele, eu o acompanhava mais pelas brincadeiras do que pela pescaria. O
resultado das pescarias era imprevisto. Às vezes, não apanhava nenhuma “piaba”
após horas de perseverança.
Confesso que admiro duas virtudes dos pescadores: A
perseverança e a paciência. A pescaria exige isso. Se o pescador for impaciente
espanta os peixes, se não tiver perseverança não pega nada! Talvez, por causa
dessas virtudes, grande parte dos apóstolos de Jesus era formada de pescadores. O pescador não desiste fácil e alimenta sempre a esperança que o
peixe irá fisgar o anzol. No Evangelho de São Mateus (Mt 13, 47 – 53), Jesus
compara o Reino do Céu com uma rede de pesca lançada ao mar. Quem já presenciou
isso sabe que na rede aparece de tudo. É algo assim, como a Internet, que também
é uma grande rede mundial de computadores. Depois de lançar as redes e esperar
os pescadores deveriam puxá-la até à praia para separar o que prestava do que
não prestava. Certamente, vinham nas redes: Cágados, latas velhas e, se houvesse
plástico, naquele tempo, eles também surgiriam na superfície. Os pescadores colocavam os peixes bons num
cesto e os restos descartavam.
Jesus usou essa imagem para falar do juízo final. A Deus cabe
separar os bons dos maus ao final dos tempos. Por ora, é preciso que tudo
esteja misturado. Deus tem paciência conosco e espera, até o último momento,
que a gente mude de vida para melhor. Nós, infelizmente, somos meio justiceiros
e gostamos de separar logo o bem do mal. Essa operação não é fácil, pois, as
duas realidades brotam de nossos corações. O mal ou o bem pode crescer conforme
o adubo que usamos.
Quando lemos essa parábola podemos fazer os seguintes
questionamentos: Que tipo de peixe eu sou? Que tipo de pescador estou sendo?
Quem seriam os peixes bons e os ruins dessa história? Muitos, com certeza, se
colocam no lugar dos juízes, pois, aos pecadores cabe separar os peixes. No Evangelho
Jesus diz que essa separação será feita pelos Anjos. Ainda bem! Do julgamento
divino não precisamos temer, pois, além de justo, Deus é misericordioso. Mas, é
preciso temer os julgamentos humanos, visto que, eles, muitas vezes, são
injustos e sem misericórdia.
O pescador pode ser qualquer um de nós que pretendemos seguir
os ensinamentos de Jesus. O mar é o mundo e ele nem sempre é marcado por
calmarias. Por isso, é tão importante invocar a presença de Jesus para nos
acompanhar nessa missão. Com ele tudo podemos mas, sem ele, nada podemos fazer.
https://pixabay.com/pt/photos/peixes-de-combate-peixe-tricolor-2009972/
1- "Bater um pântano": Modalidade de pescaria em que usava-se um cipó (Timbó) que deixava os peixes tontos e então, poderiam ser apanhados com as mãos. Nesse caso, era preciso cercar a água em um poço, um pequeno pântano.
É preciso lançar as redes. A pescaria continuará até o fim dos tempos. Saibamos que juntos seremos salvos!
ResponderExcluirPadre Geraldo Gabriel,eu já pesquei muitos peixes.O último pesou 800g.! Eu gostava muito de pescar. Hoje não consigo mais.Eu levava o rádio pra ouvir a Santa Missa,era muito bom! Um dia uma traíra veio por cima da água e ficou na flor da água olhando para o sol 🐠 esta não escapou do meu anzol!Para pescar,tem que gostar muito,ter paciência e muita perseverança,mesmo.Tem a hora certa,a lua certa,para apanhar peixes grandes.Quem obedece estas ordens é feliz na pescaria 🎣 Que sejamos obedientes a palavra de Deus, que sejamos perseverantes na fé, tenhamos amizade firme com Jesus,para que um dia os Anjos de Deus,nos recolham ao Reino junto de DEUS Misericordioso.
ResponderExcluir"O nosso juiz deve ser nossa consciência"
ResponderExcluirSera que estamos sendo evangelizadores como espera jesus da gente?
Inicialmente ele chamou muitos pescadores mas hoje penso que Jesus espera que sejamos agentes de transformação na vida de pessoas que perto da gente, ainda não acreditam em um Deus amoroso e misericordioso.
A pescaria é a única lembrança que nos mantém jovens
ResponderExcluirTemos que cuidar para que não seja jogado fora.
ResponderExcluirMeu irmão mais novo e eu, gostávamos muito de pescar por lagos e córregos, na infância. Depois de adolescentes, não tínhamos mais tempo. Jogar bola, namorar e outros afazeres, não dava mais pra pescar. Hoje levo a família de vez em quando pra pescar. Só a Luciana que gosta, fica horas lá. Faz muito bem pra ela , desestressa, Ela é perseverante e nós impacientes.
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